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Mostrando postagens de maio, 2010
As vivências no arrabalde Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Partes significativas da existência ocorrem por elementos laterais, percorrem vários itens periféricos, são tangenciais aos aspectos decisivos. Assim, estabelecem seus caracteres nas imediações das ações centrais. Muitas vezes isso ocorre quando o caminho para ser economista acaba em técnico em contabilidade, o desejo de morar nas enseadas da praia avança até um condomínio próximo ao mar, o trabalho para ser médico termina na enfermagem. Ocorre que aos poucos tais fatores laterais podem assumir as funções e a pertinência do que se constitui o cerne da vivência, invertendo os vetores. É assim, por exemplo, que ao se casar com a amiga da mulher que Antonio amava ele encontrou “a mulher maravilhosa” de sua vida. De diversas maneiras, vivências que acontecem nos arrabaldes são decisivas pelo que se tornam depois, mas também p
Notas iniciais sobre as categorias e a terapêutica filosófica Prof. MS. Rodrigo Rodrigues Alvim da Silva Especialista em Filosofia Clínica Coordenador da Filosofia na Católica em Juiz de Fora/JF "Os estudos foram a minha salvação; devo agradecer à filosofia se consegui me levantar da cama, se me curei: a ela devo a vida, mesmo que esta seja a menor dívida que tenho com ela". Sêneca 01. A fim de superar todas as pré-condições que incidiram-no em tantos enganos, René Descartes adotou a dúvida hiperbólica como atitude básica do filósofo. Mais do que isto, converteu-a, paradoxalmente, em pré-condição para a sua própria superação, ou melhor, em pré-condição para a certeza, para a construção da ciência calcada na evidência, por ele mesmo traduzida no preceito de “evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção” (destaques nossos). Noutros termos, Descartes adotou o preceito de nada incluir em seus juízos que não se apresentasse tão clara e distintament
Uma realidade inusitada Ana Cristina da Conceição Filósofa Clínica Porto Alegre/RS "Toda forma de espírito verdadeiramente original cria a forma lingüística que lhe é apropriada". Ernest Cassirer O fenômeno ao despontar diante de nós, pode provocar uma sensação de desconforto e pré-juízos, nesses casos, o incômodo fica completo. Diante dele não sabemos como proceder. Desconhecemos sua linguagem e limites. A sensação de impotência toma conta e o medo, às vezes, fala mais alto. Podemos desistir e deixar de lado a possibilidade de experimentar coisas novas. Por outro lado, ao ultrapassar o primeiro impacto, a vida pode proporcionar experiências cheias de originalidade. Eu, por exemplo, cresci ouvindo muitas coisas sobre hospitais psiquiátricos: “lugar onde os loucos estão internados, pois são pessoas perigosas e não devem conviver em sociedade, desatinados e gritam o tempo todo, também não conseguem se comunicar. Sua fala é incompreensível e sem nexo. Se irritad
Simbologia e intuição no processo terapêutico Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Sem marcar hora uma brisa leve me tocou a alma. Movimento intenso, beleza, luz durável de um instante, pérolas de imagens, delírios sutis, algo potente. Era a intuição novamente me sacudindo pelos ombros. (Idalina Krause) Nas práticas de consultório tem me chamado a atenção o aparecimento de certos sinais simbólicos, conjunções de imagens, que podem se dar tanto em sonhos dos partilhantes como em suas vivências cotidianas. Esses acontecimentos são fenômenos que saltam, têm vida e grande significação, são muito importantes quando analisados dentro das circunstâncias de cada caso e com profundidade. Quando falo em intuição, ela está relacionada à visão de Spinoza e Bergson. Segundo
Universos paralelos Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Relato pela ida à Casa de Saúde Esperança, Juiz de Fora/MG. Uma prévia preparação talvez fosse aconselhável.... mas não houve nenhuma. Na verdade, tentei não pensar muito a respeito enquanto a paisagem se transformava a minha volta. Apenas a sensação indefinida confirmava que estava a caminho de um momento tantas vezes insinuado. Não sei se por conta do torpor ainda presente no coração em função de tantos acontecimentos nos últimos tempos, a mente e até o coração se recusava a qualquer tipo de empolgação. Foi uma alegria a viagem e o próprio encontro na rodoviária, a curiosidade pelos contornos de uma cidade há tanto tempo somente na lembrança e um inesperado almoço compartilhado. Mas ainda sentia meu ser um tanto ausente. A expectativa foi aumentando na medida em
Tempo Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Um pouco antes seria dia, um pouco depois seria ao entardecer, e se escolhesse o momento não seria a hora. Então pensou em deixar para depois, mas percebeu que isso acabaria sendo nunca. Achou que poderia talvez ser imediatamente. E o que era imediatamente? Porque agora não podia ser e imediatamente não é quase agora? Assim, Pedro se perguntou se algo poderia ser de tal forma que não coubesse em tempo algum. Existiria algo que somente pudesse se pronunciar e ser se não fosse colocado em qualquer parte do tempo? Tipo essas coisas que falam como a eternidade, o infinito, a dízima periódica; parecem coisas que passam pelo tempo, mas que não estão nele. Pedro vivia um dilema. Achava que suas questões não podiam ser colocadas na ordem usual do tempo, não tinham como ser definidas a partir de ontem, hoje, amanhã, pois isso modi
No intervalo lucidez louca Rosangela Rossi Juiz de Fora/MG Não sou Clarice mas sinto desejo de expressar o que corre em minha alma sem virgulas e pontos finais num pensar que vai acontecendo sem censura na loucura de ser quem sou no perder e me achar no meio destas escutas do meu ser terapeuta mulher amante amiga mãe múltiplas de mim que dissolvem e se unem no tagarelar e silenciar sorrir chorar deixando sair dioniso com suas bacantes homenageando afrodite nos pés de mercúrio em direção a jupiter me embriagando de palavras em poesia me encantando com o tudo e o nada sentindo o caos no cosmos infinito fazendo intervalos no respirar não precisando seguir normas nem ser perfeita comer pipoca sem culpa de ser feliz barulho de ambulância lá fora na espera de meu pai que parte e ainda dorme em paz sabendo nada do depois mais fiando que existe algo indefinido na certe
Ernest Cassirer e a Filosofia Clínica Prof. Dr. Peter Büttner Universidade Federal do Mato Grosso Associação de Filosofia Clínica do Mato Grosso Cuiabá/MT ERNEST CASSIRER E A FILOSOFIA CLÍNICA 1- Quem é Ernest Cassirer? 2- Algumas características da Filosofia de Cassirer 3- Afinidades da Obra de Cassirer com a Filosofia Clínica 1- QUEM É ERNEST CASSIRER ? É muito estranho o fato que a Filosofia de Ernest Cassirer é tão pouco conhecida e estudada no Brasil. Talvez seja justamente sua excelência, sua qualidade inerente e sua exclusividade que a condenam à relativa ineficácia e ao desconhecimento. Esta exclusividade consiste na abertura de Cassirer para as mais diversas evoluções do pensamento do passado e d
PRODUÇÃO INDEPENDENTE Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Quando pensei que nada mais me surpreenderia, minha teoria desabou. Uma amiga muito querida me convidou para um jantar a dois. Conversa tranquila, leve, descontraída. Depois da sobremesa, enquanto saboreávamos um delicioso café, veio a surpresa: ela queria fazer uma “produção independente” e eu tinha sido escolhido para realizar a tarefa e ser seu parceiro. Confesso que nunca, nem em minhas fantasias mais secretas, imaginei ser protagonista deste tipo de projeto, por outro lado, confesso também que fiquei bastante envaidecido com a proposta. Este tipo de decisão não é fácil. Fiquei paralisado emocionalmente. Não consegui falar, perguntar, raciocinar. Pedi alguns dias par
Falta-nos tempo Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Quantas coisas passam despercebidas em nossas vidas. Mal olhamos o que nos chega. Passamos os olhos apressados. As superficialidades chamam mais atenção. Estar por inteiro em cada instante e detalhe deixou de ser prioridade. Faltam-nos tempos para os amigos, no conversar leve sem competição. Não temos mais tempo para um simples telefonema para dizer os quanto os admiramos e saudades sentimos. Fica um vazio na alma e deixamos de lado os afetos gostosos. Cartas não mais escrevemos. Correspondências de profundos temas ficaram de lado no corre, corre da vida. O diálogo franco e sincero na busca da verdade passou a ser bobagem de intelectuais. Agradecimentos nem mais se escuta. Imagino Diógenes, lá na Grécia antiga, com sua lamparina acessa durante o dia, dizendo: “Procuro o homem”. Isto significava: procuro o homem que vive segu
Coisas continuadas Prof. Dr. Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Da estrada Ela dizia que era importante você ter bons amigos e compreendia quando em um sábado à tarde você jogava futebol suíço na quadra de grama. Ela sabia que você só tinha Santo no sobrenome, herdado de sua avó, e que um passado bravo de mulherio e bebidas destiladas acompanhava a cicatriz em seu queixo. Ela tinha isso em certo deleite. Assim como quando você viajou por dois meses pelos escarpados chãos das encostas das serras; o celular recebia mensagens de incentivos e coisas de Power Point. E ela gostava daquele primo que somente você gostava, um sujeito de difícil trato. E você acreditou que seria para sempre, que ela adoraria viver naquele pequeno apartamento de fundo, sem sol, com você. A imagem que lhe vinha era daquela mulher linda, vestindo a su
A utilização de uma consciência para a alteridade em Filosofia Clínica Marcelo Osório Costa Filósofo Clínico Belo Horizonte/MG Para que algo se torne compreensível é necessário que se vá ao mundo existencial do outro, seja este quem for. Antes de iniciar como se utiliza a consciência para a alteridade, serão apresentados alguns pontos a serem observados e considerados para que o filósofo clínico possa fazer uma correta análise literal dos dados relatados pela pessoa. Diante da história de vida do partilhante, cabe ao terapeuta despir-se de algumas idéias arbitrárias. É se proteger das revoltas do mar, quando há possibilidade do navio estar à deriva do mar e do vento, sem direção alguma. O terapeuta também deve compreender que existem alguns pensamentos que revelam hábitos que podem ser imperceptíve
A MENTIRA MAIS CRUEL Ildo Meyer Médico Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Já imaginaram como seriam as relações se os pensamentos fossem abertos e pudessem ser lidos pelos outros? Provavelmente a convivência se tornaria impraticável. Atração, desejo, amor, fantasia ou suas ausências seriam captadas por telepatia instantaneamente. Raiva, desprezo, falta de admiração e ímpetos de terminar um relacionamento não teriam a possibilidade de dissimulação. Quem sabe assim teríamos um mundo mais honesto, mas estamos preparados para isto? A resposta é um categórico NÃO. Desde que o homem começou a falar, inventou a mentira romântica. Aquela que é dita dentro de um relacionamento amoroso para agradar ou não magoar o outro. Funciona como uma forma de ilusão, ajudando a formar casais, construir famíli
No altar do Amor Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Todos nós ajoelhamos, mais cedo ou mais tarde, neste altar que habita nossa alma. Pedimos e agradecemos o amor. Rogamos pelo amar, afinal somos humanos cheios de graça. Neste altar estão todos os amigos, amantes, filhos e pais, irmãos e netos. Deus em forma de todos os sentimentos. Ajoelhamos humildemente. Rendemos infinitamente ao amor que é nossa natureza divina. Conscientes não mais sentimos carentes, posto que somos feitos desse puro elemento sutil. Sabedores, que doadores, vamos todos plantando afetos pelos ventos, cheios de anjos em festa. Os sinos tocam e abrem as janelas. O sol e as estrelas entram no corpo e na alma. O mundo vibra, a cada gesto de ternura, gestando novos amores. Neste altar as bênçãos da vida preenchem os corações amantes. Rendemo-nos ao TAODEUSUNIVERSOINFINITO E nossa alma, em com
Filosofia Clínica em Petrópolis Estão abertas as inscrições para a nova turma da pós-graduação em Petrópolis/RJ. Até o terceiro módulo de estudos ainda é possível o ingresso de novos alunos, dependendo das vagas e entrevista com o coordenador do curso. A próxima aula acontece dia 23/05 (domingo) no CEAC - Centro de Estudos sobre o atual e o cotidiano, rua Visconde de Uruguai, n. 53 - Bairro Valparaíso em Petrópolis/RJ. Informações e inscrições: 024.9200-5155 - 021.9254-8070 - heliostrassburger@gmail.com.
Filosofia Clínica em Juiz de Fora Estão abertas as inscrições para a nova turma da pós-graduação em Filosofia Clínica em Juiz de Fora/MG. As aulas acontecem na Casa de Cultura Murilo Mendes da UFJF, av. Rio Branco, n. 3372 (em frente a Santa Casa). O próximo módulo de estudos será no dia 22/05 (sábado). Até o terceiro encontro, existindo vagas e de acordo com a entrevista inicial com a coordenação, é possível o ingresso de novos alunos. Informações e inscrições: heliostrassburger@gmail.com.
Verdade e Verdades na Filosofia Clínica Rosemary Pedrosa Filósofa Clínica Fortaleza/CE A idéia de desenvolver este tema surgiu da lembrança do meu primeiro encontro com a Filosofia Clínica em aula inaugural, em Janeiro de l998,quando o filósofo clínico Packter distinguindo-a das outras terapias, frisou muito bem esta característica a respeito do que era verdade em Filosofia Clínica. Até então o meu convívio era com uma verdade, universal, absoluta, inabalável, uma verdade que todos alcançariam, desde que fosse em busca dela, e esta era a minha busca incansável na filosofia, uma verdade tão exata, tão precisa e universal quanto os números, justificando a vida, a existência do homem. A minha trajetória seguia o caminho dos filósofos, buscar a verdade, para m
Por que a Filosofia Clínica é Filosofia? Raquel Camargo Filósofa Clínica São Paulo - SP A primeira grande justificativa que poderíamos dar à Filosofia Clínica para ser chamada de Filosofia reside no fato de que todo o trabalho que ela realiza é fundamentado no denso conhecimento produzido em mais de 2500 anos de história da Filosofia: são teorias, conceitos, sistemas filosóficos etc., que, com devidas adaptações, servem-lhe de base e sustentação, desde sua metodologia geral até os procedimentos clínicos mais específicos. Entretanto, não é este o aspecto fundamental que, a meu ver, legitima que a Filosofia Clínica traga, em seu nome, o termo Filosofia. O que faz da Filosofia Clínica Filosofia são, propriamente, as significações

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