Pular para o conteúdo principal
AGNA, PROSTITUTA DIALÉTICA

Gustavo Bertoche
Filósofo Clínico
Rio de Janeiro/RJ


Agna é como qualquer prostituta, mas não é - pois Agna é só em mim, mesmo quando é nos outros. Agna tem por mim paixão. A prostituição de Agna não sou eu que pago, mas tu.

Então, só me resta cantar o amor que sinto por Agna e pelas nádegas brancas alvas, castas, puras, pias, santas, impolutas e inatingíveis de minha paixão. E pelos seios, e pelo dorso dela, que é macio e rosado, e pelas suas mãos, que só alcançam o que é segredo. Suas orelhas só ouvem o que é segredo. Sua boca só grita segredos. Mas o que mais gosto é quando Agna cospe em minha boca, e fala dentro de minha boca obscenidades. Grita na minha garganta, até meus pulmões ficarem surdos.

Cheia de sangue, assim Agna é; e plena de licores, macios e amargos. Seus humores são, no entanto, quase transparentes - quiçá transparentes mesmo - e, sublime, mastiga-me como se mastigasse uma ostra. Mas sou eu que saboreio sua essência - você não. Eu saboreio Agna porque somos iguais: sua essência é minha essência.

Mata-me, vagabunda de mim! Deixa eu te matar! Agna gosta de sua natureza dialética, mas eu detesto. Só gosto quando Agna me oferece sensualidades e erotismos. Aí, eu me transformo nela e passo a aceitá-la alegremente, como se fosse uma ninfa.

Afinal, Agna é musa. Musas não mentem nunca; mentem sempre.

Comentários

Visitas