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Gardel

J G Moreira
São Paulo/SP


Comprei Gardel,
do pescoço verd'amarelo,
com alguns milhares de cruzeiros.

Gardel era meu.
Verd'amarelo na gaiola,
Gardel cantava em vão.

A garganta de Gardel
era só trinado e solidão.
A minha, rouca,
a do carcereiro torturado.

Gardel no ônibus,
na caixa de sapatos.
Princípios e razão.

Gardel no mato,
Debaixo do meu braço,
meus cuidados de pai e mãe.

Abri a caixa
abri os braços
gardel trinou, hesitou

levantou vôo
ruflou suas asas de anjo
verde e amarelo

sobre as árvores verdes,
Gardel livre.

Quem voava era eu.

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