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O que vem a ser Filosofia Clínica?

Sônia Prazeres
Filósofa Clínica
São Paulo/SP


Gerando polêmica no meio acadêmico ou entre as psicoterapias ela surge como uma alternativa imbuída de respeito ao ser humano em seus questionamentos e necessidades.

As questões existências que a vida moderna oferece, surgem avolumadas a cada dia e nem sempre podemos contar com um amigo que nos ouça. As pessoas estão envolvidas em problemas tantos que ao ouvir já se lhes apresenta a necessidade de também serem ouvidas e assim, a cada dia aumenta a importância de partilharmos nossas questões com quem nos possa ajudar a caminhar.

Envolvidos em nossas dificuldades, encontramos sempre uma sociedade disposta a muito julgar e condenar atitudes em nós e no outro, antes mesmo de saber dos nossos sofrimentos e necessidades.
Criada por Lúcio Packter, um filósofo gaúcho em 1997, que incomodado com as questões que tocam o ser humano, tratou de exercer um árduo trabalho nessa direção: ajuda ao outro. Packter se inspirou na filosofia prática para então, conceber um instrumental adequado à realidade brasileira.

Não se trata de um aconselhamento, mas da utilização de estudos da filosofia acadêmica para contribuir nas questões existenciais, com vistas a ajudar o partilhante (como é chamado quem procura este trabalho) a encontrar suas soluções.

Sua diferença e sua proposta tão interessante estão no fato de não trabalhar com tipologias, teorias prévias ou conceitos de normalidade, conceito esse que muito se relaciona com a época e o lugar onde vive uma pessoa. A Filosofia Clínica chega propondo um retorno a proposta da filosofia como em sua origem.

É um retorno à função de pensar a vida e o outro; de conhecer conhecendo-se. Sua divisa é “ajuda ao outro” e o instrumental organizado para esse propósito, deu ao filósofo clínico condições de ajudar sem interferir na liberdade desse ser que, como cada humano, é diferente. Deu condições ao terapeuta de caminhar ao lado oferecendo uma abertura que permita a quem o procura, vislumbrar seus próprios caminhos por conhecer melhor a si mesmo e em consequência, entender melhor o seu entorno.

As ações do partilhante nunca serão direcionadas e não é permitido ao terapeuta criar uma relação de dependência que venha a gerar nele uma necessidade de ajuda para toda a vida. O intuito é dar a perceber ao partilhante a possibilidade de autonomia perante as questões existenciais que lhe possam surgir.

Importante dizer que nesse tipo de terapia ninguém vai ficar discutindo textos filosóficos (exceto se houver interesse do partilhante). Esses textos servem de base ao trabalho do terapeuta, mas o assunto girará em torno das questões trazidas e dentro da linguagem e compreensão de cada um.

A Filosofia Clínica respeita ao outro e ao seu universo e procura ajudar o ser humano diante de suas necessidades e dentro de suas possibilidades.

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