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Mostrando postagens de janeiro, 2011
O mundo dos outros Hélio Strassburger Filósofo Clínico É comum não se dar conta dalgum refúgio amistoso, um lugar agradável para se viver. Em muitos casos só bem depois de ter partido é que se consegue algum vislumbre sobre a arqueologia dos escombros. O esboço sobre as recorrências do acaso tenta perseguir aquilo que ficou pelo caminho. Até parece querer traduzir rascunhos sobre as recordações da noite. A aventura criativa da página vazia aponta buscas pelo inusitado aprendiz. A lógica das vontades interditadas não reconhece a luz do dia como única verdade. Os devaneios e as paixões, no entanto, não querem subverter o conforto da vida como ela é. Propõe deixar tudo como está e ser contraponto aos discursos apreciáveis. O ir e vir por essas poéticas do silêncio revela um andarilho dos contornos. Quase indizível a se oferecer num rumo indefinido. Interação com fenômenos nem sempre traduzíveis pela palavra conhecida. Nesse contato sutil da idéia com a realidade
Fragmentos filosóficos delirantes XVII* "Os dispositivos de produção de subjetividade podem existir em escala de megalópoles assim como em escala dos jogos de linguagem de um indivíduo. Para apreender os recursos íntimos dessa produção - essas rupturas de sentido autofundadoras de existência -, a poesia, atualmente, talvez tenha mais a nos ensinar do que as ciências econômicas, as ciências humanas e a psicanálise reunidas!" "(...) cabe-nos redescobrir uma forma de ser do ser, antes, depois, aqui e em toda parte, sem ser entretanto idêntico a si mesmo; um ser processual, polifônico, singularizável, de texturas infinitamente complexificáveis, ao sabor das velocidades infinitas que animam suas composições virtuais." "Uma pessoa que, há semanas, me repetia sempre as mesmas coisas, executa algo na cena da análise que transforma todas as suas coordenadas, suas referências, e engendra novas linhas de possível." "A existência de estases caósmicas não
Fragmentos filosóficos delirantes XVI* "Ora, a sabedoria outra coisa não é que essa simplicidade de viver. Se é preciso filosofar, é para redescobrir essa simplicidade." "Não há pergunta, e é por isso que a resposta é sim: é o próprio mundo. Os mistérios estão em nós, em nós os problemas e as perguntas. O mundo é simples porque é a única resposta às perguntas que ele não se faz: simples como a rosa ou o silêncio." "A palavra só me interessa quando é o contrário de uma proteção: um risco, uma abertura, uma confissão, uma confidência. Gosto de que falem como quem se despe, não para se mostrar, como crêem os exibicionistas, mas para parar de se esconder." "A vida verdadeira é quase sempre uma ressurreição." "Mais solidão também é mais liberdade, possibilidades, imprevisto. Numa grande cidade, ninguém conhece você, e isso diz a verdade da sociedade e do mundo: a indiferença, a justaposição dos egoísmos, o acaso dos encontros, o milagre
Convite especial: Amanhã tem Mônica Aiub em Juiz de Fora! Convidamos os colegas, alunos e demais interessados no tema Filosofia Clínica, a prestigiar o lançamento de sua última obra e as conversações sobre Filosofia Clínica e Filosofia da Mente. O evento acontece das 9hs-12hs e das 14hs-17hs na Livraria Paulus, Av. Rio Branco, 2590 - Centro de Juiz de Fora/MG. Fone: 032.3215-2160. Um abraço fraterno, Coordenação
Ao sabor das marés Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Minha intenção é dizer, que não tive a intenção. Com que facilidade se rasgam os bons dias! Tua estratégia de uma pseudosignificação equivocada te condena. Tuas palavras frias vem de tua alma decrepta. Um dia por mais que tudo se esconda o mar traz a superficie os cadáveres podres, malcheiro em praias paradisíacas. Urubus fazem ronda e limpeza, tudo volta a brilhar ao sol na intenção de vida nova. Com o tempo ao sabor das marés, aprendemos a distinguir boas ondas que batem em nossa enseada.
Dédalo Beto Colombo Filósofo Clínico Criciúma/SC Talvez você nunca ouviu falar nada ou quase nada sobre Dédalo. E se eu colocasse o nome do artigo de Ícaro, tenho a impressão que mais pessoas conheceriam o assunto. Ícaro é o filho de Dédalo, um artesão famoso, patrono dos técnicos na Grécia Antiga. Dédalo colocou em seu filho Ícaro asas feitas de cera de abelhas e penas de gaivotas para que ele e seu filho pudessem fugir da Ilha de Creta e escapar do labirinto onde estava o Minotauro, aquele metade homem metade touro, e que se alimentava de carne de jovens atenienses. Dédalo foi o inventor das asas que os libertaram da ilha prisão e ao colocar as asas em seu filho Ícaro alertou, ou melhor, aconselhou “filho, voe moderadamente. Não voe alto se não o sol derreterá a cera e você cairá. Não voe muito baixo se não as ondas do mar o apanharão ou então a umidade pesará suas penas e você não chegará ao destino”. Dédalo voou moderadamente e chegou ao destino, mas viu seu filho Ícar
Agendamentos Olympia Filósofa Clínica São João del Rei/MG Montanha de Minas Mata virgem Casarão no pé da montanha Paredes branco gasto Janelas azul tempo Portas de madeira com borrões Muro de pedras e plantas Portões de ferro preto À esquerda Senzala Cacos de paredes Telhado demolido Degraus de pedra Colunas de madeira Argolas de ferro Lugar de nego fujão
Eternidade ou infinito? Sandra Veroneze Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Vira e mexe a humanidade se ocupa de algum modismo. Uma das ondas da hora é a gestão do tempo. Nos últimos anos, distribuir adequadamente as atividades durante o dia constitui uma espécie de diferencial competitivo no trabalho e na vida. É de bom tom que o sujeito tenha tempo para o trabalho, para a família, para os amigos, para o cachorro, para a prática de algum exercício físico, para o cinema, etc, etc, etc... Existem até consultorias especializadas em ensinar como organizar melhor o tempo. As dicas são diversas. Algumas inclusive bastante óbvias, como prever imprevistos (ótimo isso) e deixar “janelas” de horário entre um compromisso e outro. Outras são mais exóticas, como realizar reuniões de pé, de forma que o cansaço físico faça o cérebro tomar decisões mais aceleradamente. Tempo é dinheiro, não é mesmo? Por mais competentes e criativos que os ‘consultores do tempo’ sejam, a ditadura do relógio
Apontamentos sobre a ótica das lacunas* “(...) o que se encontra lá onde ninguém o tinha ainda encontrado (...).” Jacques Derrida Uma incerta busca para oferecer depoimentos sobre os incríveis momentos na década de 90 me fez acreditar na possibilidade de divulgar, tal qual se apresentavam, os desdobramentos das primeiras sessões. Hoje vejo os eventos de consultório como instantes únicos, irrepetíveis e nem sempre possível de compartilhar. Naqueles dias pensava em ter um registro das primeiras repercussões: críticas e ressentimentos, inseguranças e temores, esperanças e sonhos. Agora consigo ver melhor as desavenças iniciais como aliadas na legitimação do novo paradigma. Longe de desmerecer o método da filosofia clínica fortaleceram a idéia de paradoxo com aquilo que se buscava superar. A conversação com amigos e colegas ia mostrando a melhor resposta para o infortúnio das verdades satisfeitas: trabalho, trabalho, trabalho. Não tínhamos tempo para o famigerado debate acadêmic
Fragmentos filosóficos delirantes XV* "O indizível gera uma poesia que ameaça continuamente ultrapassar os limites do dizível." "Eu queria derrubar a fronteira entre a minha vida e literatura o máximo possível." "O equilíbrio na corda bamba não pode ser realmente ensinado: é algo que se aprende sozinho." "Como tal, Artaud é uma espécie de poeta das origens, cuja obra descreve os processos de pensamento e sentimento antes do advento da linguagem, antes da possibilidade da fala." "Trata-se de um artista que pinta da mesma forma que respira. Ele jamais se limitou a criar objetos bonitos, mas procurou, no ato de pintar, tornar a vida possível para si. Por isso, sempre evitou soluções fáceis e, cada vez que descobriu que sua obra se tornava automática, interrompeu completamente o trabalho."** "(...) a perpétua novidade de sua obra deriva do fato de que pintar não é algo que ele pratique e depois separe de si, mas uma luta ne
Fragmentos filosóficos delirantes XIV* "No jardim das Tulherias, esta manhã, o sol adormeceu sucessivamente sobre todos os degraus de pedra, como um adolescente loiro a quem a passagem de uma sombra interrompe imediatamente o sono ligeiro." "O sol, como um poeta inspirado e fecundo que não desdenha disseminar a beleza nos lugares mais humildes e que até então não pareciam dever fazer parte dos domínios da arte, ainda aquecia a benfazeja energia do esterco, do pátio pavimentado de modo desigual (...)." "A ambição embriaga mais do que a glória; o desejo floresce, a possessão fenece todas as coisas; é melhor sonhar com sua vida do que vivê-la, ainda que vivê-la seja ainda sonhar com ela (...)." "Os poetas que criaram as amantes imortais não conheceram mais do que medíocres empregadas de albergues, ao passo que os voluptuosos mais invejados não sabem de modo algum conceber a vida que levam ou, melhor ainda, que os leva." "A vida é como
À Deriva* "Neste tormento inútil, neste empenho De tornar em silêncio o que em mim canta, Sobem-me roucos brados à garganta Num clamor de loucura que contenho." Florbela Espanca Pensamentos agitados. Nada pára. Tudo é revolto e fora do lugar. Turbulência interna a refletir ansiedades corriqueiras. Os fantasmas interiores invadem o pensamento sem qualquer aviso prévio. Fazem do intelecto um verdadeiro campo de batalha. Sua munição costuma ser uma adição dos inconvenientes passados, recolhidos num sobrevôo sobre a historicidade da pessoa envolvida. Sensação de eternidade vivida em alguns instantes. Queda livre no abismo das idéias complexas. Nessa lacuna, completa solidão. Os devaneios transitam entre o céu e o inferno numa demonstração de força e fraqueza. Pode-se perceber alguns ruídos desse vendaval. Mãos agitadas, respiração ofegante sinalizando o cansaço de um corpo a lutar. O espaço vai ficando pequeno para a expressividade aprisionada. Nesses instantes
O que os outros fazem com nossa saúde Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS A política de saúde pública brasileira ainda não completou cem anos. Antes dos anos 30 quem prestava assistência aos pobres e indigentes eram instituições de caridade e filantrópicas, as famosas “Santa Casas”, ficando sob responsabilidade governamental as eventuais campanhas sanitárias e os asilos para doentes mentais, tuberculosos e leprosos. A partir de 1930 foi implantada a Previdência Social através de seis institutos que ficaram responsáveis pela assistência médica, aposentadoria e pensões para a maioria das categorias de trabalhadores públicos e privados, bem como para seus familiares. Mais tarde, em 1966, foram unificados sob o nome de Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, trocando o nome para Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS em 1990. Durante as primeiras décadas, o sistema público de saúde funcionou razoavelmente bem, porém a partir dos anos 60 não c
Coragem e ação Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Experienciar. Viver cada minuto como se fosse o único. Abrir- se para o vir-a-ser. Enfrentamento diante os múltiplos desafios. Tentar. Permitir-se perder. Aprender. Romper obstáculos. Tremer. Gozar. Ser. ... E o medo? O que fazer com ele. Observar. Enfrentar. Desafiar. Mergulhar fundo nele. Quer coragem maior? O medo está ai. Ou ele lhe engole ou você o devora. Escolha. Ser herói ou perdedor. Ação gera transformação. Deixe o coração bater. Use a adrenalina. Viva. Afinal, cada dia é um milagre.
Estradas de Minas. Olympia São João del Rei/MG Estrada de terra Caminhos estreitos Motoristas ao se avistarem Diminuem a marcha Os carros ficam paralelos Bom dia!
Quem precisa de terapia? Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Exames, como o da Escola Paulista de Medicina, que procuram evidenciar o tipo de patologia mental que acomete o indivíduo, ou quem o avalia, mostram muito a ideologia que tantas vezes - de outra maneira - não se constata. O que faz alguém precisar de terapia? (Pergunta capciosa que traz em si mesma uma petição de princípio). Por exemplo: sentir inveja de um conhecido só porque ele tem algo que você gostaria de possuir para, ao ter, confessar que não era nada daquilo, é um indício? Ou pensar que se é menos do que os outros, mesmo tendo a convicção de que no fundo se é mais, por qualquer motivo, como saber empilhar o lixo divinamente? Claro que, se houver exagero, como querer fotografar o lixo ou querer guardá-lo em local seguro, isso atrairá a desconfiança de algum terapeuta, o que já acarreta risco de patologia iminente. Contar mentiras e ficar deprimido quando elas são deturpadas é provavelmente patológ
Fragmentos filosóficos delirantes XIII* "A loucura é a revolução permanente na vida de uma pessoa." "Razão e desrazão são ambas maneiras de conhecer. A loucura é uma maneira de conhecer, outro modo de exploração empírica dos mundos tanto 'interior' como 'exterior'. A razão para a exclusão e invalidação da loucura não é puramente médica, nem estritamente social. É, como tentarei demonstrar, política." "Para tratar a loucura não há outra arma senão a da nossa própria loucura. As qualificações profissionais fazem das suas próprias pretensões um absurdo imediato." "O futuro da loucura é o seu fim, a sua transformação numa criatividade universal que é o lugar perdido donde veio em primeiro lugar." "Não psiquiatria significa que o comportamento profundamente perturbador, incompreensível e 'louco' deve ser contido, incorporado na sociedade global e nela disseminado como uma fonte subversiva de criatividade, esponta
Fragmentos filosóficos delirantes XII* "A primeira verdade é que o mundo é como parece, e entretanto não é. Não é tão sólido e real como nossa percepção foi levada a crer, mas também não é uma miragem. O mundo é uma ilusão, como tem sido dito; ele é real por um lado, e irreal por outro. Preste muita atenção nisso, pois isso deve ser compreendido, e não simplesmente aceito. Nós percebemos. Isto é um fato concreto. Mas o que percebemos não é um fato concreto, porque aprendemos o que perceber." "É um dever do nagual procurar sempre maneiras melhores de explicar. O tempo muda todas as coisas, e cada novo nagual deve incorporar novas palavras, novas idéias, para descrever sua visão." "O que acontece às pessoas cujo ponto de aglutinação perde a rigidez ? - Se não são guerreiros, pensam que estão perdendo a razão - disse ele sorrindo. - Exatamente como você pensou que estava ficando louco em certa ocasião. Quando são guerreiros, sabem que ficarão loucos, mas es
Quantos anos você tem? Beto Colombo Filósofo Clínico Criciúma/SC Então eu pergunto. Quantos anos você tem? E a resposta provavelmente será calculada baseada na data de nascimento. Eu nasci em 63, logo tenho 47 anos. E racionalmente quantos anos você tem? Não podemos nos enganar e achar que nossa idade depende só do dinamismo físico, ignorar nosso intelecto. Algumas pessoas quando tem razão atropelam as outras, passam em cima, estraçalham emocionalmente o outro. Já vi muitos motoristas bater de frente por estar na preferencial. E emocionalmente quantos anos você tem? Conheço o filho de um grande amigo que tem idade cronológica de 23 anos que é seu grande conselheiro nas suas relações amorosas. E se eu perguntar ainda sobre a idade de seus pré-juízos, ou seja, verdades de coisas que não vivemos ou não podemos provar, porém são nossas verdades. Qual idade você responderá? Ah! A avó de minha mãe já dizia “homem nenhum presta”, ou seja, no tópico pré-juízos essa pessoa já tem i
Queridos colegas, Convidamos para as atividades com a Filósofa Clínica Mônica Aiub: O evento acontece em Juiz de Fora/MG no dia 29 de janeiro de 2011 (sábado) com a seguinte programação: Manhã: 9h as 12h - Café Filosofico: "O que é Filosofia Clínica ?" Lançamento da obra: Como Ler a Filosofia Clínica - Prática da autonomia do pensamento. Tarde: 14h as 17h - Palestra: Filosofia da mente e psicoterapias. Investimento: R$ 25,00 (vinte e cinco reais) Local: Livraria Paulus. Av. Rio Branco, 2590 - centro - Juiz de Fora/MG. Fone: 032.3215-2160 Inscrições e informações: Carla: 032.3235-9794 Neysa: 32.3218-1826 ou neysa@powerline.com.br Contamos com a presença de todos e solicitamos aos interessados que a inscrição seja feita o mais rápido possível. Muito grato. Coordenação.
Visitas na madrugada Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Ó Valquíria serva de Odin! Suspeito que seja tua armadura reluzente que vejo cavalgando nas escuras madrugadas insones. O que desejas? Anunciar minha vitória ou chorar minha morte!
Queridos amigos, colegas, alunos e professores, Bem-vindos! Comunicamos que nas próximas quartas-feiras, dias 19 e 26 de janeiro de 2011, as 17 horas, a professora Mariza Niederauer estará a disposição dos interessados na nova turma de formação em Filosofia Clínica, no Instituto Packter. Nesta oportunidade será apresentada uma visão panorâmica da Filosofia Clínica, do curso e abrir-se-á um espaço para o esclarecimento de dúvidas. Informamos que o inicio desta turma acontecerá na primeira quarta-feira de março, dia 02, no horário das 15 às 18 horas. Confirmação de presença através do e-mail: marizaz@terra.com.br ou pelo cél:51.9686-6221 com a professora Mariza. Agradecemos e contamos com sua presença. Atenciosamente Aninha Assessoria do Instituto Packter
Uma análise do filme: "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" Carlos Edu Bernardes Filósofo Clínico Goiânia/GO Este filme é, a meu ver, o retrato do que deveria ser, na atualidade, o relacionamento de um homem e uma mulher, no eterno imbróglio de se darem bem. Acredito que a película veio para ajudar a desbancar Romeus e Julietas, Cinderelas, Love Histories e Gatas Borralheiras dos seus pedestais: perversidades impostas a várias gerações no autoritarismo de amores exigentes e inflexíveis, que, a guisa de ideais, arrebentaram incontáveis relacionamentos e impulsionaram a indústria dos antidepressivos, da literatura da tragédia amorosa humana e dos divãs encharcados de lágrimas – para não falar nos suicídios bem reais. Neste filme não temos panos-de-fundo políticos ou aristocráticos, como os Capulletos e Montechios sentados nos seus tronos de comando para a prevalência das suas vaidades. Nada de frases monolíticas, estúpidas mesmo, como “amar é jamais ter que p
Ciúme e liberdade Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Coração, algema, ciume, prisão liberdade Quem nunca sentiu aquele aperto no peito e medo de perder um afeto? Uns dizem que ciúme significa amar, gostar e cuidar. Será? Outros dizem que ciúme é doença, neurose e precisa ser tratado. O que penso eu? Nesses meus quase sessenta anos, trinta como psicoterapeuta e cada vez mais livres de definições e rótulos para o comportamento humano, vou tentar refletir sobre esta emoção muitas vezes avassaladora. Num mundo que convida cada vez mais a competição e a comparação, a insegurança pode operar trazendo angústia e medo da perda da atenção de quem se ama. Viver na expectativa, na ansiedade de controle e dominação faz com que o ciúme tome conta. Por que temos que possuir o outro como se fosse uma coisa, como se fosse objeto de nossos desejos? Se pararmos um pouco e pensarmos no prazer da liberdade, com certeza respeitaremos o outro que amamos e
NEM TUDO QUE SE ENXERGA É O QUE SE VÊ Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Muitas técnicas podem ser utilizadas para se tentar mexer com cabeça das pessoas. Psiquiatras, psicólogos, filósofos clínicos seguindo seus conhecimentos utilizam-nas com finalidades terapêuticas. Mas nem sempre a manipulação do pensamento é realizada com esta finalidade. Publicitários, por exemplo, lançam campanhas na mídia em que aparecem modelos belíssimas com carros de último tipo sempre cercadas de boas companhias e com aparência de extrema alegria e felicidade. Qual o objetivo final? Mostrar as características do automóvel? Provavelmente não. A idéia é alimentar a ansiedade do público a respeito de seus bens materiais insuficientes, sua aparência desgastada, seu desempenho sexual abaixo das expectativas, etc, porque um consumidor insatisfeito, teoricamente, é mais induzido a comprar. De maneira semelhante, a imprensa prende nossa atenção com histórias de crimes violentos, desas
Fragmentos filosóficos delirantes XI* "Ah! Toda a nossa vida anda a quimera/ Tecendo em frágeis dedos frágeis rendas.../ - Nunca se encontra Aquele que se espera!..." "E este amor que assim me vai fugindo/ é igual a outro amor que vai surgindo,/ Que há de partir também... nem eu sei quando..." "Amo as pedras, os astros e o luar/ Que beija as ervas do atalho escuro,/ Amo as águas de anil e o doce olhar/ Dos animais, divinamente puro" "A mocidade esplêndida, vibrante,/ Ardente, extraordinária, audaciosa,/ Que vê num cardo a folha duma rosa,/ Na gota de água o brilho dum diamante;" "Ama-me doida, estonteadoramente,/ Ó meu Amor! que o coração da gente/ É tão pequeno... e a vida, água a fugir..." "Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem/ Quem sou?! Um fogo-fátuo, uma miragem.../Sou um reflexo... um canto de paisagem/ Ou apenas cenário! Um vaivém..." "Minh'alma ardente é uma fogueira acessa,/ é um brasido enorme a crepi
Fragmentos filosóficos delirantes X* "Vem, pois, poeta amargo da descrença/ Meu Lara vagabundo/ E co'a taça na mão e o fel nos lábios/ Zombemos do mundo!" "Sonhou - Amou - Cantou: em loucos versos/ Evaporou a vida absorta em sonhos/ E debalde! ninguém chorou-lhe os prantos/ Que sobre as mortas ilusões já findas/ Pálido derramara." "Adeus!...é renunciar numa agonia/ A esperança que ainda nos palpita;/ Sentir que os olhos cegam-se, que esfria/ O coração na lágrima maldita!/ Que inteiriçam as mãos, e a alma aflita." "Em frente do meu leito, em negro quadro/ A minha amante dorme. É uma estampa/ De bela adormecida. A rósea face/ Parece em visos de um amor lascivo/ De fogos vagabundos acender-se..." "Se é verdade que os homens gozadores,/ Amigos de no vinho ter consolo,/ Foram com Satanás fazer colônia,/ Antes lá que no Céu sofrer os tolos!" "Amei! amei! no sonho, nas vigílias/ Esse nome gemi que eu adorava!/ Votei amor a
Espírito aprendiz* Na verdade, o inacabamento do Ser ou sua inconclusão é próprio Da experiência vital. Onde há Vida há inacabamento. Paulo Freire As palavras a seguir procuram traduzir as reflexões compartilhadas no ano de 2010 pelo grupo de estudos de filosofia clínica. Encontros semanais realizados no Instituto Packter em Porto Alegre/RS. As percepções consideradas pelos participantes seguem em direção a idéia de continuidade. A alma que almeja o saber busca constantemente descobrir e aperfeiçoar talentos. Diante de novos fenômenos há uma tendência natural de se remeter a conceitos já elaborados na tentativa de compreendê-los. No entanto o entendimento de um novo paradigma se faz pelo caminho dos estudos. A empolgação inicial desperta curiosidades levando a indagações críticas e reflexivas. O ambiente da sala de aula é um lugar estimulante. Professores e alunos compartilhando idéias, que variam desde curiosidades ingênuas a espantos mais elaborados. Valorizando a aut
O Maestro Resiliente Beto Colombo Filósofo Clínico Criciúma/SC Resiliência é a arte de transformar toda energia de um problema, toda energia de um fracasso e dar a volta por cima com uma solução criativa. A resiliência é a forma de como lidar com o fracasso e usar seus defeitos em benefício próprio, ou seja, usar um problema como trampolim para uma solução criativa. Segundo o Aurélio, resiliência é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando acessa a tensão causadora de tal deformação elástica. Dias desse assisti em nossa cidade Criciúma, um concerto com o pianista e maestro brasileiro João Carlos Martins e nesse dia 8 de dezembro ele esteve de volta. Com seu exemplo, resumo tudo o que quero dizer sobre resiliência. Vejam só. Em 1970 ele foi jogar futebol e bateu a mão direita numa pedra, passou por cirurgia e por não poder mais usar a mão, resolveu encerrar a carreira. Logo encontrou um novo modo de usar a mão direita e voltou a c
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Jus! Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Justiça, santa ou diabólica ronda vida... resistente, forte, ingênua, cruel. Efetiva sonhos lateja carnes, movimenta corpos. Carnavalesca existência... dilaceramento, cansaço e volúpia... espírito permeado... novos prazeres magnéticos.
Meu coração não quer viver batendo devagar Jussara Hadadd Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Meu coração não quer saber de viver batendo devagar. Meu corpo não quer viver em estado de letargia e não suporta o abandono e a secura dos dias que vão passando, áridos e sem vida na distância de um ser amado ou no mínimo compatível com a necessidade humana de compartilhar. O preço é alto, o tombo é maior ainda, mas eu arriscaria o meu sorriso eterno por gargalhadas descontroladas, por um estado de euforia, por saltos no meu peito e apertos no meu ventre que me fizessem sentir a vida em seu ápice e êxtase, em seus altos e baixos e em profundos apertos e largas expansões do meu plexo solar. Custaria talvez dias longos de tristeza, de saudade ou de profunda decepção, mas eu ultrapassaria estes dias com gotas de lembrança da loucura que me permiti em nome da mais alta emoção, em nome do meu direito de nutrir minha alma de um colorido fluorescente que só o amor dos loucos pode fazer aconte
Assim é para mim! Miguel Ângelo Caruso Filósofo Clínico Teresópolis – RJ Quando é lida essa afirmação, talvez a primeira ideia é de que o texto não deve ter crédito, pois não se valeu de nenhuma autoridade nem de nenhum peso argumentativo que buscasse a universalização do discurso. No entanto, essa é uma afirmação tão filosófica quanto qualquer outra. A diferença é que na literatura da Filosofia Clínica ela se torna mais explícita pela sua proposta. Os filósofos ao longo de toda história do pensamento refletiram a partir de sua história pessoal, seu contexto e suas influências. Todas as ideias apresentadas foram originadas de uma subjetividade. Sabiamente a filósofa Márcia Tiburi, em uma palestra no programa Sempre Um Papo, disse que não sabe se realmente entendeu os filósofos que leu. Não se trata de ironia socrática, mas da sinceridade filosófica. As obras filosóficas são compreendidas por quem as lê a partir de seu contexto atual. Nunca será possível saber se todas as
Fragmentos filosóficos delirantes IX* "Eu sou uma alma da 'belle époque', quando as mulheres tinham ataque. Tão bonito mulher ter ataque, desmaiar." "Eu freqüentava a escola pública e, sem nenhum exagero ou dado pitoresco, me apaixonava por todas as professoras." "Não existe mais a mulher séria. Nem tem sentido. Acho a mulher séria formidável, mas definir uma mulher como séria é até ofensa. Onde se encontra hoje uma mulher fiel ?" "Se alguém examinar bem o assoalho das minhas peças, vai encontrar todas as respostas, os meus vestígios, a minha visão do mundo, do ser humano, do pecado." "Acho que o amor não precisa ser realizado. Na nossa vida vale muito o apenas sonhado. O valor está no sonho. Eu diria que esse "apenas sonhado"é mais importante do que o realizado. O sonho não aceita nem respeita os limites. A única maneira de um sujeito ter o sentimento do universo é sonhando, se não só se vê a esquina." *Ne
Fragmentos filosóficos delirantes VIII* "Mesmo que não se compartilhem totalmente as afirmações de um sujeito delirante genial, não se pode colonizar o delírio, sobrepondo-lhe uma racionalidade estranha. É necessário deixá-lo falar o mais possível em sua própria língua." "No decorrer da existência, cada indivíduo experimenta, então, diferentes versões de si mesmo, que incluem trechos não traduzidos na linguagem das camadas seguintes." "O sujeito delirante é incoerente e absurdo somente em relação ao mundo compartilhado, porque é muito coerente e razoável na ótica do mundo 'substituto'." "(...) mais do que um defeito ou uma ausência, encontra-se no delírio uma plenitude excessiva, um transbordmaento. Erra-se ou, nesse caso, fica-se 'extravagante' (saindo-se da leira, do sulco), porque não foi devidamente reconhecida uma verdade que, à sua maneira, consegue afirmar-se." "O delírio é tão perturbador e temido precisamen

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