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Sob meu próprio sol

Luana Tavares
Filósofa Clínica
Niterói/RJ

Quanto tempo nos entretemos a procurar o sol?

Na verdade, o tempo não importa. Porque encontrar o próprio sol é para muitos uma meta, um fim a ser alcançado, ainda que não necessariamente saboreado. Continua valendo o prazer do percurso, mesmo que muitas vezes extenuante. Alguns ousam desistir, mas aí... haja coragem para fechar as cortinas. Outros apenas permitem uma fresta de luz penetrando, vislumbrando poeiras e aparições.

E o sol... o sol que nos ilumina o espírito é o mesmo sol que aquece nosso íntimo; o mesmo que incendeia o corpo e a alma em momentos fugazes e o mesmo que produz as sombras que nos escapam. Desejar o sol é uma potência que nos credita sentido, que nos redime da ilusão que ronda nosso cotidiano, que nos lembra da necessidade premente de respirar e de seguir adiante.

Há um lugar onde o sol acontece e na percepção do espaço, do lugar que nos pertence, intuímos o que dá sentido ao espetáculo que se anuncia, permitindo que os ventos continuem se deslocando, se desenhando e se transformando.... indefinidamente, incansavelmente, indelevelmente.

Perdas e dores contam, ressentimentos e saudades também... mas as tentativas constantes de reconstruir, de garimpar aberturas e fertilizar recomeços, se fortalecem sob o sol, seja ele reluzente ou impregnado de nuvens... afinal, é o sol de cada um.

Cada ponto de luz ou de escuridão resulta das curvas que brincam a revelar caminhos e partilhar desejos, que podem ou não se realizar.

E dos amores, perdidos e achados, deixemos aos mesmos ventos que os façam acontecer... pois, se não os procurarmos, eles se revelarão. E caso se findem ou não desabrochem, é porque não nos pertenciam... devem procurar seu destino e seu próprio sol.

E o sol permanece, como um farol, um desejo que talvez aconteça. Mas apenas talvez... pois tal como o girassol se inclina e se escancara ao céu, nossos sentidos também se abrem e descortinam anseios que prometem... mas nem sempre se cumprem.

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