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Futilidade e Preconceito

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

Patrícia Rossi
Advogada, Filósofa Clínica
Juiz de Fora - MG

Antes de começar essa reflexão, quero me ater a alguns conceitos. O primeiro deles é de futilidade, ser fútil, que segundo o dicionário, quer dizer: fú.til : adj (lat futile) 1 Leviano, frívolo. 2 Vão, inútil. 3 Que tem pouca ou nenhuma importância. Agora tenhamos o significado de individualidade: sf (individual+dade) 1 O que constitui o indivíduo. 2 Conjunto das qualidades que caracterizam um indivíduo. 3 Filos A parte imperecível e imortal do homem. Distingue-se da personalidade, que perece quando o homem abandona a existência física.

É a partir desses dois conceitos que quero refletir. O que realmente é ser fútil? Essa palavra tem sido usada tanto ultimamente, como forma de preconceito e crítica a diversas pessoas, poder diversos comportamentos que são ou deixam de ser o padrão que a sociedade, leia-se, a "elite que se acha intelectual" permite.

Mas o que realmente é ser fútil afinal de contas? Existe um padrão, ou uma regra de ouro que defina quais são as coisas "inúteis", "levianas", ou de "pouca importância"? Aí que entra a individualidade, ou a singularidade como diz os ensinamentos da Filosofia Clínica.

Porque o que é importante pra você tem que ser importante pra mim? O mundo é tão vasto e cheio de possibilidades infinitas, e cada um tem seus valores e suas escolhas. Delimitar o que deve ser importante pra mim, e que essa mesma coisa seja importante pra você não seria contrário a liberdade, conceito tão comentado não só pela nossa Constituição mas também pela ONU e qualquer outra Constituição desse planeta?

Imagina que mundo chato seria se todos se preocupassem apenas com a economia, ou com a política, e se esquecesse da arte, do teatro, dos esportes, das cores, da vida? É isso que faz a vida ser tão mágica: cada um tem o conhecimento que lhe convém. Afinal, porque todos nós estamos aqui nessa vida, não é pra sermos felizes? E o que deixa cada um feliz é sua escolha livre, não a de qualquer outra pessoa.

E ela tem que ser julgada, ou chamada de fútil por não fazer a escolha de ser astrônomo, ou físico, ou médico, e saber falar sobre todo o acontecimento do mercado financeiro internacional? Não acredito, sinceramente. Acredito sim, em uma vida que cada um respeite o espaço do outro, a importância que o outro dá as coisas dele e o respeito por suas escolhas.

Se não fosse assim, a arte das grandes galerias seriam obsoletas, pois muitos poderiam dizer " pra que serve a arte, o que isso vai fazer você crescer como indivíduo?". Não é um pensamento pequeno esse? A vida não seria a mesma sem a beleza.

E daí se alguem se liga a moda, maquiagem, funk, axé, dinheiro, futebol? isso deixa ela plena e feliz? O que mais importa? Além do mais, gostar dessas coisas não significa que a pessoa é apenas isso. Não limite-as por SEUS conhecimentos, conheça as pessoas antes de qualquer julgamento. A vida é única, e como a impressão digital, cada ser também e único. Cabe a nós saber respeitar suas escolhas.

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