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Mera Coincidência

Beto Colombo
Empresário
Filósofo Clínico
Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma-SC


Aldous Huxley, em sua obra O Admirável Mundo Novo, livro da década de 30, narra um futuro no qual a sociedade é regida por castas e os males, os problemas, dúvidas, inseguranças, quem sabe depressão, stress, tristeza, euforia, hiperativismo seria controlado pelo consumo de uma droga sem efeitos colaterais aparentes, chamada de “soma”. Qualquer semelhança é mera coincidência. Profetizando os nossos tempos?

Em meu artigo de hoje, desejo me ater somente numa parte do livro. Refiro-me a parte onde as crianças eram ensinadas a odiar as belezas da natureza porque as árvores, flores e paisagens nos dão prazer gratuito, e isso, o prazer gratuito, é muito ruim para a economia. Em contrapartida a isso, elas eram ensinadas a amar as coisas artificiais.

Um exemplo? Vamos a ele: “É economicamente prejudicial ter prazer em remar num lago tranquilo”, argumentavam os defensores deste novo sistema. “Precisamos amar os parques aquáticos, aqueles no qual pagamos para nos divertir”, acreditavam eles.

No Admirável Mundo Novo de Huxley não há espaço para admirar cavalos pastando, o economicamente correto é amar as motocicletas, o automóvel, o avião. Deleitar-se com o nascer ou o pôr do sol, o desabrochar da borboleta, o som do bambu crescendo, o cheiro adocicado das flores e a maresia que vem do mar, então, nem pensar. Qualquer semelhança é mera coincidência.

No Admirável Mundo Novo de Huxley não é economicamente correto ter um espaço central na cidade com casas inseridas entre as árvores. Era preciso serem destruídas e construídas altas torres, os rios precisavam ser canalizados para dar espaço a construções, ao comércio. A grama é substituída por lajotas, a vegetação por asfalto.

No Admirável Mundo Novo não há tristeza e, se houver, a droga “soma”, sem efeito colateral aparente, resolve. Afinal não é economicamente correto para a indústria produtora da droga que haja outro tipo de cura se não pelas drogas. Qualquer semelhança é mera coincidência. “E vida de gado, povo marcado, povo feliz”.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre o admirável mundo novo?

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