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Mostrando postagens de outubro, 2011
O avesso de mim Pe. Flávio Sobreiro Poeta e Filósofo Clínico Cambuí/MG "O mais importante do bordado é o avesso é o avesso" (Jorge Vercillo e J. Velloso) Nossa sociedade tornou-se sinônimo de agitação; já não encontramos tempo para mais nada. Desejamos que o dia tenha trinta horas, porque as 24 horas que temos parecem poucas para tantas demandas próprias do nosso cotidiano. Divorciamo-nos da paciência e hoje somos prisioneiros da pressa. Buscamos o futuro sem viver o presente. Nas tramas da vida, os bordados de nossa história são, por vezes, mal feitos e tortos. A arte do bordado carrega em si um grande ensinamento para nossa vida. Se o avesso do bordado estiver perfeito, o bordado também estará perfeito. No entanto se o avesso do bordado estiver defeituoso, o bordado também estará imperfeito, mesmo que, ao primeiro olhar, ela pareça bonito. Muitos corações estão com o avesso mal acabado. Há linhas de sentimentos soltas e nós de incompreensões mal arrematados. A
COM PAIXÃO Will Goya Filósofo Clínico, Poeta. Goiânia/GO Entra, se eu servir de abrigo. Até hoje nossa casa só foi habitada por fora. Há tantos olhares que não foram ditos... Enquanto me demorava em não te conhecer. Se te adoro em tão pouco encontro É que o tempo se acumula em delicados excessos. A espera não deveria ser feita de desejos... Mas é. Mais breve que o amor, foram os dias e noites antes da tua chegada. Soubesse tão perto, acordaria mais cedo. Eu te vi sumir a cada esquina, quando corri. E amei tudo o que não me deixava em paz, Como se o amor fosse troca, compensando a falta. Amor antigo, na frente de estranhos. Contigo aprendi o que era o mundo na tua ausência, E ainda nem chegaste. Sozinho em San Pablo, California/US, entre as leituras e as frestas da janela veneziana do meu quarto, observava a noite chegar. Então pensei: “quando chegará o meu grande amor?”. Tolice! Como se um grande amor fosse outra coisa que não o acúmulo e o metabolismo d
Muitos chamados Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Vida acontecendo nos múltiplos convites. Vastidão de possibilidades. Intensidades de acontecências. E urgência de fazer escolhas. Sou livre. Bibliotecas, livros, portas abertas. Ruas, pessoas, corações pedintes. Somos realmente livres? Os chamados de fora angustiam. O chamado de dentro escolhe Entre o dentro e o fora o conflito, a pausa ansiosa Angústia frente aos muitos. No fora o universo em expansão No dentro o universo em comunhão. Escolha, entre o sim e o não Estou no chão em trânsito Metáfora viva. Linguagem. Comunicação. Ponto e vírgula,
Escrever é... Luana Tavares Niterói/RJ Uma catarse... quase um delírio. Difícil até mesmo dimensionar. Um movimento que transborda, vindo do que ainda falta ser dito, do que nem mesmo se entende, do que se pretende ou não e até do que não se consegue dizer. Vindo do âmago ou da superfície, não importa. O que conta é que costuma vir da alma, do que reconhecemos em nós mesmos; daquilo que se desafia, se precipita e se extingue. Uma eterna página inacabada; um eterno devir... Escrever é quase solitário, e imprevisível, e incrivelmente confortador! Mas não é um caminho simples. Que ninguém pense que é corriqueiro ou mesmo obviamente possível externar o que se sente ou o que se pensa. Pode ser até doloroso, de uma dor que machuca, mas que também compensa e se redime pelo sofrimento provocado, curando e renovando. Por conta do seu movimento, é uma ação autorreflexiva, autoflageladora, de onde não se prevê a consequência... quase uma loucura, exacerbada pela irresistível ação que
Como Belano casou com Janice sem saber que continuava casado com Jaqueline Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Belano conheceu Janice um ano após o divórcio. Ele concedeu o divórcio a Jaqueline após uma pequena encenação circense na qual ela ameaçou os medos mais íntimos de Belano. Ele aceitou o divórcio e, no fim, estava quase implorando para que ocorresse. Durante as consultas, Belano iniciava falando o quanto estava feliz com Janice, o quanto a amava. Então, alguma coisa mudava em seus olhos, ele pigarreava, discorria longamente sobre o quanto sua vida com Jaqueline havia sido restritiva aos sonhos, aos desejos mais simples como conversar com os amigos antes de voltar para casa. Ele contava da nova casa com Janice e conseguia descrever uma casa maravilhosa, com jardim de inverno, gramados em planos inclinados, tudo em poucos minutos; em longos minutos ele descrevia o apartamento escuro, cortinas sempre cerradas, no qual viveu com Jaqueline. Descrevia minuciosamente
Viagens, suspiros, exclusividade Sandra Veroneze Jornalista, Filósofa Clínica Porto Alegre/RS "Suspiro Se me fosse concedido Um único desejo, um único pedido E sendo este momento o derradeiro Eu pediria você comigo Para lembrar, na eternidade Que o amor existe" "Viagem Vou Fico um tanto que é sempre pouco E volto Entre você e eu Milhas e milhas de saudade" "Exclusividade Não importa se é paixão, amor ou obsessão Ou ainda um lindo sonho de amor romântico Importa que saiba o que quer, como, quando, onde e por que E que neste olhar, como mulher, só caiba eu Porque eu, quando quero, quero tudo e quero inteiro E também só quero o que é meu"
Haicai Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos falar de um assunto cujo nome é bem diferente: Haicai. “Haicai” é uma palavra originária do japonês Haiku, resumindo, é uma forma poética de se expressar de forma simples, concisa, objetiva e direta. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última, cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). Aprofundando um pouco mais, o “haiku” é tradicionalmente impresso em uma única linha vertical, enquanto o “haicai” geralmente aparece em três linhas, em paralelo. Quem escreve o haicai é chamado de "Haijin". No Brasil, um dos haijin mais conhecido é o escritor Millor Fernandes. Haicai é, portanto, um verso ou então um minúsculo poema, onde tudo o que tem que ser dito deve ser dito com apenas dezessete sílabas. Esta forma de expressão é uma pa
Fragmentos filosóficos delirantes LXVI* "Sonhar é acordar-se para dentro" "Amor Quando duas pessoas fazem amor Não estão apenas fazendo amor Estão dando corda ao relógio do mundo" "Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas..." "Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..." "Não desças os degraus do sonho Para não despertar os monstros. Não subas aos sótãos - onde Os deuses, por trás das suas máscaras, Ocultam o próprio enigma. Não desças, não subas, fica. O mistério está é na tua vida! E é um sonho louco este nosso mundo..." "Quem ama inventa as coisas a que ama... Talvez chegaste quando eu te sonhava. Então de súbito acendeu-se a chama! Era a brasa dormida que acordava." "Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que estás numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por
Sobre os terapeutas Pe. Flávio Sobreiro Poeta e Filósofo Clínico Cambui/MG Muitos barulhos me perturbam... O ruído dos carros, das vozes externas e das que em mim habitam. Já cheguei a pensar em procurar um terapeuta. Mas após consultar meus velhos amigos desanimei. Disseram-me que os terapeutas de hoje são muito tagarelas. Antes de o cliente terminar a fala eles já tem a receita para os conflitos que tumultuam os pensamentos. Não! Não quero um terapeuta que tenha na ponta da língua as respostas das quais necessito. Quero encontrá-las sozinho! Afinal eles irão caminhar por mim? Óbvio que não! O meu caminho é único. Quero um terapeuta que seja companheiro de jornada! Que olhe comigo as paisagens que vou descobrindo ao longo de minha caminhada. Quero um terapeuta com o qual eu possa partilhar meus medos e meus sonhos. Que tire os sapatos e pise no solo sagrado de minhas dores. Terapeutas que desejam que eu sonhe os sonhos deles estão fora de minha agenda. Como posso son
Liberdade é a meta Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Não dá para continuarmos sendo escravos, Deixar a mídia dominar e o poder controlar, Escolher por si mesmo é possível, Quando a mente , o coração e a vontade se harmonizam. Não é tão fácil assim sair desta alienação, Deixar de ser seduzido pela propaganda, Que baseada nas faltas, vendem a alma. Por isto a filosofia incomoda Ela denuncia e faz pensar. Mandela,mesmo 27 anos na prisão foi livre. Subcomandante Marcos mesmo perseguido é livre Dalai Lama mesmo expulso de sua terra é livre. Liberdade de palavra e ação é nosso direito. Ninguém e nenhum governo podem tolher nossa liberdade. A liberdade não se encontra fora, mas dentro de cada um de nós. A menos que o amor flua,você não sentirá livre. Liberdade se faz no estar presente. Liberdade nada mais é que a capacidade de escolher Sabendo perder e desapegar do que não se escolheu. Liberdade é a meta De quem abre o coração a
Ilusões Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Ou vivemos de ilusões ou elas vivem através de nós! Às vezes é como se elas se precipitassem sobre nossas essências e plasmassem em nós poderosas impressões. E não há como fugir; as ilusões te perseguem por entre as frestas das emoções ou mesmo pelos átimos fugazes dos pensamentos, detectando cada anseio e fortalecendo aquilo que nem mesmo percebemos. Porque é inegável que a vida se reveste, às vezes, de nuvens densas, pelas quais não conseguimos penetrar e nem sempre compreendemos o sentido das reais intenções ocultas. Só que as ilusões sabem, elas nos compreendem melhor do que nós mesmos... então se manifestam, se insinuam e se traduzem, promovendo fantásticas alterações na nossa construção. Mas elas também se esvaem e se desintegram, como se jamais houvessem estado ali. Por isso são ilusões... E assim, permanece obscuro o sentido das ilusões. Ele se esconde por entre as sombras da lógica singular que transitam pelas in
Esvaziar a Mente Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos refletir um pouco sobre esvaziar a mente. Tenho pensado muito, nos últimos dias, sobre um assunto que a meu ver é interessante e extremamente importante em nossas vidas, na vida de cada um. E o foco do meu pensamento, até bastante prazeroso, é o de se esvaziar. Lembro que fiz o Caminho de Santiago duas vezes e dele tirei uma conclusão que trago até hoje, que é o de esvaziar a mochila, de deixá-la mais leve. Daqui a pouco a mochila está tão pesada que a vida, que é o que deve ser vivida, não pode seguir seu fluxo porque tem muito peso, muitos compromissos, muitas responsabilidades. É comum eu receber solicitações para encontros, para programas, para festas, para reuniões, para trabalho, para sociedade, enfim, como ser humano aberto ao contato com as pessoas, recebo muitos convites. Se eu aceitasse pelo menos metade
Fragmentos filosóficos delirantes LXV* "Reflexão n°.1 Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva E a circulação e o movimento infinito. Ainda não estamos habituados com o mundo Nascer é muito comprido" "A tentação Diante do crucifixo Eu paro pálido tremendo “ Já que és o verdadeiro filho de Deus Desprega a humanidade desta cruz” "Texto de consulta A página branca indicará o discurso Ou a supressão o discurso? A página branca aumenta a coisa Ou ainda diminui o mínimo? O poema é o texto? O poeta? O poema é o texto + o poeta? O poema é o poeta - o texto? O texto é o contexto do poeta Ou o poeta o contexto do texto? O texto visível é o texto total O antetexto o antitexto Ou as ruínas do texto? O texto abole Cria Ou restaura? O texto deriva do operador do texto Ou da coletividade — texto? O texto é manipulado Pelo operador (óti
Inversão Jane Difini Kopzinski Fisioterapeuta, quiropraxista, filósofa clínica Porto Alegre/RS Um vôo rasante Interno na alma Espelho das asas Transcende ao vento Quebra as nuvens Pousa em sí mesmo Toma de seu próprio ar Planando em sua brisa Abre as asas Movimentos secretos Na alma flutuante
Assim ela me parece Pe. Flávio Sobreiro Poeta e Filósofo Clínico Cambuí/MG A Filosofia Clínica não se divorciou do mundo acadêmico, apenas escolheu dar vida aos pensamentos dos grandes filósofos. Os termos indecifráveis continuam sendo válidos e necessários. Mas a Filosofia descobriu que sem poesia, aromas e sonhos ela não conseguiria chegar a essência do ser humano. Assim nasceu o que foi gestado durante séculos por tantos filósofos e filósofas. A criança ainda está no berço... Enquanto tantas terapias tem respostas prontas e psicologizadas, a Filosofia Clínica rema contra a maré das respostas prontas e múltiplas. Ela navega pelo oceano da singularidade. Num mundo onde a certeza é o caminho que todos procuram, a Filosofia Clínica demonstra que o incerto é ponto de partida. Talvez a Filosofia Clínica não seja para todos... Assim como a Psicologia, a Física, a Matemática... não seja para todos... Porém, todas as outras ciências do saber cabem na alma da Filosofia Clínica. O r
O grito rebelde Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Peito angustiado frente a dura realidade. Isto não me impede de admirar as flores da primavera Nem sentir a brisa no meu corpo Muito menos olhar a lua e as estrelas. Mas, não posso calar frente tamanhos desrespeitos: Sistema de saúde a mingua neste Brasil a fora. Educação falida e faltosa. Corrupção a cada esquina. Estradas descuidadas. Poder político mascarado e perverso. Hiperconsumismo. Mal uso das mídias. Enlatados na TV. Uso abusivo de remédios e drogas. Exploração de menores. Abuso sexual de crianças. Ai... Pode ser mais fácil não querer ver. Pode ser mais fácil cruzar os braços. Pode ser mais fácil calar e se alienar. Pode ser mais fácil não sofrer. Nietzsche convida aos melhores amigos o sofrimento Pois, a dor fortalece a alma. Não podemos parar de lutar. Nem abrir mão de nossa liberdade de escolha. Nem deixar de dar as mãos solidaria num compartilhar autêntico.
A beleza da dor que se dói Sandra Veroneze Jornalista e Filósofa Clínica Porto Alegre/RS É bem verdade que a dor constitui veículo de consciência. A partir dela, revisamos conceitos, comportamentos, e temos a oportunidade de nos lapidarmos como seres humanos melhores – seja lá o que isso signifique para cada um. A dor como veículo de beleza é tema sobre o qual tenho me debruçado mais recentemente, após assistir à entrevista com o transexual Lea T no Gabi Gabriela. A primeira vez que tive contato com o assunto ‘transexualidade’ de forma séria e científica foi durante a graduação, quando li um livro de cases. Curiosamente, talvez pela simpatia que guardo pela fluidez de gêneros, a mim é mais fácil compreender a existência de um cérebro masculino em um corpo feminino, e vice-versa, do que a depressão, por exemplo. Na entrevista, Lea T fala de sua trajetória, sobre as expectativas para a realização da cirurgia, recheando as entrelinhas com uma dor que, de tão funda, chega a s
Comunicado e convite: Devido ao feriado de 12 de outubro, nosso Encontro de Filosofia Clínica e Educação ocorrerá no dia 20, quinta-feira, 19:30, discutindo a temática: Thomas Kuhn e os paradigmas em educação, com coordenação do Filósofo Clínico César Mendes da Costa. Tema: Thomas Kuhn e os paradigmas em educação. A produção filosófica de Kuhn teve início em seu trabalho docente. Enquanto preparava as aulas para um curso sobre filosofia aristotélica, ele percebeu que existia uma diferença entre Aristóteles e Newton, no que se refere à concepção de movimento. Aprofundando sua pesquisa, desenvolveu o conceito de incomensurabilidade para demonstrar que uma concepção não conduz a outra, mas, ao contrário, há descontinuidade histórica entre elas, demarcando a constituição de um paradigma. Sendo um paradigma, segundo ele, aquilo que os membros de uma comunidade científica compartilham, podemos afirmar que professores atuam segundo um paradigma educacional? Caso afirmativo, qual o
Cegueira Beto Colombo, Empresário, Filósofo Clínico, Escritor Criciúma/SC Queridos leitores, hoje vamos comentar sobre cegueira. Falando em cegueira, duas ideias me vêm à mente: a primeira é o livro do escritor português José Saramago, intitulado “Ensaio sobre a Cegueira”. Este livro, inclusive transformou-se num impactante filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles – uma boa dica para o próximo fim de semana. A segunda ideia que me vem à mente é um livro um pouco mais velho, a bíblia. Nela lemos que Jesus cuspiu no chão, fez uma bola de barro, colocou nos olhos, depois tirou, e ele voltou a enxergar. Se levarmos ao pé da letra, Jesus apenas abriu os olhos de uma pessoa que não via a luz, porém, a verdade pode ser também que Jesus, na realidade, estava falando da Síndrome da Caverna. Em sua obra República, Platão utilizou-se da alegoria de uma caverna para mostrar que o conhecimento consiste em o ser humano ficar livre das correntes que o condena a ignorância. “O s
Autogenia Jane Difini Kopzinski Filósofa Clínica, Fisioterapeuta e Quiropraxista Porto Alegre/RS Um pássaro Seguindo um rumo Voando em círculos Escolhendo a melhor brisa Voltando a rota Sentindo o vento Pousando Batendo as asas Novos ventos Outra brisa Nova rota Novos rumos Um novo pássaro Outro pouso
Filosofia Clínica e os rótulos Bruno Packter Filósofo Clínico Florianópolis/SC Os Papéis Existenciais são rótulos em Filosofia Clínica. Segundo Lúcio Packter, o tópico estrutural XXII – Papel Existencial diz respeito aos rótulos, aquilo que a pessoa utiliza como princípio de identificação, mas, em alguns casos, esta identificação pode ser uma roupagem. Como podemos identificar um Papel Existencial? Na historicidade da pessoa aparecem os Papéis Existenciais ou rótulos por nomeação direta, como: “eu sou filho”, “ eu sou pai”, “eu sou terapeuta” e assim por diante. Esta pessoa está dando um parecer sobre uma roupagem existencial com a qual se apresenta em diferentes âmbitos da existência dela. A própria pessoa é quem confere nomes ao Papel Existencial. Ele é atribuído por ela mesma, muitas vezes, para cada circunstância de sua vida. Compete à própria pessoa assumir e ter isso para com ela como um Papel Existencial ou não. É possível um Papel Existencial fazer parte
Fragmentos filosóficos delirantes LXIV* "Os fios elétricos estendidos por onde o frio reina Ao norte de toda música. O sol branco treina correndo solitário para a montanha azul da morte. Temos que viver com a relva pequena e o riso dos porões" *Tomas Tranströmer Poeta Sueco Prêmio nobel de Literatura 2011
Com as palavras Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Com as palavras vamos tecendo o tempo, Construíndo afetos, destruíndo mitos, Ascendendo consciências, fazendo revoluções. A poética dos desejos, faltas traçadas nos vazios, Compostas nas fronteiras do existir enigmático Entre o nascer e entardecer, nas entrelinhas Das noites de nossas almas, Rasgam páginas da história, Que nos desafiam a viver as dores E as alegrias de ser em acão contínua. Com as palavras desbravamos acontecências, Pontuamos acontecimentos, Interrogamos injustiças, Exclamamos atenção, Agradecemos solidariedade, Quebramos fronteiras desumanas. Com palavras podemos revolucionar, Construíndo laços para ação efetiva, Tecendo esperanças, criando possibilidades Infinitas de mudar sempre. Com as palavras bem ditas, Distribuímos o pão da vida. Com as palavras mal ditas Destruímos sem dó. Urge pensarmos antes de falar Ou simplesmente trazer as palavras Do fu
Terapia é... Letícia Porto Alegre Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Terapia é um espaço, com uma terra fértil, que ajuda a desabrochar as mais lindas flores. Ao desabrochar se descobre espinhos, folhas mortas e até galhos tortos. Detalhes que compõe uma flor única. Mas são apenas partes que constituem o todo da flor. Terapia é significar, é resignificar, é dançar entre as linguagens que formam o mundo de cada um. É descobrir para onde as tuas asas podem te levar, ou melhor ainda, é poder escolher para onde deseja que tuas asas te levem. Terapia é contato com as suas verdades, é poder brincar com essas verdades e, quiçá, descobrir que o que existe é apenas um espaço infinito de possibilidades de verdades. Terapia é descobrir que você faz parte de um todo, mas também é autônomo e tem as suas próprias escolhas. Fazer terapia é escolher para si mesmo despreender-se das grades de uma prisão, é poder se colocar sem se defender das mesmas e de se mudar para
E o que dizer da saudade... Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Às vezes, ao deslocarmos olhares em direções confusas e imprecisas, que mal distinguimos, podemos sentir vazios que, por estranhos e cruéis, perpassam emoções impregnadas de conflitos. Estes vazios justificam angústias e antecipam ausências; eles abatem, drenam forças e podem nos lançar em labirintos cujo fio se desfaz a cada intenção de fuga. Arrebatam a alma, desafiam a dor e obrigam a recomeços não previstos, e nem mesmo permitidos, de onde questionamos as possibilidades de sobrevivência. Nesses instantes, as dúvidas se revestem de uma irritante prepotência e insistem em fazer (re)visitas que não podemos receber. Não estamos preparados. A imposição deste novo momento não vem acompanhada de sorrisos e atitudes adequados, nem do chá com bolinhos. Pasteurizar a alma não é próprio de sentimentos sinceros, simplesmente porque não é possível fingir ou transferir ilusões. O que dizer da saudade? Talvez, apenas
Fragmentos filosóficos delirantes LXIII* Crônica do Amor* Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? En
O tempo que resta Sandra Veroneze Jornalista e Filósofa Clínica Porto Alegre/RS “O tempo que resta” é um dos últimos filmes a que assisti. É francês e mostra os meses finais de vida de um jovem fotógrafo que descobre sofrer de um tipo de câncer já em processo de metástase. O filme é sensível, triste e tem aquele tempo e tom especialíssimos que só os europeus sabem imprimir nas produções cinematográficas. Em alguma medida, ‘O tempo que resta” lembra outro filme: “O poder além da vida”. Este fala também de um jovem que precisa encarar a morte ou a vida depois de sofrer um acidente de trânsito enquanto se prepara para participar das olimpíadas. Com os movimentos limitados, se vê obrigado a deixar para trás a vida de noitadas, mulheres e bebidas, contando com o auxílio e inspiração de um senhor que o jovem apelida de “Sócrates”. A diferença das duas obras é que, no primeiro caso, o personagem principal desiste de viver e, no segundo, a tragédia serve como divisor de águas na tra
Fragmentos filosóficos delirantes LXII* Estamos com fome de amor* Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida? Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas&q
CONGRESSOS, JORNADAS, SIMPÓSIOS... Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Cenas lamentáveis aconteceram durante um congresso médico de âmbito mundial, realizado recentemente em Buenos Aires. O número de congressistas ultrapassou em muito as previsões da comissão organizadora, transformando o que deveria ser uma jornada de atualização científica e congraçamento em uma maratona de reclamações e indignação. A fila de espera para receber o crachá de inscrição, que permitia o ingresso nas salas de aula, demorava em média quatro horas. Muitos olhavam o tamanho da fila, que chegava a dar voltas no prédio e desistiam. Alguns retornaram no dia seguinte e encontraram a mesma situação. Quase dois dias de congresso perdidos numa fila. A surpresa maior estava no interior do centro de convenções: salas de aula sempre lotadas. Quando se conseguia entrar em alguma, não havia mais lugares disponíveis. Sentava-se no chão ou ficava-se em pé pelos cantos. Os restantes acotovelavam

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