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Filosofia Clínica e os rótulos

Bruno Packter
Filósofo Clínico
Florianópolis/SC


Os Papéis Existenciais são rótulos em Filosofia Clínica. Segundo Lúcio Packter, o tópico estrutural XXII – Papel Existencial diz respeito aos rótulos, aquilo que a pessoa utiliza como princípio de identificação, mas, em alguns casos, esta identificação pode ser uma roupagem.

Como podemos identificar um Papel Existencial?

Na historicidade da pessoa aparecem os Papéis Existenciais ou rótulos por nomeação direta, como: “eu sou filho”, “ eu sou pai”, “eu sou terapeuta” e assim por diante. Esta pessoa está dando um parecer sobre uma roupagem existencial com a qual se apresenta em diferentes âmbitos da existência dela.

A própria pessoa é quem confere nomes ao Papel Existencial. Ele é atribuído por ela mesma, muitas vezes, para cada circunstância de sua vida. Compete à própria pessoa assumir e ter isso para com ela como um Papel Existencial ou não.

É possível um Papel Existencial fazer parte da pessoa, mas sendo atribuído de fora para dentro por outra pessoa, isso via agendamentos. Poderá ocorrer, se a pessoa tomar a roupagem para si, através de agendamentos externos a ela, identificando-se e assumindo este Papel Existencial.

Em outros casos, certas vivências não podem ser feitas por conta do Papel Existencial que está ligado a elas. Isso se deve ao fato de que a pessoa não consegue vivenciar o rótulo, ou seja, consegue vivenciar apenas os atributos da roupagem.

Algumas pessoas tratam de suas questões neste tópico estrutural XXII da seguinte maneira: “Se você não for, se você não é, você não será coisa alguma.”
Aqui, estamos diante dos elementos ligados ao jeito de ser. Às vezes, a pessoa mora num castelo, tem os melhores carros, pode ter de tudo o melhor, mas de nada adiantará, pois pode ser extremamente infeliz consigo mesma.

O que pode ocorrer quando o tópico estrutural XXII – Papel Existencial não for determinante na malha intelectiva da pessoa?

A pessoa pode dizer, em uma determinada circunstância, que o que importa são o dados afetivos, a família por exemplo e, não um rótulo. Provavelmente , neste caso, irá se dirigir a outros tópicos, pois o Papel Existencial não será determinante na sua malha intelectiva.

Algumas pessoas necessariamente precisam ter uma roupagem existencial para determinados âmbitos da vida, sob pena de se terem como perdidas. Para algumas pessoas a vestimenta existencial ganha relevância. Elas não sabem fazer uma conversação sem dizer quem elas são.

Muitas vezes, os Papéis Existenciais podem não estar na forma de uma nomenclatura, mas na forma de um elemento processual descritivo. Isso quer dizer que a pessoa descreve sua roupagem, seus rótulos através de tópicos de sua estruturação.

Existem pessoas que ao descrevem seus Papéis Existenciais o fazem através de tópicos estruturais, ou seja, tratam de sua família, do trabalho e assim por diante.

Nem sempre a roupagem existencial costuma ser para sempre, há como mudá-la. A pessoa terá este rótulo para si durante uma parte de sua vida, às vezes. Pelo próprio exercício do Papel Existencial e, de acordo com os tópicos com os quais ele estiver envolvido esta roupagem poderá evoluir, mudar e transformar-se em outras coisas. Saberemos as relações entre os Papéis Existenciais, se for este o caso, somente pela historicidade da pessoa.

Neste tópico XXII, precisamos ter certos cuidados, pois nem sempre o Papel Existencial construído pela pessoa é algo estático, fechado e coerente. Existem pessoas que constroem seus Papéis Existenciais com elementos internos contraditórios, não havendo, muitas vezes, uma nomeação direta da própria pessoa. Quando a pessoa tenta uma nomeação para o seu Papel Existencial aparece de forma às vezes fragmentada.

Um dos aspectos problemáticos neste tópico dizem respeito às pessoas que não podem e não têm como fazer frente a assumir um Papel Existencial. Neste caso, a pessoa tem apenas os atributos para o Papel existencial. O problema aqui diz respeito a esta vestimenta existencial com que a pessoa se apresentará aos outros.

Papel Existencial pode ser dado a uma pessoa pela sociedade na qual ela vive, somente se aceitar e tomar para si este rótulo via agendamentos, por efeitos, por associações e ainda por outros fatores isso pode ocorrer.

Os encaminhamentos no atendimento seguirão os dados pertinentes da historicidade da pessoa e sua estruturação.

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