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CONJUGAÇÕES NO TEMPO DE AMAR

Will Goya
Filósofo Clínico, Poeta.
Goiânia/GO



Caminhava à janela por um instante de vida, para vê-la.
Ela sorriu pra mim. O que dizer?
Meus pensamentos tinham perfume, cheiro de céu azul.

As palavras de tão leves desapareciam-me como folhas de arco-íris ao vento...
Sem corpo, sem licença, eu me abandonei a ela
Como quem se abandona à cama, ao sabor do sono,
Com desejos de sonhar.

Ainda que estivéssemos no inverno,
A aurora, que doura todas as coisas, queimava
Emoções de baunilha em toda parte.

O vento morno da primavera lhe arrancava pedaços
De um fino e discreto cheiro gostoso de mulher,
Que em mim se deitava à pele.

Sua honestidade silenciosa de apenas me olhar e me sorrir
Ardia-me um desejo de ter direito a uma ternura
Inesperadamente minha,
Que não era outra coisa se não vida.

Nos corredores da faculdade em que eu lecionava, as portas das salasde-aula tinham pequenas janelas de vidro. Então imaginei com os meus
sentimentos o que eu gostaria de ver se tivesse uma janela mágica, numa
outra porta, só minha, aberta para os segredos do meu coração. Senti um
perfume... e um poema chegando.

Ainda em pé, no corredor, entre alunos
indo e vindo, busquei rapidamente um papel, tomei uma caneta e um
pedaço de tempo, antes de voltar ao trabalho. Mais um poema.
Eu deveria parar e terminar a saudade de olhá-la.

O atraso da memória dava-me o tempo de outra vida, juntos.
Violência de amor que acalmava meus passos,
Sonhos da excessiva teimosia de herói em me demorar à janela.
Vê-la às vezes me fazia perder os sentidos,
Impor-me sua lembrança aos olhos.

Não se pode ao mesmo tempo ser verdadeiro e parecer verdadeiro,
quando se ama.
A saudade é o melhor vidro de perfume que se pode conservar.

Quando ao longe se advinha o amor, devo sair...
Encontrando em meu ser contente a recompensa
E depois voltar a calma a tudo.

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