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AMOR-PERFEITO

Will Goya
Filósofo Clínico, Poeta
Goiânia/GO


Não há nada entre o corpo e a alma, nada entre nós.
Nada entre a porta e a outra metade. Somos todos janelas...
O que nos separam são apenas pálpebras, que nos protegem.
Segundos de ilusões a se repetirem eternamente.

Tudo o que vejo no mundo é derramado em mim. Vejo-te,
E o que carrego de desconhecido em ti é o que me alivia o peso de tantos.
Todo o mundo não pesa mais que desenhos de nuvens sobre o telhado.
O amor é uma janela que se abre, a beleza é transbordamento,
Um poder de aproximação entre segredos.

Quando a paixão se liberta do medo de não ser amada,
A liberdade goza euforias de uma entrega sem defesas.
Pedaços de música o ano inteiro
E silêncios complexos como doce derretido à boca...

Senti que era oportuno um novo sentimento, e aproveitei a ocasião para
imaginar uma emoção diferente, de um amor sublime, nobre, doador.
É assim que todo amante, creio, deveria despedir-se de sua antiga amada.

Pensando a melhor maneira para terminar um relacionamento, reinventei
emoções e aprendi o que a poesia soube me ensinar. É fascinante o que
pode a arte: interpreto sentimentos que não vivi para justamente aprender
a experimentá-los.

Poesia me ensina a viver.

Vejo te
Quando te arrumavas para ir a um sonho, num desejo inquieto de perfeição.
Desde que te conheço, desde que te amo
Repouso tua ausência em cada distração,
Consentindo à vida um meio de completar a si mesma.

Tua falta põe em tudo um mistério suficiente,
Uma saudade de Deus, do desejo inacabado de nascer.
Ternura que me alivia o delírio da separação.
Embalsamo as lembranças... seguindo meu caminho.

E porque a distância mais aproxima os que vivem muito juntos,
Toma a minha própria loucura pelo nome –
A generosidade que antecipa o pensamento,
E te permitas ir... Eu próprio não te deixaria.

Colheria todas as idades, todos os anos e o último descanso
A debruçar em meu rosto,
Mas não arrancaria do céu tuas cores preferidas.

Imita-te quando ainda te vias sorrindo,
Que a dançar com invisíveis sentimentos – corpo e alma apenas,
E o mundo tão breve como um só,
Haverá tudo entre nós.

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