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O Poder das Palavras

Beto Colombo
Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma/SC


Recebi recentemente um e-mail do amigo Tate Rosso que me fez parar e refletir mais e melhor sobre ele. O tema central da mensagem, em forma de vídeo, era o poder das palavras. Como a palavra tem poder!

Imagine alguém chegar pra mim, pra você, e elogiar, só falar coisas boas. Ou imagine o contrário, só recebermos críticas, ponderações negativas. E imagine que isso não seja só um dia, mas uma vida? Mas, como disse, as palavras têm poder: as pensadas, as faladas e até as escritas. Até mesmo a minha experiência como escritor restringia-se aos livros, depois veio o jornal e agora a rádio. É impressionante o poder que estes meios têm. E a palavra não fica fora disso.

Mas voltemos ao e-mail recebido. De acordo com o vídeo de um minuto e trinta segundos, um senhor cego pede esmola numa praça movimentada, destas de um grande centro onde as pessoas correm de um lado para outro, sem se aperceberem do que se passa ao seu lado. Esfarrapado e maltrapilho, o homem cego tinha escrito numa caixa de papelão aberta a sua frente: “Sou cego. Por favor, me ajude".

A cena segue com o senhor cego na escuridão do belo dia, virando o rosto de um lado para outro, provavelmente para aguçar outro sentido, o da audição. Ouvia o serpentear das pessoas na praça e volta e meia sentia que uma moeda caía na latinha que guardava com muita atenção.

Todas as pessoas passaram, menos uma, uma jovem de meia idade que parou na frente daquele senhor e leu: “Sou cego. Por favor, ajude”. Por uns instantes, percebe-se que ela refletia sobre os dizeres, enquanto isso, o senhor conseguiu apalpar os sapatos daquela jovem que se abaixa, tira uma caneta da sua bolsa e reescreve o cartaz. E sai. O senhor cego se espanta com o número de doações que recebe, a ponto de encher sua latinha, encher outra e outras. A alegria e satisfação tomam conta daquele mendigo. Horas mais tarde, ele sente que a jovem retorna e pergunta o que ela escreveu. Ela respondeu: "É um lindo dia e eu não posso vê-lo! O mesmo que você, de outro jeito".

Observemos a diferença da postura e do poder das palavras: “Sou cego. Por favor, me ajude” é uma forma de se comunicar, mas “É um lindo dia e eu não posso vê-lo” é outra forma, demonstrando que as palavras têm poder, tanto para o bem quanto para o mal. Quantos aborrecimentos evitaríamos se, ao invés de apenas dizer, pensamos em como dizer. Às vezes é isso: não é o que se diz, mas como se diz.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre o poder das palavras?

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