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Mostrando postagens de fevereiro, 2012
CONTO DE FADAS MODERNO Ildo Meyer Médico, Filósofo Clínico, Escritor Porto Alegre/RS Quando éramos crianças, adorávamos dormir escutando contos de fadas. Os finais eram sempre felizes, mas os começos muito tristes. Com freqüência existia um padrasto ou madrasta má, alguém que se perdia, estava muito doente, era espancado, seqüestrado, engolido. O enredo das histórias envolvia crueldade e injustiça, para no final surgir o amor e os mocinhos viverem felizes para sempre. Nossos pais não sabiam, mas é claro que estas histórias de amor romântico contadas ao pé da cama, mais tarde trariam conseqüências. Crescemos, acabou a fantasia, caímos na realidade. Nosso mundo está cheio de injustiça, maldade, mentira, inveja, egoísmo, doenças, sofrimento. Nos contos de fadas sempre havia um herói para reverter a situação e encerrar o livro com um final feliz. E na vida real, onde estão estes heróis? O sonho de que o sofrimento é passageiro, a injustiça será corrigida, mais cedo ou mais t
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXVIII* "O nosso ensino moderno da medicina, bem como o da psicologia e filosofia acadêmicas, não dão ao médico a formação necessária, nem lhe fornecem os meios indispensáveis para enfrentar as exigências, tantas vezes prementes, da prática psicoterapêutica (...) vamos ter que frequentar mais um pouco a escola dos filósofos-médicos daquele passado longínquo, do tempo em que o corpo e a alma ainda não tinham sido retalhados em diversas faculdades." "É a sua visão do mundo que orienta a vida do terapeuta e anima o espírito de sua terapia. Como ela é uma estrutura subjetiva, por mais rigorosa que seja sua objetividade, é possível que desmorone muitas vezes ao contato com a verdade do paciente, para depois levantar-se de novo, rejuvenescida por este contato." "A psicoterapia surgiu de métodos nascidos da prática e da improvisação. Tanto é que por muito tempo teve dificuldade em refletir sobre os seus próprios fundamentos c

Invisibilidades*

"Não pude dispersar os meus deslimites que caíam e refaziam os caminhos de volta a mim. E agora... encontro-me enfermo de sonhos!” Djandre Rolim Um reflexo parece dizer sobre se estar dentro da vida e fora do tempo, como uma ficção exilada na realidade. Ao ter uma epistemologia de subúrbio, sua filosofia da estranheza esboça um soar excessivo. A atitude introspectiva refaz manuscritos sobre o fenômeno à deriva no traço. Interseção extraordinária entre o lapso das travessias e as poéticas do absurdo. Atualiza a visão desses delicados contornos a se deslocar, parece reivindicar uma arte de tornar-se. A partir desse sujeito transbordando originais, os excepcionais eventos integram a irrealidade presente no cotidiano. Esse esboço de eus ficaria irreconhecível, não fora esse nômade das chegadas_partidas. O estrangeiro de cada um se oferece nos trocadilhos, distorções, contradições quase imperceptíveis, muitas vezes em labirintos de lógica kafkiana, onde os delírios rascunh
Delírios na multidão indecisa Luana Tavares Filosofa Clínica Niterói/RJ Na estrada adiante, a caminho de um destino qualquer, no meio da multidão que transforma todos em uma unidade festiva, sem rosto, sem corpo, ou melhor, com o corpo de todos, na expectativa de encontrar algo que não se sabe, ponderamos se o que existe atrás das infindáveis e ininterruptas respirações suspensas, reproduz a eternidade. Estamos todos a caminho do mesmo buraco negro existencial, para onde tudo converge, para onde a ausência de luz é justamente o prenúncio da clarividência. Mas mesmo em meio ao jorro da luz do dia, ou no manto escuro e silencioso da noite, sem noção de tempo ou espaço, entre o limiar do que pode ser estar em cima ou abaixo, os pés deslizam suaves no imaginário dos seus próprios significados, pouco importando para qual direção, pois nenhuma seria suficientemente justa para determinar seus horizontes. E a multidão acompanha, ainda incerta de suas certezas, levadas por uma força
Sofismas ou a fábrica de doenças. Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Nos próximos dias, se puderem, mantenham o computador desligado. Se possível, retirem o HD e o coloquem em um local arejado e seco. Mas se não puderem fazer isso, fiquem calmos e não abram nenhuma mensagem com um arquivo chamado “Olá, bacana!”. É a nova versão do antigo “Lembrei de você!”. O “Olá, bacana!” é terrível e não tem nada de bacana. Guarde água em casa, não abra a sua porta, independente de quem enviou o “Olá, bacana!”, não abra. Trata-se de um vírus que tem um sorrisinho safado. Cuidado, porque pode parecer bacana. Pois o bacana vai torrar o seu disco rígido, vai fazer a sua impressora imprimir ao contrário, vai disparar e-mail para todo mundo. Aliás, o vírus veio exatamente de um conhecido seu que gostou do “Olá, bacana!”. Olha, para o bem de todos, mande este e-mail para todos os seus conhecidos, mande para alguns desconhecidos também por segurança, afinal não se pode conhecer todos o
Livro 40, Sim! E dai?* Um guia de qualidade de vida feito para a mulher de 40 anos Jussara Hadadd Terapeuta sexual, Filosofa Clinica Juiz de Fora/MG Livro 40, Sim! E daí? Mostra como aproveitar melhor essa fase de vida A mulher de 40 anos de hoje é bem diferente da de antigamente. A que antes era quase que uma “matrona”, praticamente sem novas perspectivas de vida, agora é bem cuidada, moderna, inteligente, empreendedora, gosta de se cuidar e persegue seus sonhos e objetivos com muita vontade e determinação. Mesmo com a maturidade que os 40 anos proporcionam e com o acesso a muitas informações, fazer 40 anos ainda representa um período de muitas dúvidas para a mulher. Para acabar de vez com as dúvidas, a jornalista Andrea Franco escreveu “40, sim! E daí?”, (Idéia & Ação – 224 páginas). O objetivo é estimular a auto-estima dessa mulher e promover saúde e bem-estar por meio de orientações de ginecologistas, geriatras, psicólogos, endocrinologistas, nutricionistas, derma
Meus 60 anos Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filosofa Clínica, Escritora Juiz de Fora/MG Nasci velha. Eterno retorno. Renascimento neste tempo de envelhecer. Por isto alegremente celebro meus sessenta anos. Nasci no dia de Ação de Graças. Desde pequenina olho para fora a questionar a existência e olho para dentro tentando encontrar minha essência... Sou esta que sou! Chegar aqui é uma vitória. Para quem não poderia viver um dia, todo dia é um milagre. Assim tenho muito que contar e muito ainda a comunicar. Entro no tempo da realização e celebração, no caminho alquímico de fazer a alma. Esta é minha carta de alforria para transgredir e subverter, para deixar sair esta rebelde que sempre me habitou e que por vezes reprimi. Poder viver sem culpa minhas imperfeições, livremente, e me expressar mais loucamente. Agora é tempo de lapidação, do tirar as arestas e dar brilho à consciência no exercício da compreensão. Hora de soltar meu Dioniso e dar vazão as imagens criativas q
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXVII* "O Dr. Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 29 de janeiro de 1914, pelas 11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior uma discussão extensa sobre os excessos, especialmente de realização, da arte moderna." "Ora um desvio patológico equilibrado é uma de duas cousas - ou o gênio ou o talento. Ambos estes fenômenos são desvios patológicos, porque, biologicamente considerados, são anormais; porém não são só anormais, porque têm uma aceitação exterior, tendo, portanto, um equilíbrio. A esse desvio equilibrado chamar-se-á gênio quando é sintético, talento quando é analítico; gênio quando resulta da fusão original de vários elementos, talento quando procede do isolamento original de um só elemento." "A verdadeira arte decadente é a dos românticos. Aqui o ponto de partida é o sentimento; o intelecto é utilizado para interpretar esse sentimento." "A beleza, a harmonia, a proporção não era
Alma gêmea, difícil de explicar, fácil de sentir. Ildo Meyer Médico, Filósofo Clínico, Escritor Porto Alegre/RS Sabe aquela situação onde você quebra o braço, precisa engessar e então começa a reparar um monte de gente com braços machucados como o seu? Ou quando quer comprar uma bolsa e de repente começam a desfilar na sua frente pessoas com marcas, cores e modelos diferentes? Parece que ficamos mais ligados e nossos sentidos começam a funcionar como um radar, detectando em qualquer lugar aquilo que estamos procurando. Depois do episódio do cão que me acompanhou na corrida de rua e partiu por falta de despojamento meu em adotá-lo, passei a ficar mais atento. Olho para os lados na esperança de encontrar novamente minha alma gêmea corredora. Talvez esta atenção esteja exercendo algum poder de atração. Depois de uma semana correndo e procurando sem sucesso o cão, uma adolescente começou a me seguir na rua, exatamente como ele fizera. Feliz e sorridente como uma criança brinc
Os sonhos de Andy Pe Flavio Sobreiro Filosofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Andy era uma lagarta muito triste. Passava os dias sozinha. Não tinha amigos. Vivia isolada de tudo e de todos. Mas porque Andy vivia desse modo? Vamos ver como tudo começou... Certo dia suas amigas, resolveram participar de um concurso de beleza: Miss Inseto. Para participar do concurso era necessário fazer a inscrição. Mas nem a inscrição Andy conseguiu fazer. Ao chegar ao local, foi logo reprovada. Disseram a ela que para se inscrever era preciso ter pelo menos alguma beleza exterior... O tempo foi passando e Andy se tornou uma velha lagarta. Sua aparência feia não impediu que se tornasse um inseto especial. Ela amava a todos, aprendeu a superar as tristezas, e sempre dava sábios conselhos a quem lhe procurava. Porém, no fundo do seu coração tinha uma pequena tristeza: desejaria que a natureza pudesse ter sido um pouco mais generosa com ela... Certa manhã, Andy não apareceu para irrigar as flores do s

A forma da distância*

Distância é uma coisa engraçada né? Tem tantas dimensões, tantos tamanhos, tantas formas… Tamanhos? Formas? É! Hoje em dia a distância pode ter forma de computador, de skype, de msn, de facebook. Forma de câmera com microfone. Ou mais moderno ainda, forma de telefone celular que mostra a pessoa do outro lado, como nos Jetsons (do arco do velha, mas que também sentiam saudade, aposto). Quanto mais o tempo passa, quero dizer, a modernidade chega, mais as distâncias diminuem. Antes era tão difícil falar com alguém. Telefone não existia, carta demorava dias, meses e até anos. Hoje não. A tecnologia melhorou tudo (ou não, pode ter afastado ainda mais as pessoas que agora se escondem atrás da tela de um computador). Hoje existe avião, barco, navio, helicóptero, carro, moto, ônibus… até espaçonave existe. E existe telefone, celular, internet, sedex, sedex 10, skype, Viber e Whatsapp pros mais moderninhos. Tantas formas de chegar… chegar onde quer, do lado de quem deseja, no lugar qu
Ser ou Não Ser Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Questões existenciais, quem não as tem? Pois é, talvez, quem sente é quem sabe. A frase “ser ou não ser eis a questão”, originária da peça A Tragédia de Hamlet – Príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare, é uma prova inconteste que as questões existenciais estão aí, há séculos. A cena que sempre me vem a mente é Hamlet, o personagem principal, com uma caveira na mão questionando se vale a pena continuar vivendo e sofrendo ou tirar-lhe a própria vida. No início do ato III, cena I, Hamlet declama: “Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias e combatendo-o, dar-lhe fim?” Shakespeare, ao escolher tal frase, “ser ou não ser eis a questão”, talvez não imaginasse tantas interpretações dessa frase longe daquele contexto. A frase pode ser entendida como uma alegoria qualquer “faço isso ou não faço
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXVI* "Fruto de enganos ou de amor, nasço de minha própria contradição. O contorno da boca, a forma da mão, o jeito de andar (sonhos e temores incluídos) virão desses que me formaram. Mas o que eu traçar no espelho há de se armar também segundo o meu desejo. Terei meu par de asas cujo vôo se levanta desses que me dão a sombra onde eu cresço - como, debaixo de árvore, um caule e sua flor" "Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto" "Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada" "Escrever é escutar as águas interiores e espreitar vultos no fundo" "Para ser inteira não preciso me defender erguendo barreiras à minha volta: às vezes só me fragmentando e dilacerando de amor, dor ou perplexidade, terei chance de juntar meus pedaços e me reconstruir mais inteira" &
Anjos e Demônios Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG De anjos e demônios todos temos um pouco! Verdade, temos luz e sombra. É assim que nos acontece. De um lado do ombro, o anjo tem bons pensamentos e é cheio de boas intenções. No outro ombro o diabinho sapeca instiga, critica, dá piruetas e nos confunde. É o maniqueísmo atuante, o bem contra o mal, que bem chamamos de "estar dividido, confuso". Se decidimos previligiar o anjo, com certeza o demônio toma posse de nossos pensamentos. É sempre assim, o que mais negamos nos invade. Sabe por que? Talvez seja porque só pensamos no poder do negativo. Na realidade damos poder ao diabinho. Ele alimenta o medo, a culpa, a raiva,a inveja, a competição, o orgulho... Ri, goza e dá piruetas de nossas tagarelices mentais. E adora nos ver tristes, angustiados e deprimidos. Então, se não podemos previlegiar apenas o anjo, como fazer? Privilegiar o diabinho perverso? Essa não! É mais simples a solução,
Retalhos da Alma Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Retalhos de velhos tecidos tornam-se bonitas colchas quando costurados com amor. O que era velho se torna novo. Tecidos que um dia marcaram momentos importantes da vida tornam-se um quando juntos unem-se para uma nova realidade. A arte de costurar os velhos retalhos de tecido exige paciência. É preciso se despedir daquela roupa que não mais tem utilidade. Recortar o que de bom ficou. Costurar é dar vida ao que restou. Uma colcha de retalhos ganha aos poucos à sensibilidade de quem a confecciona. Cores, formas, desenhos, esperanças, dores... Muitos momentos unidos para um único objetivo: unir pedaços de velhos tecidos que foram esquecidos no fundo das gavetas do guarda-roupa da alma. Em nosso guarda-roupa encontramos os momentos de nossa vida. Aquela camisa que marcou o primeiro encontro com a pessoa amada. O sapato que acompanhou a despedida de quem um dia conviveu conosco. O lenço que enxugou as lágrimas
Filosofia Clínica e os elementos da inventividade Bruno Packter Filósofo Clínico Florianópolis/SC A característica central do procedimento clínico Atalho é a inventividade, a doxa, a criatividade. Isso em geral é atestado no convívio com a pessoa, mas deve ser respaldado pela compreensão da historicidade desta. A grande característica das pessoas que utilizam este submodo, e que aparece muito, ao longo da historicidade ou em alguns eventos da vida, é ter por hábito o olhar diferente as coisas que para os outros são iguais. Algumas pessoas constroem seus Atalhos, ou seja, criam novas saídas na vida através dos impedimentos, dos obstáculos. Isso quando o submodo Atalho estiver associado ao procedimento clínico Em Direção ao Desfecho, mesmo que ainda tenhamos aqui somente os indícios. Saberemos se o Atalho será ou não producente à pessoa através da história de vida dela. Por exemplo, se a pessoa está inserida em uma instituição dogmática, fechada, provavelmente as questões da
Eu não consigo chegar lá. Alguém pode me ensinar? Jussara Hadadd Filósofa Clínica, Terapeuta sexual Juiz de Fora/MG A participação da função sexual é muito importante na formação do psiquismo humano, mas há ainda hoje, principalmente entre os povos ocidentais, certo preconceito de culpabilidade, relacionado à atividade sexual feminina. O corpo feminino ganha contornos de sensualidade e erotismo, além de ser um instrumento de prazer para a própria mulher, seja na relação sexual, seja na prática da masturbação que passou a ser denominada também de autoerotismo, algo até então inimaginável. A virgindade não é mais imposta como norma para todas as mulheres. A mulher na fase da menopausa ganha novas possibilidades para o exercício de sua sexualidade. A imagem que se fazia da mulher era de alguém frágil que precisava ser decifrado, e o orgasmo algo a lhe ser oferecido. Hoje, na contramão da história, percebemos que tais problemas ainda habitam o ambiente do mundo masculino, sobretu
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXV* "(...) considerei a rua um ser vivo, tão poderoso que consegue modificar o homem insensivelmente e fazê-lo o seu perpétuo escravo delirante (...)" "Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem" "Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos 'flâneur' e praticar o mais interessante dos esportes - a arte de flanar" "A rua continua, matando substantivos, transformando a significação dos termos, impondo aos dicionários as palavras que inventa, criando o calão que é o patrimônio clássico dos léxicons futuros" "O homem chora, ergue os olhos para o azul do céu, a menor das suas ilusões povoa-o de forças invis
Cambalhotas do mundo Patrícia Rossi Psicoterapeuta, Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Hoje eu não vim falar de moda. Nem vim falar de maquiagem, nem de sapato, nem bolsa, nem creme, nem vestido. Hoje eu quero falar de gente. Quero falar de sentimentos, de corpos, de almas, de encontros e desencontros. Já pararam pra pensar em como o mundo não dá apenas voltas, mas dá cambalhotas? E o mais curioso, com todos nós dentro dele? Pois é, pois é! Embaralha tudo que estava quieto, em seu devido (será?) lugar, no seu canto, do seu jeito, na sua quietude. Ele vem, e como um tsunami ou um furacão, arranca tudo do lugar, mistura, reorganiza, bagunça, e leva as coisas e pessoas não se sabe pra onde, e te põe de frente com não se sabe o que, ou quem. E no começo você chora a falta do seu lugar, do seu espaço como era, das suas coisinhas ali inertes, e se assusta com aquela imensidão de incertezas, de coisas belas e feias que você jamais poderia imaginar se tivesse continuado quieto no seu
Dublin, Irlanda Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica O rapaz contou em tom casual, literatura de passeio, que se casou com um casal. Quinta-feira, 25 de setembro, uma tarde de sol na Irlanda. Bem, ele se casou com um casal, mas como ele era anteriormente casado, perguntou se existiria algum grau de parentesco entre sua mulher e o casal com quem se casou. Um casamento verbal, sem papel, porque “no verbal o mundo parece mais íntegro” – foi o que ele disse. Reparei que ele tinha as unhas das mão esquerda pintadas de azul; as unhas da mão direita eram carmim. Esta situação vertiginosa para muitos de nós torna-se menos rara a cada dia. As interseções deixam os limites dos padrões e rumam para complexidades maiores e maiores. Algumas pessoas adoram concepções que dificilmente têm como ter desempenho de eficácia ou eficiência juntas; no entanto, as adotam exatamente porque é no impedimento que ela transitam com a espevitamento esportivo com que transitamos em um Ferry Boat em
Silêncio Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Sábado eu e minha companheira fomos num Shopping Center em Florianópolis onde as garagens ficam no último andar e, ao entrarmos, foi como entrar numa colmeia de abelhas, tamanho o ruído. Mas minha maior surpresa foi quando fui pela primeira vez no Corcovado (RJ), o ruído é coisa impressionante, eu não conseguia entender de onde vinha tanto ruído, é inacreditável. Como gosto de ouvir o silêncio... Às vezes vou para a Chácara da Lagoa somente para ouvir o silêncio. Ultimamente não tenho conseguido, até lá o barulho dos sons dos tocadores de CD´s dos automóveis têm quebrado aquele paraíso silencioso. Será que temos medo do silêncio? Ano passado emprestei o chalé para um colega que precisava se concentrar no seu trabalho de mestrado e pediu para se hospedar por três dias. Foi sem seu automóvel, pois pretendia se isolar do mundo e temia que se fosse com seu automóvel ele reto
ALMA GÊMEA Ildo Meyer Médico, Filósofo Clínico, Escritor Porto Alegre/RS Parecia um dia como outro qualquer, mas não foi. Modificou minha vida. Acordei às oito horas, tomei café e sai para praticar a rotineira corrida matinal. Já havia percorrido uma boa distância quando percebi alguém se aproximando. Olhei para trás e vi um cão correndo para me alcançar. Era um boxer branco, magro, sem coleira e com algumas marcas no pelo. Não identifiquei se eram feridas cicatrizadas, micoses ou simplesmente marcas de nascença. Não importa. O cão começou a me acompanhar. Não deu um latido, sequer olhou para mim. Simplesmente quis correr ao meu lado. Achei engraçado e imaginei que logo adiante ele iria cansar e me abandonar. Não foi o que aconteceu. Depois de cinco minutos juntos, percebi que estávamos em perfeita sintonia. Quando eu aumentava a velocidade, ele correspondia. Quando parava em algum sinal de trânsito, o cão ficava ao meu lado. Era como se houvesse sido treinado desde
Redes Sociais e Ética Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Estamos conectados com os mais modernos meios de comunicação virtual: Facebook, Twitter, Orkut, Msn, Google +... Todos estes recursos modernos chegaram para facilitar a vida. Muitos tem acesso a internet e consequentemente as redes sociais. Hoje estas mesmas redes sociais se encontram nos celulares, Tablet’s, IPad, IFone. Carregamos o avanço tecnológico em nosso bolso. Mas como temos usado estas redes sociais? Quais os benefícios destas redes sociais? Existe algum perigo escondido no uso destas novas mídias? Toda moeda tem dois lados. O mesmo acontece com as redes sociais. Muitas pessoas procuram usar com sabedoria as Redes Sociais. Outras, no entanto esquecem-se de uma palavra importante e que aos poucos vai perdendo seu sentido em nossos tempos: o limite. Entre o particular e o público muitos acabam tornando a vida um livro aberto demais. Expõe-se de tal maneira que caem no ridículo. Em épocas em
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXIV* "Palavras de ordem não toleram as brumas, pois é lá que moram os sonhos. Luminosidade total para tornar impossível sonhar. Pois os sonhos são testemunhos de que a alma se recusa a se tornar um pássaro engaiolado" "Poesia: o esforço desesperado para dizer o que não pode ser dito. Silêncio: o Vazio onde vivem criaturas impensáveis, protegidas pela escuridão!" "O deserto é belo porque, em algum lugar, ele esconde um jardim" "Cada sonho é um testemunho de que o Paraíso ainda não chegou" "No mundo descrito por Orwell, 1984, sonhar era crime, e um homem foi preso porque, ao dormir, falou o seu sonho. E, fazendo isso, confessou que sua alma voava longe" "Para uma lagarta não há nada mais lindo que coisas que se assemelhem a ela. No mundo das lagartas, até os deuses são lagartas. Mas as borboletas obviamente dirão: tolice..." "(...) 'Ali, onde penso, lá não estou'.
Multidão, sociedade imaginável invisível Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filosofa Clínica, Escritora Juiz de Fora/MG Foi de Hillman que tomei emprestado este título. Hillman foi para o mundo de Hades em pleno sol em escorpião, 27 de outobro 2011. Psicoterapeuta brilhante e rebelde, demonstrou que o Self, não se encontra apenas como subjetividade, mas na interação com o mundo. A alma está no mundo. Habita em nós uma multidão que vive na relação contínua com o mundo. Já dizia o poeta Walt: - Sou múltiplo, contenho mim multidōes. Esta multidão chora e ri, sofre e se deleita de amores, relaxa e goza.... Agendamentos invisíveis. Imagens que dizem mesmo sem palavras. E alguns pensam não haver inconsciente. Que eles comandam, comandam. E toda nossa historicidade se apresenta como complexos. Complexos que nos paralizam, quando devíamos agir. Que gera a depressão e múltiplas ansiedades. Tomar consciência de nossa realidade psíquica é fundamental. Não somos tão bonzinho

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