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Fragmentos filosóficos delirantes XCXIV*


"(...) E algum tempo depois, eles que haviam transposto seus confins, por caminhos singulares se encontraram, e, se não foram felizes para sempre, ao menos conquistaram, com risco e aflição, o dom de partilhar o seu sinal, que os marcava e isolava de todos os demais."

"Não tentem me explicar, não me prendam, escrevi certa vez, mas podia ter escrito 'não me matem', como se espetassem uma borboleta no alfinete das interpretações."

"É preciso entregar-se à minha narração, andar pelos caminhos dela, rolar em suas enconstas, afogar-se em suas águas como eu tantas vezes fiz, para me acompanhar."

"Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse conflito se tornou quase esquizofrênico: de um lado, precisamos ser como todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, pertencer; por outro lado, é necessário preservar uma identidade e até impor-se, às vezes transgredir para sobreviver."

"Para ter um relativo controle de nossa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser - à revelia dos modelos generalizantes."

"Quando se acumulam os anos, a paisagem que avistamos se torna mais variada, a perspectiva é de quem vai subindo - às vezes com asas, outras de joelhos, dependendo da situação, da personalidade, das escolhas, dos azares e das fatalidades de cada trajeto."

"(...) independente de todas as conjeturas e filosofias e cálculos e inovações, somos desgarrados, e nos atrapalhamos, e buscamos no lugar errado, ou acertamos sem querer - para surpresa nossa."

*Lya Luft
Histórias do tempo

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