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Mostrando postagens de julho, 2012
A razão violada* “A linguagem, voltada sobre si mesma, diz o que por natureza parecia escapar-lhe. O dizer poético diz o indizível.” Octavio Paz Um dialeto dos subúrbios se oferece na palavra maldita. Sua desconexão aprecia ampliar os horizontes do discurso bem comportado. A irrealidade dessas páginas desencontradas possui o barroco das possibilidades incompreendidas. Muitas vezes se parece com uma região de exílios, onde conjecturas expõe o absurdo e tênue abismo onde ser e não-ser são. Resultante da interseção do sonho com a utopia, sua alegoria parece seguir à deriva de si mesma. Num movimento existencial difuso, semelhante ao lirismo dos super-heróis internados, parece encontrar a retórica perdida. No lugar extraordinário de todo lugar, visibilidade e cegueira ressoam mensagens cifradas. Nas entrelinhas de tudo e nada uma atenção insone se diverte a distorcer eventos do dia nos territórios da noite. Talvez esboço para saber a versão das alturas, sobrevoos, mergu
Leituras de Filosofia Clínica I* “O pastor Miguel Brun me contou que há alguns anos esteve com os índios do Chaco paraguaio. Ele formava parte de uma missão evangelizadora. Os missionários visitaram um cacique que tinha fama de ser muito sábio. O cacique, um gordo quieto e calado, escutou sem pestanejar a propaganda religiosa que leram para ele na língua dos índios. Quando a leitura terminou, os missionários ficaram esperando. O cacique levou um tempo. Depois, opinou: — Você coça. E coça bastante, e coça muito bem. E sentenciou: — Mas onde você coça não coça”. Eduardo Galeano** Na Filosofia Clínica há um elemento denominado interseção, importantíssima para a prática do consultório. Ela é dividida em interseção positiva, negativa, confusa e indefinida. Não necessariamente o exercício de consultório deverá ser totalmente baseado na interseção positiva, até mesmo porque às vezes o partilhante precisa de outras formas de interseção para que o andamento dos trabalhos em consultório
O avesso do avesso* Às vezes, há instantes que – como respirações suspensas e eternizadas pelo tênue ar que mantém a fugacidade do momento – traduzem os infinitos que nos compõem e transpiram a vitalidade da essência de que somos feitos, como se conseguissem concentrar num átimo toda a potencialidade da existência. Momentos assim são como pérolas escondidas em conchas vigorosas que resistem em se revelar, temerosas de que seu valor jamais seja devidamente apreciado. E, no entanto, expressam uma preciosidade que não pode ser transposta na insanidade da realidade que ofusca e que muitas vezes nem mesmo se percebe. A vida é mais do que o avançar do tempo, muito mais do que o contar dos batimentos. A vida não se esgota e não se permite rótulos, embora as vendas se acumulem nos olhos de quem se recusa a verdadeiramente engolir a pílula vermelha... cor do sangue de que nos alimentamos, da maçã que nos incita a não resistir tanto às tentações, da vibração que nos mantém aquecidos e atent
Fragmentos filosóficos delirantes XCXVII* "O filósofo americano Thoreau fala em algum momento de um quarto Estado. Ao lado da Igreja, do Estado e do povo, o estado do 'andarilho errante'. Que podemos entender através de todas essas figuras nômades que recusam a estabilidade sexual, ideológica ou profissional." "Claro, não é nenhuma novidade, mas, como em outros períodos de mutação, continuamos a analisar ou julgar os fatos sociais com critérios de outras épocas." "É preciso saber chamar a atenção para o fato de que os grupos sociais são constituídos do mesmo material que os sonhos que os habitam." "O imaginário social tem uma autonomia específica. É móvel, fugidio, polimorfo, mas não menos eficaz. E somente um politeísmo epistemológico pode levar a entender o advento das figuras em torno das quais se estrutura a ligação social." "O fenômeno incita à modéstia, por sua complexidade e também por sua indecisão. É nebuloso e plu
Vontades alheias* Alguns cogumelos vivem no mundo real; para eles, o devir é o que existe: a grama, a pedra, o orvalho que bebem, o tronco das árvores que eles mesmos ajudam a decompor. Há os que sonham, saltitam no imaginário, um outro mundo no qual Platão preferiria viver e no qual plantava a sua verdade. Era assim pra ele, diria o Hélio. É assim para muitos. Lá eles são fortes, têm bolinhas azuis na sua copa de guarda-chuva vermelho e por dentro são uma sanfona macia e doce. E há ainda os seres simbólicos, metafóricos, psicodélicos, mitológicos, que existem em outra dimensão, flutuam para não se espatifarem sobre os blocos duros da realidade – e nem do sonho, imagina! Conseguem sumir do espaço insosso, espaço grosso no qual vivem e que não conseguem mudar. A rotina de ir à missa, diz minha mãe, é um meio de vida para se ter condições para sobreviver na vida a que se reservou o cogumelo bege. Quero passar algumas coisas maravilhosas que as aulas do Mestrado em História me me
Apontamentos de uma estudante de Filosofia Clínica* "Hoje sou toda poesia... Sem melancolia, a vida segue seu rumo mais feliz, mais inteira, mais em paz! Se ontem fui tristeza, garanto que hoje sou paz. Por horas me sinto sentindo um contentamento contente de quem já viveu tanto em tão pouco tempo. Sou fardo, sou muito, sou "over", sou paz... Meu coração bate acelerado, de uma forma tão desordenada dentro da ordem da paixão que não caibo em mim Mas... De repente... Lembro Lembro do abismo que vivi em tão pouco tempo e percebo o quão arriscado é existir. Tudo tão incerto e desorientado que não há bússola para conseguir guiar essa louca delícia que se chama existir!" "O frio lá fora me faz querer ficar aqui dentro, agasalhada e quentinha. Um bom livro ou um programa de entrevista será uma boa! Refletir sobre a vida também faz sentido! Penso que reflito mais quando estou encolhida em mim mesma e isso o frio faz. Quase em posição fetal, posição de
Sobre a amizade* O tempo passa rápido e a distância não consegue sepultar um sentimento verdadeiro. Plantamos as sementes do amanhã no solo que cultivamos hoje. Assim é a amizade. Uma verdade plantada no jardim dos mistérios da vida. Cultivar é preciso. Regar também. Concordo com Sócrates quando sabiamente disse: “Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolver em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos”. No mundo competitivo em que vivemos uma amizade verdadeira torna-se tão rara como as pérolas escondidas em ostras no fundo do oceano. Talvez seja por isso que quando as encontramos sua beleza é inexplicável e seu valor incalculável. Pérolas são raras e especiais. Amizades verdadeiras também. Há um provérbio popular que diz: “Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a amizade”. Amizades verdadeiras não se quebram por futilidades. Elas resistem às duras tempestades das diferenças e se fortalecem com as esperanças partilhadas. Não gosto de sent
Direito ao Delírio* Querido leitor, paz! Hoje vamos refletir sobre um artigo do uruguaio, prêmio Nobel da Paz, Eduardo Galeano. Intitulado “Direito ao Delírio”, o artigo, que é originalmente apresentado de viva voz em um programa de televisão na Espanha, atravessa o mundo em diversos idiomas. Ele escrevia justamente na virada do milêncio, do século XX para o XXI e focava esperanças para o novo milênio que se apresentava. Existem coisas que são irretocadas. Este artigo é uma delas. Não vou lê-lo na íntegra, pois tomaria mais tempo que este programa tem, mas vou resumi-lo, tomando o cuidado de manter a sua originalidade. Ele diz assim: “Nasce o novo milênio. Nada de levar a questão muito a sério. Embora não possamos adivinhar o tempo que vai ser, nós temos pelo menos o direito de imaginar o que nós queremos. Em 1948 e 1976, as Nações Unidas proclamaram extensas listas de direitos humanos, mas a grande maioria da humanidade só tem o direito de ver e não ouvir. Então, que tal come
Todo dia, é dia Santo* Amar nunca é demais. Expressar o sentimento sempre que possível, não expõe ninguém a risco algum. Fazer amor para expressar o que sente pela pessoa amada, é opção de cada um. Fazer isto todo dia, também é. Você tem alguém disponível todos os dias? O nível de desejo de vocês dois, corresponde em numero, gênero e grau? Então qual é o problema. Você nem ama tanto assim, mas tem alguém legal, com uma química incontestável que está com você todos os dias e tudo possibilita que vocês transem sempre, de manhã, a noite antes de dormir, no final de semana umas seis vezes. Isto é um problema? Não existe problemas nem riscos à saúde por fazer amor todos os dias e na hora que der. Nenhuma vagina vai se dilacerar e nenhum pênis, jamais vai ficar machucado ou coisa desse tipo. Ninguém vai ter estafa, nenhum coração vai parar, muito pelo contrário. O grande problema da frenquência nas relações sexuais, está em o casal não estar ajustado de uma forma ou de outra. O g
Adeus Pimbo, a-Deus Sou do tempo antigo. Quando decidi casar, pedi a mão da noiva ao Pimbo, meu futuro sogro. Ele concedeu, com uma única ressalva: - faça minha filha muito feliz. Quando nos divorciamos, mais uma vez o procurei e tivemos outra conversa formal.. Expliquei que havíamos tentado várias alternativas, mas não conseguíamos mais ser felizes juntos. Seu pedido perdera a validade. Ele me abraçou, disse que gostava de mim como um filho, lamentava demais, porém precisava respeitar nossa decisão. O casamento terminou, a amizade permaneceu. Agora ele está morrendo. Estado vegetativo em um leito hospitalar, com os dias contados. Fomos nos despedir, eu e meu filho. Chegamos à noite. Estávamos a sós com ele no quarto, apenas uma atendente de enfermagem semi-dormindo no sofá ao lado. Não queria que aquilo fosse apenas mais outra formalidade, mas não sabia como me comportar. Tampouco meu filho. Aproximamo-nos, despidos de defesas, com o desejo de dizer adeus ao ex sogro, ami
Para todas as outras coisas, use Mastercard* Dizer tudo em uma frase é algo que pode facilitar coisas que não necessitam mais do que isso. Se não por outros benefícios, ao menos diríamos tudo em uma frase. Livros maçudos, filmes que passaram do fim, óperas, um discurso inteiro que escreveram para o Lula, tudo em uma frase e poderíamos ir embora. A frase diria tudo. Duas frases, dois livros. Como é que a Hyundai vende um Tucson? A gente abre a página dupla de uma revista, encontra o carro virado para lá, vários adesivos indicando prêmios e outras coisas que não lemos, mas que indicam isso, e uma frase: escolha o melhor do mundo. E, pronto, já sei porque devo comprar um automóvel automático no valor de R$ 115000,00. Por que eu compraria um notebook que tem em qualquer lugar no Ponto Frio? Porque lá eu posso pagar em doze vezes sem juros. E mesmo que eu possa fazer isso em qualquer outro lugar, eles é que estão me comunicando o fato. Sinto-me como um Tucson automático, o melhor do
Erasmo de Rotterdam* LOUCURA E RAZÃO Elogio da Loucura foi dedicada a Thomas More. Editada primeiramente em 1509, na qual a loucura é uma deusa determinadora das ações humanas. Organizadora das cidades, mantenedora dos governos e da religião. Essa obra é relevante no movimento renascentista (KANTORSKI, 2010, p. 241). “Erasmo de Rotterdam soube atacar, com muita astúcia e capacidade, os abusos e as contradições presentes no clero e em toda sociedade de sua época, sugerindo alternativas para uma vida moralmente correta” (KANTORSKI, 2010, p. 243). Na obra erasmiana a deusa grega é vista como força de energia do cotidiano. Trata-se de um monólogo na qual a loucura apresenta os motivos que a torna cultuada. Mostrando, assim, sua relevância e superioridade às demais faculdades humanas, baseando-se nas ações dos próprios homens formando “as cidades, os governos, a religião e a própria vida, consistindo em uma espécie de divertimento da mesma” (KANTORSKI, 2010, p. 244). Nessa obra,
O LUGAR DA SENSIBILIDADE E DE PASCAL* Num tempo em que os valores estão em crise e a humanidade vive o caos mascarado em desenvolvimento, o homem se encontra perdido, sem saber para que lado ir. O estresse, a frieza , a superficialidade, a agressividade, a competição, a compulsão, os vícios são sintomas de uma sociedade doente emocionalmente. No isolamento as pessoas estão cada vez mais sós a buscar um mundo virtual para preencher este vazio existencial. Neste ponto de mutação, momento de transição, é preciso resgatar a sensibilidade e colocar a compaixão, o amor , a estética, a relação com os outros no plano de frente, ou morremos todos de depressão e tédio. Pascal, o filósofo do século XVII, integra a racionalidade com a afetividade. Ele afirma que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Sua filosofia nos auxilia a resgatar a sensibilidade perdida. Ele nos coloca diante a faculdade emocional em uma era marcada pela supervalorização do racionalismo, cientificism
O que é um Remédio* Querido leitor, que você esteja em paz! Hoje vamos refletir sobre remédio. Há anos venho ouvindo e assistindo nos meios de comunicação propagandas de remédios e até dos locais onde são vendidos. “Melhore sua saúde, tome o remédio tal”, ou “Empresa tal, o endereço da sua saúde”. Enfim, exemplos não faltam. Sempre que ouço as propagandas, logo me vem à mente um pensamento: remédio não é para quem tem saúde, é pra quem está doente. E observando melhor a palavra “doente”, logo percebo que há um “ente” e, aqui, ente é um ser, uma pessoa. Portanto, indo um pouco mais a fundo, concluo que doente é um ser que não está com saúde. É aqui que entra o remédio. E remédio, é bom lembrar, vem de meio, ou seja, trazer a pessoa doente para o meio, “remediar”. Quando nos passamos, seja física ou psicologicamente, na grande maioria das vezes vêm os efeitos colaterais e, para muitos, a somatização. Surgem as doenças das mais variadas formas e locais e contar destas, a forma ma
Sentenças possíveis* “De onde as coisas têm seu nascimento, para lá também devem afundar-se na perdição, segundo a necessidade; pois elas devem expiar e ser julgadas pela sua injustiça, segundo a ordem do tempo”. (A sentença de Anaximandro – tradução de F. Nietzsche). Que o austero filósofo me permita uma espécie de licença poética e/ou talvez temporal – forçosamente adaptada aos nossos dias – de suas palavras. Mas me ocorreu, enquanto relia a sentença, que na nossa atual dimensão espaço-tempo, parece que sofremos uma espécie de sentença em escala planetária, associada aos prenúncios quase apocalípticos de que estamos à beira do caos existencial, pragmaticamente falando! Obviamente que estamos atravessando momentos críticos, no que tange à consistência física, estrutural e social do planeta, entre outros fatores. Mas creio que já estamos nesta fase há algum tempo. Talvez devêssemos começar a agir como as crianças que se encantam e buscarmos uma postura mais deslumbrada diante
Sexo foi feito pra fazer e ter prazer* Se tem uma coisa que é completamente relativa, é o resultado do diálogo quando utilizado para resolver desajustes na vida sexual de um casal. Cada dia fica mais provado, que sexo a gente faz e pronto. Deu certo, ótimo. Não deu. Aí vai depender muito das partes envolvidas serem coerentes e coesas o suficiente para, a partir de uma conversinha, a coisa ir se arrumando. É possível e inteligência, resolve bem isso. Vai depender muito do quesito receptividade e mais ainda de uma virtude extremamente difícil de ser praticada. A humildade. Vai depender ainda de a pessoa te amar a ponto de querer te agradar, mesmo que isto a fira de alguma forma. É bom saber que muitas pessoas amam egoisticamente, ou seja, desde que você as ame mais e nunca as contrarie. É muito difícil para alguém ouvir: É bom, mas... Foi bom, mas... Mais difícil ainda, é aquele que gostaria que algo fosse melhor no outro, precisar se manifestar ou pior ainda, suportar o que fa
Filosofia Clínica e Aconselhamento Pastoral* Muitas são as demandas quando entramos em contato com outro ser humano nos atendimentos paroquiais. Tão vastos quanto os mistérios do ser humano são as dificuldades apresentadas pelo mesmo no processo de construção de sua história pessoal. Cada pessoa é única, e esta singularidade precisa ser respeita. Fórmulas prontas não servem para todas as pessoas. No atendimento pastoral cada caso é um caso, cada história é uma história, cada lágrima é uma lágrima. Há lágrimas de felicidade e de dor. Há expressões faciais e gestuais diferentes. Há silêncios que podem dizer mais que mil palavras. Tudo isto é matéria prima para aquele que tem diante de si não apenas mais uma pessoa, mas sim um ser humano. Fato é, que cada pessoa que procura um padre, não chega ali por acaso. Ela traz consigo um assunto imediato, que nem sempre é realmente a causa de ter chegado até ao padre. Muitas vezes o assunto imediato da procura pode conduzir a um assunto últ
Segredos incompreendidos* “(...) certas conquistas da alma e do conhecimento não podem existir sem a doença, a loucura, o crime intelectual (...).” Thomas Mann A estética do delírio é uma das maneiras da natureza exercitar seus dons, transgredir definições, emancipar horizontes, transbordar limites. Via de exceção por excelência, esse instante de milagre possui linguagem própria. Atribui indícios ao murmurar vontades sobre o sonho dos buscadores de segredos. Nesse vagar incompreendido, a sina do inventor de amanhãs se desdobra diante do precipício das ameaças, contornos de paixão antiga pelas fendas dos padrões discursivos. Uma expressividade assim poderia ficar impronunciada, refugiada nalguma peça de ficção ou desconsiderada pelo saber poder especialista. É admirável no vislumbre descritivo, a interseção onde ingenuidade e descoberta se tocam. Seu momento de atração irresistível sugere, entre influência e agendamento, novos roteiros de saber incerto. João do Rio: “A
A riqueza contida na história de vida* A nossa capacidade de reviver momentos e fatos ocorridos no decorrer da vida pode ser uma experiência intensa e reveladora. Muitas vezes uma fotografia, um aroma, uma flor, uma música nos remetem à vivências intensas que de alguma forma estão registradas na nossa existência. A hitória de vida diz respeito à tudo aquilo que a pessoa vivenciou, sentiu, pensou, intuiu. São registros que nos acompanham no decorrer da caminhada existencial que é unica, singular a cada pessoa, mas também influenciada por questões culturais, religiosas, sociais entre tantas outras que se encarregaram da padronização de certas ações ou comportamentos. Algumas pessoas não se interessam evitam ou ficam desconfortáveis ao visitar sua história. Outras encontram aí um rico manancial de respostas para questões atuais, tomada de decisões e alívio para certas dores do corpo e da alma. A visita à própria história pode ocorrer da várias formas. Algumas pessoas ao acessá-l
Respeite a vida e o tempo do outro* Por que todo ser humano tem a pretensão de achar que pode interferir na vida alheia? Ou dando palpites, ou pitacos, opiniões… Diferente de um psicólogo, psicanalista ou terapeuta que faz a pessoa buscar suas verdades, suas razões, seus princípios e ir em busca da sua individuação, as pessoas em geral acham que têm o direito de invadir a vida alheia e opinar sobre aquilo que lhes convém, da forma que lhes convém, esquecendo que o outro tem uma trajetória diferente, gostos diferentes, escolhas diferentes e principalmente uma história de vida diferente da sua. Talvez seja porque temos a triste ideia de que todos devem seguir como nossa cabeça e nosso coração manda. É estranho saber que outros pensam de forma diferente. O esquisito disso tudo é que na maioria das vezes nós mesmo não sabemos em que direção seguir, pra que lado ir ou com quem ficar. Pior ainda quando cismamos de dar uma de Santo Antônio, Santo Casamenteiro, Cupido ou coisa que o va
Fragmentos filosóficos delirantes XCXVI* "As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou" "As obras de arte são de uma infinita solidão; nada as pode alcançar tão pouco quanto a crítica. Só o amor as pode compreender e manter e mostrar-se junto com elas" "(...) se possuir este amor ao insignificante; se procurar singelamente ganhar como um servidor a confiança daquilo que parece pobre - então tudo se lhe há de tornar fácil, harmonioso e, por assim dizer, reconciliador (...)" "Numa ideia criadora revivem mil noites de amor esquecidas que a enchem de altivez e altitude" "Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparaçã
Divagações V* Mais uma divagação no Alétheia. Estava no ônibus seguindo de Juiz de Fora (MG) para Teresópolis (RJ) enquanto ouvia algumas músicas do Teatro Mágico e lembrava uma série de coisas que a música me suscita (e que já relatei num texto anterior). Nesse caminho me vieram aulas que ando assistindo, textos que ando lendo, ideias, etc., enfim, conteúdos que geram o movimento (devir) de meus pensamentos e concepções acerca das coisas. Isso me fez repensar o que ando escrevendo na série Divagações. Repensei, mas não desfiz o que construí nos textos anteriores. Somente senti a necessidade de pensar alguns aspectos não tratados e tratar outros pouco tratados nos escritos precedentes. Encontro-me em um momento ímpar da vida (talvez todos o sejam). Instante em que, racionalmente, critico a tentativa de minha própria razão de querer dar conta de tudo. Tenho voltado a fazer uma coisa que há tempos não havia dado atenção: ouvir música com mais frequência. Isso me trouxe uma série
Diante da folha em branco* Escrever é uma catarse... quase um delírio. Difícil até mesmo dimensionar. Um movimento que transborda, vindo do que ainda falta ser dito, do que nem mesmo se entende, do que se pretende ou não e até do que não se consegue dizer. Vindo do âmago ou da superfície, não importa. O que conta é que costuma vir da alma, do que reconhecemos em nós mesmos; daquilo que se desafia, se precipita e se extingue. Uma eterna página inacabada; um eterno devir. Escrever é quase solitário, imprevisível, incrivelmente confortador! Mas não é um caminho simples. Que ninguém pense que é corriqueiro ou mesmo obviamente possível externar o que se sente ou o que se pensa. Pode ser até doloroso... de uma dor que machuca, mas que também compensa e se redime pelo sofrimento provocado, curando e renovando. Por conta do seu movimento, é uma ação autorreflexiva, autoflageladora, de onde não se prevê a consequência... quase uma loucura, exacerbada pela irresistível ação que a motiv

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