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O LUGAR DA SENSIBILIDADE E DE PASCAL*

Num tempo em que os valores estão em crise e a humanidade vive o caos mascarado em desenvolvimento, o homem se encontra perdido, sem saber para que lado ir.

O estresse, a frieza , a superficialidade, a agressividade, a competição, a compulsão, os vícios são sintomas de uma sociedade doente emocionalmente.

No isolamento as pessoas estão cada vez mais sós a buscar um mundo virtual para preencher este vazio existencial.

Neste ponto de mutação, momento de transição, é preciso resgatar a sensibilidade e colocar a compaixão, o amor , a estética, a relação com os outros no plano de frente, ou morremos todos de depressão e tédio.

Pascal, o filósofo do século XVII, integra a racionalidade com a afetividade. Ele afirma que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Sua filosofia nos auxilia a resgatar a sensibilidade perdida. Ele nos coloca diante a faculdade emocional em uma era marcada pela supervalorização do racionalismo, cientificismo e na veneração da tecnologia em que o homem se tornou insensível.

Pascal não reduz a vida humana ao mero racionalismo e mecanicismo. Ele afirma: “O último esforço da razão é reconhecer que existe uma infinidade de coisas que a ultrapassam”.

Pascal reconhece algo mais no homem, a sensibilidade. Ele disse: “ Não se ensina os homens a serem homens de bem, e tudo o mais se lhe ensina;e de nada se jactam mais que de ser homem de bem. Só se vangloriam de saber o que não aprenderam”.

Resgatar a sensibilidade significa observar a razão solta no espaço, dar asas a imaginação, ver e ouvir a poesia nos entorno, ter tempo de escutar o outro, sentir Deus em cada detalhe e agradecer cada mínimo detalhe da existência.

Hoje li um texto de José Castello: Uma magia modesta, e senti sua sensibilidade:

“Quando as força me fogem, quando o mundo me parece insípido demais, recorro aos livros de Thomas Bernhard. Não que le seja um otimista, longe disto. Não que ele seja um otimista, longe disso. Não que suas idéias me consolem. Bernhard me ajuda a enfrentar o deserto do presente. Não me dá forças, me mostra a inutilidade da força. Ele me dá coragem para reencontrar a delicadeza”.

“Refletir iluminados por pascal é colocar o homem no seu devido lugar, de ser limitado, que nada em sua constituição é perfeito. Há a necessidade da abertura a sensibilidade, uma sensibilidade generalizada, um verdadeiro esprit de finesse. A ética da sensibilidade generalizada é um apelo, talvez não tão novo, mas urgente e indispensável par nossa época. Blaise Pascal abre esta perspectiva. Olhar o ser humano na sua totalidade é o desafio e a solução para as futuras gerações e para buscar a autocompreensão e a via de solução de problemas tão humanos” disse Rodrigo Manzano.

A maior das razões, para mim, torna-se, pois a coragem de abrir o coração sem medo de viver a realidade tal qual ela se apresenta. Sensibilizar com tudo e com todos. Enfim, urge resgatar a sensibilidade e olhar para o outro e outros como iguais a mim a gritar por amor.

*Rosângela Rossi
Psicoterapeuta, Escritora, Filósofa Clínica
Juiz de Fora/MG

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