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O Tonel e a Gota D'Água*

O que está em profundidade é muito maior do que a gota d’água que transborda o copo. Mas é ela que aparece.

Não vejo mais sinais para seguir. Sou um cão farejador, preciso do outro para seguir, não consigo ir sozinha.

Sim. Tentei sozinha, mas creio não ter conseguido; o caminho tortuoso, a montanha alta demais.

Minha intuição me levou ao exótico que não acreditava ser-me possível viver. Mergulhei para os corais e peixes coloridos dentro do tambor de água da chuva.

Estou a milhares de quilômetros das estrelas e uma delas caiu cadente em minha mão. Estrela micro, nem sabia brilhar direito, também o cisne se imaginava pato.

Sento-me sozinha para escrever novamente para entender o bumerangue afiado da vida. O impulso para voar dá medo. As pequenas aves sempre planam?

O gelo vira uma superfície no chão pálido, oco. Já não é mais nada, disforme, isento, inodoro, insosso.

Só deitar e olhar para o teto procurando ver imagens.

Esta semana um estudante me perguntou sobre o pertencimento das alucinações a doenças mentais. Ora, eu as tenho. Você as tem quando usa seus brilhos no sábado.

As alucinações estão nas febres intermitentes, nos corações massacrados, nos corpos esquecidos, nas tardes de jejum, nas lutas com o imaginário. Tem uma alucinação correndo na areia ou é um tatuí?

*Vânia Dantas
Filósofa Clínica
Uberlândia/MG

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