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A busca do que é “íntimo” na minha tela de computador*

Nossa necessidade de outras pessoas é paradoxal. Ao mesmo tempo em que nossa cultura se encontra enredada na celebração de uma independência feroz, também ansiamos por intimidade e por uma ligação com um ser amado especial.

Voltando um pouco para a raiz da palavra “intimidade”, do latim “intima”, que significa interior ou “mais interior”, para alguns autores como o Dr. Dan McAdams, que trata do tema intimidade, frequentemente a define assim: “O desejo de intimidade é o desejo de compartilhar nosso eu mais profundo com outra pessoa”.

O psicanalista Social Erich Fromm afirmou que o medo mais básico da humanidade é a ameaça de ser isolado de outros seres humanos, que está relacionada afirma ele, a experiências humanas na tenra infância de onde se originam o medo, tristeza e mágoa.

Levando-se em consideração a importância vital da intimidade, como tratamos de conseguir intimidade na nossa vida diária? Se uma das definições de intimidade é estar próximo do outro, como analisar outras formas de contato que não seja o físico? “Para os especialistas da “Arte da intimidade”, que olham esta experiência como ‘ a capacidade de se conectar” com outras pessoas.

As definições encontradas são amplas, que inclui até nossos relacionamentos com objetos inanimados – árvores, estrelas e até mesmo o espaço. Entre formas ideais de intimidade e noções românticas ao longo de nossa história, percebemos que estes hábitos culturais variam de cultura para cultura. Por exemplo, para a cultura Surda que não tem muito o hábito do toque, a não ser que o outro seja surdo-cego, a via para a intimidade é a habilidade de se comunicar através da Língua de Sinais Brasileira.

Para outras culturas como a asiática que são menos vulneráveis ao tipo de decepção que leva desintegração dos relacionamentos por não valorizarem os sentimentos pessoais, a regras técnica e formal, traz mais resultado.

Enfim quando não temos os veículos disponíveis para nos consolarmos uns com os outros por meio de abraços e apertos de mão, nos consolamos por vias indiretas como as que utilizamos nas redes virtuais especialmente, através dos bate-papos, chats, mensagens, textos, imagens, etc.

E em outra modalidade de intimidade entre duas pessoas, não posso deixar de citar a partilha terapêutica, onde o corpo do meu partilhante é um “livro vivo", segundo a Filósofa Clínica Idalina Krause (A Arte de Partilhar-2007): “Somos uma opção viva diante do outro, é se ver e se mostrar, é um exercício existencial”.

O corpo também é uma unidade expressiva afirma Krause, que se explicita na linguagem através de suas percepções singulares. A forma singular do diálogo vai depender da historicidade de cada um.

Portanto precisamos urgente expandir nossos conceitos de intimidade para descobrir através de mediações ou não, muitos modos novos e igualmente satisfatórios de conexão com os outros., formando laços profundos e autênticos baseados na humanidade comum.

*Ivânia Egas
Professora Especialista em Educação Especial e
Filósofa Clínica.
Manaus/AM

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