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Percepção...*

Sinto-me mais perceptiva, não sei se eu mudei ou foi o mundo que mudou. Olho para o outro e compreendo suas complexidades por mais estranhas que possam parecer à muitos. Talvez esteja compreendendo melhor o meu "Eu" e, de repente, como num susto, o "Eu" do outro é tão meu que não me espanta mais certas atitudes. Talvez esteja me permitindo a dar maior atenção a minha sensibilidade ou talvez esteja passando por um profundo estado de compaixão. Só sei que a vida se torna mais possível quando tentamos compreender os motivos de todas as ações humanas. Por mais que nos pareçam diferentes essas ações há um porquê respeitável para tal.

Ando pela rua e olho ao redor. Pessoas passam, riem, falam, brigam. Sinto-me como uma pessoa num grande teatro, onde cada qual, representa seu papel social. Inclusive eu! Mas, nesse momento, leio os sentimentos escondidos de certas personagens que não me passam desapercebidas e como num jogo aleatório quase sinto o "motivo" de tais papéis. Sinto minha intuíção aflorada e agradeço a oportunidade de deixar que minhas máscaras de pré-juízo caiam.

Julgar é muito fácil e prático, não requer muitos questionamentos. Porém, não julgar e tentar entender verdadeiramente a questão alheia é um trabalho árduo que tenho exercitado ultimamente. Não me sinto uma pessoa melhor nem mais sábia por isso, percebo que cresci de certa forma como pessoa humana e isso sim me faz sentir mais leve e feliz.

Continuo no caminho evolutivo da vida com minhas inúmeras angústias e incertezas, percebo que estou mais sucetível ao novo, entretanto estou aprendendo a dizer não, um não ainda culpado por talvez achar e pensar que seria melhor dizer sim. Difícil transformação! Por conseguinte dizer não também é um grande aprendizado. Doloroso sim, pra mim, talvez para outras estruturas de pensamento seja indolor.

O mais importante é saber que existem certas posturas que não aceito mais e quando se descobre que se é livre para escolher, de fato, como viver e conduzir a própria vida, sente-se uma autonomia indizível, onde ninguém mais poderá ser responsável por nossa infelicidade ou felicidade.
Sartre tinha razão quando dizia que estamos condenados á liberdade. Diria que é uma condenação salutar!

*Vanessa Ribeiro
Matemática, filósofa, atriz, dançarina, estudante de filosofia clínica
Petrópolis/RJ

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