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Presenciando mudanças e reconhecendo genialidades*


Mudei-me de república (moradia compartilhada por estudantes) este ano. E, para minha feliz surpresa, fui morar com pessoas fantásticas com focos na vida e origem das mais diversas. Dentre essas pessoas, gostaria de comentar sobre o que notei em duas, especificamente. Não vou entrar em detalhes e falar diretamente de algumas características para não expô-los demasiada e desnecessariamente.

Falo de dois colegas que hoje posso chamá-los de amigos. A convivência diária e a distância da cidade de origem e da família acabaram por me fazer considerá-los minha família. Dois irmãos (morei e vou morar com mais pessoas na mesma república, mas estou tratando desses dois somente) que obtive graças a caminhos que se cruzaram. Dentre várias metas que temos, partilhamos uma em comum: estudar.

Gostaria de elencar, sem delongas, algumas características sem, contudo, especificar a quem se refere. Um deles é um gênio. Não penso genialidade como oriundo de alguém superior ou de característica inata, mas de alguém que cultivou desde cedo algumas capacidades, ou melhor, habilidades. Conheço-o há pouco mais de um ano. Admiro sua capacidade de lidar com as palavras. Um leitor assíduo e escritor nato tanto de textos acadêmicos quanto de literatura. Escreve contos e poemas ótimos, até para quem (eu) não cultivou o gosto pela leitura poética.

O outro conheço há menos tempo, mas não o conheço menos do que o primeiro. A convivência diária e longas conversas, sobre temas que vão desde o comportamento humano mais banal até as questões do universo, ajudaram nesse processo.

Aliás, muitas dessas conversas tornaram-se motivações para alguns textos deste blog. Uma característica fantástica dessa pessoa, aliada à sua inteligência, está na capacidade de abrir-se a mudanças, a novos pontos de vista, a interagir com perspectivas diversas. Talvez seja característica própria de uma mente inteligente a disponibilidade para mudar.

O poeta/filósofo também me serviu de inspiração quando resolveu mudar hábitos e aparência. Foi muito bacana presenciar a determinação de um jovem de melhorar a saúde. Seu lema hoje é “geração saúde”, acrescido da epígrafe de seu quadro de anotações “faça amor, não faça barba”.

O físico/filósofo com sua capacidade de plasticidade, demonstrou-se em “essência” alguém que heraclitianamente falando, permanece na mudança, não deixando de ser o mesmo. Suas ideias, convicções, afirmações, pontos de vista, estão em constante mudança. Aberto a toda fonte que lhe traga conteúdo a ser refletido, não se fecha nem àquilo do qual antes preferia a distância. Ainda que seja somente para o respeito, toda ideia da qual divirja é ponderada.

Não é somente o interesse comum pela filosofia que nos aproxima. Além também do gosto pela boa conversa e por partilhar uma mesa repleta de petiscos e cerveja e, sobretudo, mulheres, gostamos de escrever. Somos blogueiros. Eu com o Alétheia, Rogério com o Un Quimera e o Davi com Sísifo e o Absurdo.

Esse é um tributo a esses amigos (no vocabulário da nossa república – ao modo dos jogos de linguagem wittgeinsteinianos – o termo homenagem não cabe aqui). Espero que vocês deem uma olhada nesses blogs. Para quem gosta de boas reflexões e conteúdo, não vão se arrepender.

*Miguel Angelo Caruzo
Filósofo Clínico em Juiz de Fora/MG

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