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Escrituras, desleituras, releituras IV*

"A leitura haverá de ser sempre uma ética. Incumbe-lhe ensinar o homem a viver e a respirar o universo"

"Ao contrário de Machado de Assis, que se mascarou para exercer uma realidade que só se realiza plenamente no espaço da metáfora, Lima Barreto presumiu que a projeção verbal da realidade - que é uma criação, e portanto, a passagem para outro universo - dispensa a intermediação estilística, exclui a máscara capaz de revelar o verdadeiro rosto da vida"

"Obra aberta, Dom Casmurro assenta a sua verdade romanesca na ambiguidade, sendo, pois, esteticamente irrelevante interrogar-se se Capitu é culpada ou inocente, se andou de amores escondidos com Escobar ou se tudo não passou de imaginações de um temperamento ciumento, sensual e doentio como Bentinho"

"(...) nossa identidade é sempre uma versão ou uma relação"

"(...) escrevo os meus poemas e a Poesia, sendo alquimia e vertigem, corresponde ao uso supremo da linguagem e ao mais alto e primoroso nível da escrita"

"Como nas fronteiras secas que unem países e nacionalidades, em lugar de separá-los, e chegam até a gerar uma língua comum, o escritor e o poeta coabitam nesses figurantes literários"

"Mas, no meu caso pessoal, o fato de ter publicado prosa e verso induz o interlocutor eventual a impor-me uma divisão profissional, como se eu fosse dois e não uma sempre inacabada integridade"

"Transeunte de uma avenida de interrogações, não sei se a Poesia pertence a Literatura ou se constitui uma outra capitania da vida e da Linguagem"

"Ao de mais, prosa e poesia não são categorias incomunicáveis, compartimentos estanques. Entre ambas se sucedem vizinhanças de pé de porta, intimidades, gradações semânticas, terras de ninguém e das duas"

"A Natureza é um livro que reclama uma leitura, a adoção de um código, de um elenco de sinais"

*Lêdo Ivo
1924 - 2012

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