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Mostrando postagens de março, 2013
Do Teatro* Acrescento "a coisa em si” do teatro a troca entre os atos cênicos no corpo e na expressão do ator em contra partida a resposta viva da platéia Esta relação tão próxima não permite cópia ou replica cada dia de espetáculo é único, tão único quanto o publico. O clima cênico transporta o espectador a um portal para uma nova realidade, tão viva quantas aquelas da caverna mencionada por Platão, neste caso o ser através de suas emoções se vê diante de suas próprias sombras de seus vestígios existenciais. (uma espécie de caverna perceptiva) apresentada por outro também perceptivo. Para que se possa viver o momento e a proposta da dramaturgia é preciso um desligar-se do mundo das idéias e permitir-se a utilizar seus sentidos para captar os dados daquela realidade, que bem sabemos não é a coisa em si mais um sinal da mesma. O tempo cênico não permite racionalizações elaboradas. Não se pode rebobinar para ver de novo e assim um saber é capturado, este saber semp
O Som do Universo* O céu tem um som? Mas qual é o som do céu? Não sabemos... Mas sabemos, desde Platão, que vivemos de música! O Universo é musical e a musicalidade do Universo precisa ser sentida! Peguei-me pensando nisso porque é fato na minha vida que eu vivo com a cabeça embotada em música! Ao longo de um dia são pelo menos três músicas distintas a entoarem na minha cabeça. Umas repetem mais do que outras. Talvez porque, naquele dia, tenham mais significado e por isso parecem chicletes. Não sei ao certo quantos filósofos falam sobre a musica do Universo, mas sei que há! Meu filósofo preferido é Bergson e ele utiliza muito o exemplo de uma melodia para exemplificar o fluxo contínuo do tempo real: a Duração. Ele diz que a melodia nos carrega! E, pensando nisso, digo que música não é só letra, mas principalmente melodia e harmonia. Acho que procuro isso: melodia e harmonia pra minha vida. Talvez por isso seja tão musical! Esse Universo que nos cerca e do qual fazemos parte é t
Apontamentos, poéticas noturnas VI* Procura da Poesia Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a natureza nem os homens em sociedade. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques
Lua Lua* Ela está aqui, numa noite mais adentro. Nua e não crua. Uma Lua Lua. Dá continuidade a anterior de forma imperceptível, refinada e com raízes mágicas e impressionantes. Mas não se engane: ela vem potente e mágica, sutil e trágica, e deve ser recebida, de qualquer modo, pois será difícil escapá-la. Sua experiência vem em forma circular e perfeita, com efeitos vertiginosos que, de forma paradoxal, trarão a visão de, no mínimo, um duplo. Sua dança apresenta-se ilógica, central e abrangente, em um compasso não frequente. Suas referências estão implícitas e sua proximidade acessa lugares conhecidos há tempos. Dará realmente chance para um poderoso sentir, uma localização rumo a um possível e estrondoso sentido, em um caminho impreciso. Na minguante é que esta noite será mais noite, e nesta ausência de luz haverá possibilidade de de cocria-la, com espaço para desenvolver-se em um auto-magistério, que seguirá altamente estimulado. A busca de um sentido apresentar-se-á, no
Escrever* A palavra pode ser um bálsamo que alivia as dores ou um veneno que produz feridas na alma. Escrever é sempre uma arte complexa. O campo literário é tão vasto quanto os mundos que habitam o coração de cada escritor. O desafio é sempre uma oportunidade de aprimorar a escrita e desenvolver o próprio estilo. Em tempos virtuais o livro ainda continua ocupando um lugar ao sol. Seja velho ou novo, ele eterniza a alma de quem o escreveu. Se publicar um livro não é fácil, vender é muito mais difícil. As dificuldades do caminho são grandes, mas a beleza as margens do mesmo são gratificantes. Aos amigos escritores meu incentivo na luta árdua do caminho literário. Muitos irão elogiar seu livro, poucos irão comprar. Mas não desanimem, pois o verdadeiro escritor se contenta com os lucros da alegria em fazer da palavra escrita uma vocação. *Padre Flávio Sobreiro Poeta, escritor, filósofo clínico Cambuí/MG
Disputas* Querido leitor, que você esteja bem. Hoje nosso tema é disputa. No livro sagrado, a Bíblia, há uma passagem em que destaco neste momento. Nela, alguns discípulos de Jesus queriam saber quais seriam seus lugares na hierarquia. Diz a passagem que Mateus, Marcos e Lucas discutiam qual deles seria o maior no Reino de Deus. Como se isso não bastasse, a mãe de Tiago e João, provavelmente a pedido dos filhos, solicitou a Jesus dois lugares honrados para eles. Queridos leitores. Frequentemente vimos alguns funcionários gastando um precioso tempo discutindo, tramando e se posicionando de modo a defender radicalmente seu progresso na empresa, em detrimento do sucesso coletivo. Para mim o sucesso de uma empresa, assim como na grande maioria das repartições que envolva grupos e pessoas, depende do trabalho coletivo. Sozinho, às vezes, temos a impressão de ir mais rápido, mas em grupo, com certeza, vamos mais longe e a jornada é mais alegre e leve. Em Mateus 20:26, a Bíblia
Apontamentos, poéticas noturnas V* Os Meus Livros Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos E que percorro com a minha mão côncava. Não sem alguma lógica amargura Entendo que as palavras essenciais, As que me exprimem, estarão nessas folhas Que não sabem quem sou, não nas que escrevo. Mais vale assim. As vozes desses mortos Dir-me-ão para sempre. *Jorge Luis Borges 1899 - 1986
Apontamentos, poéticas noturnas IV* O Mapa Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo… (É nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei… Há tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Há tanta moça bonita Nas ruas que não andei (E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei…) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso… * Mario Quintana 1906 - 1994
Apontamentos, poéticas noturnas III* Aninha e suas pedras Não te deixes destruir… Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede. *Cora Coralina 1889 - 1985
Apontamentos, poéticas noturnas II* Traduzir-se Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte - será arte? * Ferreira Gullar
Qual teu trauma?* - Tenho trauma de galinha! - Como assim? Que coisa mais estranha, explica melhor. Trauma de galinha com pena ou trauma de mulher galinha? - Não, meu trauma é do bicho galinha, aquele animal que faz cocóricocó. Espera um pouco, tenho trauma de mulher galinha também, mas este não me incomoda tanto. - Entendi, mas como é que uma galinha te deixou traumatizado? - Quando eu era criança, meus avós tinham galinhas no pátio e brincávamos com elas. Um dia, a mais grandona do galinheiro, saiu correndo atrás de mim me bicando. Quanto mais eu corria e gritava, as outras galinhas pareciam se unir a ela cacarejando e me bicando. A partir daí eu fiquei traumatizado com esta imagem e tenho medo de galinha. Se houvesse uma aqui, nesta sala, eu não entraria, muito menos tocaria nela. Tenho nojo do cheiro, do jeito como elas andam... - Tens certeza de que era mesmo uma galinha ou podia ser um galo? - Pois é, faz tanto tempo que nem lembro, mas por via das duvidas, ten
Apontamentos, poéticas noturnas I* ‎[…] porque, para mim, pessoas que me interessam, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns mas queimam, queimam, queimam, como fabulosos fogos de artifício, explodindo como constelações em cujo centro fervilhante se pode ver um brilho intenso. *Jack Kerouac 1922 - 1969
Fonte* A fonte deste trabalho está no meu fluente interesse pelas movimentações do planeta Água chamado Terra. Foi através da Astrologia que passei a me sentir acolhida por este planeta, já que ela consegue mapear e indicar essas movimentações de forma viva, desenhando possibilidades a partir não somente de eixos, como também de triângulos, quadrados, retas e pontos, que se relacionam tanto ao mesmo tempo como ao longo do mesmo. A Astrologia é um saber dinâmico, considera e versa sobre a complexidade. Desde cedo, orientou muitos povos e, dentre eles, minhas crenças e buscas também. Como grande aliada do mapeamento destas possibilidades (a)fluentes, está a sabedoria Pitagórica, Numerológica, complementar de forma surpreendente da organização analítica entorno de um temperamento ou contexto que se apresente. De forma impressionante localiza períodos precisamente e define suas respectivas tônicas. A Voz da Sabedoria, como foi profetizado seu nome – Pitágoras -, realmente acessa a a
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXXV* Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... *Alphonsus de Guimaraens 1870 - 1921
Escrituras, desleituras, releituras VII* "O panorama filosófico do século XIX desemboca no positivismo, postura eufórica e fechada a qualquer vislumbre super ou infra-humano, a qualquer visão mágica da realidade" "Surrealista é o homem para quem certa realidade existe, e sua missão consiste em encontrá-la" "(...) a irrupção da linguagem poética sem fim ornamental, os temas fronteiriços, a aceitação submissa de um transbordamento de realidade no sonho, o "acaso", a magia, a premonição, a presença do não-euclidiano que procura se manifestar assim que aprendemos a lhe abrir as portas são contaminações surrealistas dentro da maior ou menor continuidade tradicional da literatura" "(...) um caminho de compromisso, que cada escritor escolhe ou lavra segundo sua especial concepção da realidade. Assim se acede - por sendas numerosas - a um mundo de revelação até mesmo mágica, e sempre com a chave de mecanismos intuitivos, poéticos" &
O Poema, ou O Nada, ou O Ser* Nada. Página em branco. É isso que isso é! E é isso que isso não é. Um poema sobre nada, coisa alguma, Coisa nenhuma, ou coisa nem uma Talvez mais, talvez menos, Maior ou menor grau de abstração. Não faz sentido... Faz sentido! Sem sentido algum, sem sentido nem um Talvez muitos ou talvez nenhum. Pensado, desejado, falado, fitado Amargurado...! Porque não se consegue nada E sobre nada é isso aqui Mas já têm algo Aqueles que leem, ou que ouvem Ou que falam, ou que fitam. Folha branca esperando receber. Receber o que? O quê! Receber aquilo que se vai tornar palatável. Frouxo. Porque não é algo preso, Mas será preso. Será preso? Pode ser que passe adiante Ou adiante o que não se pode passar. Deixe estar. Deixe viver. Deixe ser! Olhe. Contemple. Sinta. Viva! E isso é sobre isso: O poder do branco ou do negro; Do caráter de folha no nada Ou a folha do nada, O papel do papel de página vazia. Vazia? Cheia! Mas chei
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXXIV* "Quem sou eu? De onde venho? Sou Antonin Artaud e basta que eu o diga Como só eu o sei dizer e imediatamente hão de ver meu corpo atual, voar em pedaços e se juntar sob dez mil aspectos diversos. Um novo corpo no qual nunca mais poderão esquecer. Eu, Antonin Artaud, sou meu filho, meu pai, minha mãe, e eu mesmo. Eu represento Antonin Artaud! Estou sempre morto. Mas um vivo morto, Um morto vivo. Sou um morto Sempre vivo. A tragédia em cena já não me basta. Quero transportá-la para minha vida. Eu represento totalmente a minha vida. Onde as pessoas procuram criar obras de arte, eu pretendo mostrar o meu espírito. Não concebo uma obra de arte dissociada da vida. Eu, o senhor Antonin Artaud, nascido em Marseille no dia 4 de setembro de 1896, eu sou Satã e eu sou Deus, e pouco me importa a Virgem Maria. Antonin Artaud 1896 - 1948
Uma clínica da não-palavra* Existem múltiplos sentidos refugiados na expressividade de um não dizer. As poéticas do indizível buscam expandir o conceito para reinventar a ideia. Seus relatos se oferecem entre parênteses, como se fora uma saga sem nome diante do olhar. Nesse contexto sem texto definido, sua menção aparece em manuscritos de feição indeterminada. Ao não ser verbalizada, deixar entrever a clausura recheada de conteúdos. Assim uma inédita zona se anuncia em rastros de originalidade. Sua feição inaudita pode ser descoberta no silencio porta-voz, assemelha-se a transgressão das miragens em apontamentos de luz e sombra. Essa fonte de criação possui inconclusão retórica, sua característica de ausência pode ser lembrada pela página em branco. Um logos multifacetado em fuga das contenções da classificação. Sua referência ao mundo sem nome compartilha uma zona impregnada de vida. A estrutura da quietude aprecia descons
O zelador de almas* Certa vez ao visitar um hospital espiritual de minha cidade, onde atendem crianças com câncer, pude observar um grupo de pessoas que faziam parte de uma grande equipe de profissionais da área médico-terapêutica. Percebi dentre estes profissionais, um que com grande carinho se preocupava com uma criança que tentava escrever um bilhete, mas era surda, e por isso pouco dominava, a língua portuguesa. Este homem, a qual denominou de “zelador”, muito lhe provocava, pois se sentou próximo a sua cama e pôs-se a escrever em uma folha em branco. Em sua redação este homem, descrevia a princípio, o ambiente do hospital e sua estrutura física, passando logo a seguir, a descrever o grupo de crianças que ali se encontravam internadas para tratamento médico. Logo que terminava de escrever, o “zelador” deixava o papel em cima da mesinha de apoio da cama desta menina, que muito curiosa, logo pegava a folha de papel com o bilhete e chamava o auxiliar da ala pediátrica, para auxi
O direito ao anonimato* Era de se esperar que o anúncio da renúncia do Papa Bento XVI iria provocar um enorme ibope. Afinal, ele é uma pessoa pública, e na Igreja Católica Apostólica Romana responde pela direção dos fiéis em todo o mundo. Hoje ao ligarmos a TV ou acessarmos a internet só conseguimos ver notícias relacionadas a renúncia do Papa Bento XVI. Desde demonstrações de solidariedade até suposições sobre quem irá assumir o seu lugar. Há criticas de quem não é fiel da Igreja, e também até daqueles que se dizem fiéis. Há “bate-bocas” descontrolados entre religiosos e não religiosos. Cada um no seu direito de expressar livremente o que pensa. Há pessoas defendendo o Papa Bento XVI contra criticas ferozes. Há criticas ferozes. Há pessoas rezando. Há mulheres seminuas invadindo Igrejas para demonstrarem sua alegria em forma de protesto. Há “especialistas” na TV fazendo analises e tentando imaginar o futuro da Igreja. Há repórteres acampados no Vaticano. Há pessoas apostando
Mulher de Verdade* Amélias, Marias ou Madalenas No norte ou no sul No leste ou no oeste Não importa a cor a raça ou a nacionalidade O que conta é ser mulher Porque toda mulher é de verdade Ela tem em si o gérmen da vida, o cálice sagrado. É anima e animus É frágil mas é forte Ela é rocha e é nuvem É sal e sol É mar e céu é terra e fogo Não importa a raça ou a nacionalidade Toda mulher é de verdade É protetora e protegida Ela é silêncio e tempestade É regente e é regida É acre e doce É dia e é noite É força e fragilidade É alma e coração É mais e é menos É soma e divisão É dúvida e confiança É doação e cobrança Mas é sempre de verdade Furacões e tormentas Vulcões em erupção Tardes amenas Brisas suaves Céu aberto Sol escaldante Noites intensas Céu estrelado Essa é a natureza da mulher É a sua condição E é por isso que toda mulher é de verdade Não importa se Marias, Amélias ou Madalenas *Leila Baptista Filósofa Clínica, escritora, poetisa Juiz
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXXIII* "Vós que não estais na carne, que sabeis em que ponto de sua trajetória carnal, de seu vai e vem insensato, a alma encontra o verbo absoluto, a palavra nova, a terra interior. Vós que sabeis como alguém dá voltas no pensamento e como o espirito pode salvar-se de si mesmo. Vós que sois interiores de vós mesmos, que já não tendes um espirito ao nível da carne: aqui há mãos que não se limitam a tomar, cérebros que vêem alem de um bosque de tetos, de um florescer de fachadas, de um povo de rodas, de uma atividade de fogo e de mármores. Ainda que avance esse povo do ferro, ainda que avancem as palavras escritas com a velocidade da luz, ainda que avancem os sexos um até o outro com a violência de um canhonaço, o que haverá mudado nas rotas da alma, o que nos espasmos do coração, na insatisfação do espirito? Por isso, lança às águas todos esse brancos que chegam com suas cabeças pequenas e seus espíritos já manejados. È necessário agora
Por que a Arte de Amar surpreende?* O fenômeno é o Amor- sinônimo de relação, logo energia - Movimento, Ação- Liberdade. Que tem como antônimo o Poder - Egocentrismo - Controle - Tensão - Escravidão. Se amor é Movimento, é deste movimento que se faz e cria a Arte. Que arte é esta que falo quando o assunto é o amor? Falo das expressões no tempo e espaço e além do espaço e tempo. Falo da vastidão da alma para além do ego, que é eu aprendiz. Amor pode parecer complexo, mas é Vida. Arte é movimento da alma, expressão amorosa, que no encontro promove o enamoramento, encantamento, identificação e espelhamento. A arte faz vibrar a alma, que depois e se enamorar se transforma em paixão. A alma acende a lua, clareia a escuridão dos pantanais. Convida a fusão. As almas se entrelaçam e desejam os corpos incendiados. A arte avança, rompe, fragmenta,corta. Gera paixão triste. Na pós-modernidade, nosso tempo do agora, nosso hoje existencial a arte de amar mais separa, rompe, destróí o m
Eu em uma frase! “Minha mãe dizia: “Abra o olho e ache o ladrão””. Essa é uma frase que se encontra no filme Ray, obra que conta a história de vida de um dos maiores nomes da música mundial. Ray Charles faleceu em 2004 quando o filme que conta sua história estava quase pronto. A citação de sua mãe é importante por apontar o quanto o que a mãe disse a Ray Charles tinha peso na sua forma de pensar e de ver o mundo. Essa influência que Charles recebeu de sua mãe fica expressa em uma frase, mas para ele é muito mais do que isso: sua mãe é a eterna companheira. Em cada parte de sua vida foi acompanhado e encaminhado por aquilo que sua mãe disse e não apenas por uma ou duas frases. Uma frase, duas frases de sua mãe se tornariam vazias ao longo do tempo e poderiam ser interpretadas de qualquer forma, sem compromisso com o real significado do dito. A questão que levanto através do filme Ray é o quanto conhecemos de alguém para tomarmos o que ele diz como verdade. No caso do mundo acadêmi
Santos e Papas* Querido leitor, hoje vamos refletir sobre santos e papas. Para mim, o Papa é um ser humano, sujeito a erros e acertos. Claro que, se nós errarmos, as consequências estarão limitadas, diferentemente de um erro cometido por alguém cujo âmbito de atuação se estende a “Urbi et Orbi” (cidade e mundo). Para nós da América Latina, Joseph Ratzinger foi castrador em seu mandato de Papa e também como o responsável pela doutrina da igreja durante o mandato de João Paulo II. Calou mais de 100 teólogos, dentre eles, Leonardo Boff; dividiu dioceses para limitar poderes, frustrou sonhos de milhões de católicos que acreditavam que, por meio da Igreja, alcançaríamos a justiça social; interrompeu o avanço feminino na instituição católica. O apóstolo Paulo admitiu diaconisas na Igreja, um sacrilégio aos olhos e ouvidos de Ratzinger. Só para se ter uma ideia, nos EUA, quando as freiras se organizavam para reivindicar o diaconato, ele, como doutrinador da Santa Sé, ordenou que vol
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXXII* "Quando te decidires, parte! Não esperes que o tempo cubra de flores o caminho. Nem sequer esperes o caminho; faze-o tu mesmo e parte! Parte sem pensar que outros passos pararam, Que outros olhos ficaram te olhando seguir!" *Prado Veppo Médico psiquiatra, professor, poeta Santa Maria/RS
O tempo que resta*** "O tempo que resta" é um dos últimos filmes a que assisti. É francês e mostra os meses finais de vida de um jovem fotógrafo que descobre sofrer de um tipo de câncer já em processo de metástase. O filme é sensível, triste e tem aquele tempo e tom especialíssimos que só os europeus sabem imprimir nas produções cinematográficas. Em alguma medida, "O tempo que resta" lembra outro filme: "O poder além da vida". Este fala também de um jovem que precisa encarar a morte ou a vida depois de sofrer um acidente de trânsito enquanto se prepara para participar das olimpíadas. Com os movimentos limitados, se vê obrigado a deixar para trás a vida de noitadas, mulheres e bebidas, contando com o auxílio e inspiração de um senhor que o jovem apelida de "Sócrates". A diferença das duas obras é que, no primeiro caso, o personagem principal desiste de viver e, no segundo, a tragédia serve como divisor de águas na trajetória do jovem, conv
O Pensamento em 3D* Ao ligar conceito de fé somente a religião, o limitamos a uma margem de grandes equívocos e perdemos mais uma oportunidade de auto conhecimento. Sem poder desvincular a coisa da fé com a coisa da religião o transito sobre a riqueza desta competência humana fica limitada. É interessante, fazer uma pesquisa por dicionários e constatar que os mais antigos como o Aurélio, tem uma definição de fé ultrapassada e bem comprometida com a coisa da religião e da crença em Deus ou do misticismo e adulação do fantástico. São definições cartesianas e equívocos montados nas bases da escolástica medieval. Já dicionários mais modernos, nos dão folga e espaço, para existir ante ao conceito e permitir que ele seja singular a nossa forma de pensar e ser. Acredito ser impossível ao ser humano, uma existência desprovida de fé, ela é constitucional,serve como uma espécie de estrutura temporária para alguns movimentos e também para uma certa calmaria curativa. A fé tem

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