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Amor a primeira vista*



Nós já acreditamos em amor a primeira vista. E hoje, depois de tanto estudar a vida e o amor, descobrimos até explicação cientifica para isto. Deus e as artimanhas de sua máquina de procriar nos pregando peças.

Apaixonar-se no primeiro olhar, realmente é maravilhoso. Sentir o peito apertar, o coração acelerar, as mãos tremerem, compõe um conjunto de emoções e sensações que induzem pensar querer ficar para o resto da vida, até morrer, ao lado da outra pessoa.

Entretanto há de se levar em conta que amar assim, com esta intensidade, também é possível depois de uma jornada de conhecimento do outro. Este “start” pode acontecer mais tarde, quando se pensa que está tudo sob controle. Quando se vê, não dá mais pra imaginar a sua vida sem aquela pessoa que a principio era apenas um passa tempo. Olhar, gostar, se encantar e se ver apaixonado, amando tudo que o outro tem, pode ser muito gratificante e, o mais importante, pode ser muito mais seguro a partir daí. Uma escolha, uma opção, um ato inteligente em favor da sua paz.

Esperar um tempinho, canalizar as impressões, observar o comportamento do parceiro e racionalizar um pouquinho, pode te livrar de entrar em uma fria. Este tipo de desenvolvimento do sentimento de amor pode constituir oportunidade de descobrir que não gosta de absolutamente tudo no outro antes de se comprometer com promessas eternas. Que existe algo, determinante e grave, a ponto de fazer você se sacrificar demais, apenas para dizer que tem alguém. Vale a pena isto?

Muitos casais se casam já sabendo que não deveriam prosseguir, contudo diante de tantos compromissos firmados um com o outro, com os familiares e com a sociedade, se enveredam na cegueira que afirma ser aquela pessoa, a sua salvadora.

Amor à primeira vista, muitas vezes pode significar apenas um grande cansaço da vida e a esperança enganosa de que alguém que você nem conhece direito possa te aliviar, te acalentar, te trazer uma felicidade que você não é capaz de ter sozinho. A obscuridade nas intenções e a ansiedade decorrente disso faz com que articulemos tudo em torno de uma relação para que ela prossiga, mesmo que infeliz. Amar não é depender do outro. Amar é algo que deveria ser livre, além de honesto.

Isso é um perigo. Num instante, você filma um olhar, uma intencionalidade e faz uma confusão danada resolvendo que sua vida vai ser melhor a partir dali. Do que aquele alguém vai fazer por você, quando, aquele alguém pode ser de verdade, a sua ruína.

Eu sei, é lindo, é gostoso, é uma das coisas mais deliciosas de se sentir. Sinta, sinta sim. Curta, se entregue, mas enxergue. Tente não se enganar.

Importante ainda é não se iludir sobremaneira quanto ao sentimento alheio. Carinho, tesão, educação, elegância, amizade, compreensão e tudo que alguém pode te oferecer nos bons momentos que passam juntos, não significa necessariamente, que ele queira viver todos os dias, para o resto da vida, ao seu lado. Esta pessoa pode ter a capacidade que você não tem, de amar e ao mesmo tempo, racionalizar. Controle tanto a sua necessidade, quanto a sua vaidade.

Encontrou alguém legal, seu corpo vibrou? Viva cada gota disso, cada dia. Retribua, não tenha medo. Entretanto, se ame e se proteja para mais tarde não responsabilizar quem não tem nada a ver, com a vida que você não consegue dar a você.
Boa sorte.

"O amor imaturo diz: eu te amo porque preciso de ti. O amor maduro diz: eu preciso de ti porque te amo"
Erich Fromm

*Jussara Hadadd
Filósofa clínica, especialista em terapia sexual
Juiz de Fora/MG

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