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Incertezas*



Hoje estava pensando em como é difícil viver nesse mundo repleto de incertezas de um constante vai e vem por todos os lados. Sentei em um bar – sim, porque à beira do caminho é só para os literatos – para tomar um chope e pensar na vida. Recentemente, li um livro de um filósofo brasileiro chamado Mário Sergio Cortella que nos coloca muitas inquietações.

O livro se chama Qual a tua obra? e eu me peguei pensando nisso enquanto tomava minha gelada. Confesso que não consegui pensar em nada... Só via pessoas indo e vindo em um frenesi que toma conta hoje de qualquer lugar no mundo – afinal, somos mais de 7 bilhões de destruidores do meio ambiente.

Ainda absorto em meus pensamentos o olhando fixamente para o nada, comecei a pensar que poderia estar ficando maluco e que poderia estar sendo acometido pela doença dos grandes filósofos, assim como Nietzsche: a loucura. Sim! Porque nada faz sentido! As pessoas passando, de um lado para o outro, os ônibus e os carros – aliás, já repararam como aumentou, de uma hora para outra, o número de veículos nessa cidade? – e as motos e as bicicletas e eu olhando fixo para o nada sem entender o que estava acontecendo, saboreando minha cerveja. Mas o fato de estar saboreando minha cerveja não me fazia sensível ao passo das pessoas e coisas que se moviam à minha frente – até minha namorada passou, com pressa.

E esse é um detalhe que chamo atenção agora: todas as pessoas me pareciam estar com pressa! Incrível... Sim, pois enquanto eu estava sentado à mesa de um bar, saboreando um chope geladinho e pensava em tudo e em nada, as pessoas passavam de maneira a nem olhar ao redor! Triste... O tempo é curto. Essa é a sensação que tenho sempre. Mas também não adianta tentar viver tudo de uma só vez. As coisas se fazem devagar, no seu próprio tempo.

Mas será que estou ficando louco? Porque não consegui pensar em nada, mas pensava em tudo e não chegava à conclusão nenhuma! Muitos questionamentos... estão me deixando travado... o que eu tenho que fazer pra me movimentar? Pra sair desse estado de paralítico? Voltando ao Cortella, estou tentando entender qual a minha obra comigo mesmo, e ainda não consegui... vida, religião, namoro, família, convivência, trabalho, o que são essas coisas? Onde elas nos levarão? Muitas inquietações... será que um dia terão fim?

O tempo é curto porque assim nós sentimos ser. Henri Bergson nos coloca que o tempo é fluxo contínuo. Se o tempo é isso, ele não é nem mais nem menos demorado, ele é o que é tendo o tempo que ele tem. Engraçado, de acordo com essa afirmação uma brincadeira, tipo trava língua, que fazia quando criança parece ter razão: o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem; o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o mesmo tempo que o tempo tem. Incrível! A duração do tempo é o próprio tempo e ele não tem um “tempo”, ele é exatamente aquilo que ele é! E por que perguntamos quanto tempo vai levar certa coisa? Não faz sentido essa pergunta!

*Vinicius Fontes
Filósofo, estudante de Filosofia Clínica
Rio de Janeiro/RJ

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