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Flor*



Escondida na terra adormecida, nem sonhava ser espinho e dor!
Inocente caule rompendo a mágoa de ser só, buscava abrigo na vastidão iluminada...

Folha por folha, nascia sua identidade. Viu sua beleza se transformando dia a dia em pétalas de paixão, rubras delicadezas de sua juventude inquieta.

Apaixonou-se pelo Bem que a colheu, com mãos cálidas que seguravam sua juventude pulsante.
Jovens amantes incautos, bendiziam a alegria dos dias entre sonhos e ternura.

(Tempo, selvagem alado sem forma, Ser impiedoso que desfaz as certezas e que destrói silenciosamente o que vive).

Dos seus espinhos brotaram lágrimas de tormento pelo Bem já distante, e pétalas caíram numa espera desesperada.
Sentiu seus espinhos arrancados à vida, e da beleza encarnada fez-se amargura pálida.

(Tempo, indefinível movimento que transpassa toda a vida, ciclo que faz e desfaz destinos).

Do passado irrecuperável, de sua certeza inexorável...
Um sopro de vento em seus ramos trouxe o desfolhar da dor.
Flor madura, machucada, afogada em espera, de novo sentia o afagar das mãos suaves do Bem desvanecido.
Era outra vez ambos, renascidos da terra, da dor, pelo Amor.

*Helena Monteiro
Poetisa, estudante de Filosofia Clínica
Petrópolis/RJ

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