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Meu amigo Harvey e a lógica delirante.*



Nos dias 25, 26 e 27 de maio de 2012, estive participando do primeiro colóquio de filosofia clínica e lógica delirante, ocorrido no Hospital Espírita em Porto Alegre/RS. A parte que me coube nesse latifúndio foi referente às formas com as quais o cinema retratava as lógicas delirantes, o que comumente conhecemos por ‘loucura’.

Estávamos com uma bela turma de proseadores: Pedro Leopoldo, diretor do hospital, que tratou da relação entre a Filosofia Clínica e a Psiquiatria, posteriormente, junto com Hélio Strassburger, falou sobre o trabalho realizado pelos filósofos clínicos junto ao hospital psiquiátrico; Gustavo Bertoche, filósofo do Rio de Janeiro fez uma linda explanação sobre Bachelard, o sonho e a razão; Jussara Hadadd falou sobre a questão do amor, da sexualidade e da razão fora de si; Letícia Porto Alegre, Rafael Gabellini e Jane Kopzinzki falaram de sua experiência nos atendimentos aos internos do hospital; Vânia Dantas trouxe a arte e a loucura para o debate.

O encerramento deu-se com a fala de Lucio Packter sobre sua experiência como filósofo clínico nos hospitais psiquiátricos no início de seus trabalhos como terapeuta. Esse foi o mosaico que os colegas do sul presenciaram.

Minha fala foi um pouco além do cinema. Iniciei pelo mantra de Stephane Mallarmé, que sempre alertou “definir é matar, sugerir é criar” e mesmo assim, busquei tentar definir a Lógica Delirante, apresentei o Alienista, de Machado de Assis; a seguir vieram as obras de três grandes pintores: Van Gogh, Salvador Dali e Marciano Schmitz, uma antevisão dos filmes: Um estranho no ninho (1975), O pescador de ilusões (1991), As loucuras do rei George (1994), Don Juan de Marco (1995), Shine (1996), Bicho de 7 cabeças (2001), Uma mente brilhante (2001), Estamira (2004) e Meu amigo Harvey (1950), este último o objeto de estudo apresentado.

Elwood P. Dowd (James Stewart) é uma pessoa amável, cordial, que sempre estar com um olhar bom para o ser humano, acreditando que cada um só que praticar o bem. Seu único defeito, se é que podemos chamar assim, é visitar todos os bares e botecos da cidade cotidianamente, retornando sempre embriagado para casa. Sua irmã Veta (Josephine Hull) querendo ascender socialmente resolve internar Elwood, pois além de ébrio ele tem o estranho costume de apresentar um coelho de dois metros de altura chamado Harvey, que sempre lhe acompanha. Veta, na tentativa de internar o irmão, ao no conseguir se expressar para o médico é internada no hospício. Olhando para o filme fica dúvida, quem realmente é louco, nós em nossas máscaras sociais ou aqueles que conseguem vivenciar, dentro de nossa compreensão, sua plenitude?

DICA: Um dos grandes artistas plásticos que me auxiliou, com suas obras, a contar um pouco sobre a lógica delirante. O sítio virtual de Marciano Schmitz que fica em Lomba Grande www.marcianoschmitz.com.br

Ficha Técnica
Direção: Henry Koster
Ano de produção 1950 (EUA)
Duração : 104 min.

*Márcio José de Andrade e Silva
Filósofo Clínico
Campinas/SP

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