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Prefiro ser aprendiz*



Eu não tenho nenhuma pretensão de achar que sei. As vezes, aquele que acha que sabe, corre um grande risco. Neste sentido, prefiro figurar como um quadro exposto na galeria do aprender, do desaprender e do reaprender.

Entendo que, em Filosofia Clínica, o encontro com o partilhante, é um caminho de mão dupla, ou seja, ao partilhar o filósofo clínico também aprende, neste processo relacional, emerge um ambiente de construção.

Assim, quando me refiro aprender, estou querendo dizer que, o filósofo clínico deverá está embebido num momento de construção com o seu partilhante, cujo momento é compartimentado e sigiloso, ou seja, tudo o que é dito pertence ao que diz. Pode-se saber por aquele espaço de fala.

O que foi dito, foi dito para o filósofo clínico e que fique exatamente assim. Sob a égide da singularidade de cada partilhante, o filósofo clínico tem que desaprender (adotar uma postura do não saber), impulsionado por uma outra abordagem fenomenológica, no exato exercício de “ingenuidade”.

Mas é bom frisar, que a Filosofia Clínica é dinâmica e o reaprender, está adstrito a flexibilidade da estrutura de pensamento de cada partilhante, a qual não é rígida e na sua atualização sob o ditame da evolução do assunto imediato, dado padrão, dado atual e dado literal, irá ser enriquecida com novos dados, o que possibilita um novo aprendizado, porque a prática da Filosofia Clínica demonstra uma contínua modificação subjetiva de vida em dados sutis da semiose, aflorando aqui, a Estrutura de Pensamento aprendiz.

A Estrutura de Pensamento Aprendiz, conforme ensinamento apreendido, diz da Estrutura de Pensamento do filósofo clínico. Cabe neste contexto, citar uma elaboração de Mônica Aiub, em Como ler a filosofia clínica: “{...} o filósofo clínico terá, sempre, um conhecimento limitado: limitado ao relato do partilhante, limitado a sua compreensão a tal relato, limitado ao que o instrumental da filosofia clínica lhe permite conhecer [...]). Em assim sendo, o filósofo clínico manterá no não saber, objetivando uma constante investigação.

Dessa forma, abstrai deste ensinamento que, a Estrutura de Pensamento Aprendiz é uma EP que procura não ser gessada; é inconformada (no bom sentido), procurando aprender com as circunstâncias; ela não tem problema com a autogenia; é regida pela curiosidade e investigação.

*Valter Silveira Machado
Filósofo Clínico
Juiz de Fora/MG

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