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Fênix*


Na minha opinião o órgão do corpo que mais consegue se regenerar é o coração!

Aos olhos da ciência isso não existe, mas qual o ser humano pode afirmar que nunca teve o coração partido?

Quando você sente uma dor de cabeça é simples de tratar o problema, toma um remédio e logo passa, mas quando a dor é no coração... pode durar uma eternidade. Em todo caso isso depende de você! Ficar estagnado curtindo uma fossinha de vez em quando é inspirador e até poético, mas você tem de saber o momento de fazer renascer a fênix que existe em você!

Na mitologia grega a fênix era uma ave com capacidade de suportar cargas muitas vezes maiores do que o seu corpo, conta-se que quando ela morria entrava em combustão, porém após algum tempo renascia das próprias cinzas! Acho lindo isso!

Hoje em dia utiliza-se um termo emprestado da física para falar dessa capacidade de resistência, fala-se em resiliência. Resiliência é a capacidade que algumas matérias tem de sofrer deformações e voltar a ser o que eram antes, a exemplo disto podemos citar uma esponja de lavar louças: aplicada uma força sobre a sua matéria ela sofre a deformação, porém volta ao seu estado original quando a pressão cessa. O ser humano que conseguir levar a vida como uma esponja jamais precisará de terapia!

Porém essa tarefa de voltar ao estado original, em se tratando das pessoas, na maior parte da vezes é muito desafiadora!

Os estresses pelos quais vamos sendo submetidos, ao longo do tempo, nos levam há muitos caminhos, mas podemos dizer de forma geral que, algumas pessoas superam e conseguem ver os aspectos positivos, tirando lucro do aprendizado enquanto outras somente veem o saldo negativo. Estas muitas vezes gostam ainda de cutucar suas feridas para vê-las sangrar novamente, é como se esse movimento alimentasse a sua existência. 

Não raras vezes elas internalizam prejuízos pessimistas sobre si mesmas e sobre os outros. Pensam que todas as coisas ruins só acontecem com ela e que nunca alguém irá se aproximar sem algum interesse obscuro. Não conseguem sorrir para a vida, não se dão outra chance de voltar a ser feliz. É muito triste quando alguém decide tomar essa postura, pois todo o universo ao seu redor começa a ficar sombrio e então começam os medos: "não vou tentar porque não vai dar certo", "não vou me entregar porque não quero ser enganado", "não quero me iludir", "não quero mais sofrer"... me pergunto se uma vida cercada de uma falsa ideia de segurança vale a pena? É claro que eu tenho a minha resposta, que é muito simples, porém sincera: - Não!!!

Eu quero sentir o meu coração bater todos os dias, faça frio, chuva ou sol, eu preciso sentir pulsá-lo dentro de mim fazendo irrigar o meu sangue por todas as partes do meu corpo. Eu sei que viver é muito arriscado, mas eu prefiro ter uma vida plena e intensa em sentimentos, sejam eles bons ou maus do que levar uma vida morna e sem emoções. 

Costumo me entregar a cada novo projeto que surge, em todos os aspectos na minha vida, mergulho de cabeça e mesmo que me alertem para que não o faça, o meu espírito pede isso, pois a minha epistemologia funciona assim, eu preciso experienciar tudo aquilo que me interessa para que eu possa formar a minha opinião a respeito de qualquer coisa. Não me contento de saber o que os outros pensam a respeito, quero ter uma opinião autêntica.

Por isso às vezes sinto vontade de sacudir algumas pessoas que ficam se escondendo atrás de suas vergonhas e seus medos. Eu também tenho medos, mas eu luto contra eles até o fim. Jamais vou me entregar à um medo sem antes lutar. Os nossos medos somente existem porque foram criados por nós, cabe a nós saber se o que temos a oferecer a eles é alimento ou a miséria... enfim, viva a capacidade de resiliência do coração! Viva a fênix que habita cada um de nós! Para o alto e avante!

*Débora Perroni
Filósofa, Filósofa Clínica
Porto Alegre/RS

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