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Mostrando postagens de novembro, 2013
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. E é incrível a força que as coisas parecem ter, quando elas precisam acontecer.” *Fernando Sabino

Quero amor...*

Amor de verdade, de carne, de alma, de luz, humano, verdadeiro, necessário! Quero beber, comer, dormir e acordar amor, quero acreditar, e ser, e amar, e amar muitas pessoas, e coisas, e vida! Quero, preciso da fruta proibida, da bebida embriagante que faz sanar qualquer ferida... Quero esquecer só para lembrar amor, sentir amor, dar, receber amor, viver por amor e para o amor. Que seja maior que meu Ser, que seja infinito como as estrelas do céu, que seja terno, eterno e subversivo, apenas amor!!! Amor sem forma e sem culpa, sem pudor, sem vergonha, entregue! Puro, misturado, melado, lambuzado, úmido, quente, forte, firme, incondicional!!! Quero beijos de amor, abraços de amor, toques de amor, calor, lágrimas de amor. Se for amor pode ser até doído, apegado, enlouquecedor... Já não me importa mais nada! Ser feliz por amor é minha busca atual, cheia de vontades, desejos e segredos. Eu sou amor, eu sou a flor, aquela, pequena, sensível, delicada, resistente. Firme e co

Intimidade*

Sonhamos juntos juntos despertamos o tempo faz e desfaz entretanto não lhe importam teu sonho nem meu sonho somos trôpegos ou demasiados cautelosos pensamos que não cai essa gaivota cremos que é eterno este conjuro que a batalha é nossa ou de nenhum juntos vivemos sucumbimos juntos porém essa destruição é uma brincadeira um detalhe uma rajada um vestígio um abrir-se e fechar-se o paraíso já nossa intimidade é tão imensa que a morte a esconde em seu vazio quero que me relates o duelo que te cala por minha parte te ofereço minha última confiança estás sozinha estou sozinho porém às vezes pode a solidão ser uma chama *Mario Benedetti

O vestido de noiva*

Branco. Puro. Imaculado. As rendas são francesas. Os bordados da mais perfeita sintonia. O véu é tão grande quanto foram meus sonhos. Os convites já amarelados pelo tempo ainda deixam exalar as esperanças de um sonho não realizado. As letras foram desenhadas com tamanha delicadeza que nem mesmo as melhores gráficas de hoje seriam capazes de fazer iguais. Restaram alguns convites que não deu tempo de serem entregues devido a correria diante dos últimos detalhes da organização da festa e dos enfeites na Igreja. Guardo-os comigo. São relíquias da saudade de um tempo que não se cumpriu. A primavera ficou com as flores a desabrochar. As noites nunca mais foram as mesmas. Mesmo depois de tantas décadas ainda acordo muitas vezes ao longo da noite chorando. Durmo com minha dor e acordo com a tristeza. Não consegui divorciar-me da decepção. Não casei com Francisco, mas vivo em união estável com a dor. Minha alma é povoada de perguntas. Meu coração tem as respostas bem claras. Naque

Meu mundo*

No meu mundo não cabem sonhos vazios O copo estará sempre meio cheio. No meu mundo as idéias vão e vêm Mas deixam marcas expressivas na mente. No meu mundo corro com os braços abertos Meu amor me espera do outro lado da ponte. Aqui ou lá serei feliz enquanto viver, pois No meu mundo os pensamentos são sempre positivos. Deixo-me viver a solidão, pois Ela também faz parte do meu mundo, mas Não a deixo tomar conta do meu corpo, Porque no meu mundo não me sinto solitário. No meu mundo sou cercado por pessoas confiáveis Elas estarão sempre presentes porque Meus amores são sempre sinceros. No meu mundo haverá sempre sol, calor e dias nublados Porque fazem parte da vida e Eles serão sempre bem-vindos. No meu mundo os romances têm nome e sobrenome São livros abertos à leitura de todos, Trazem tudo que há de melhor, Pois a positividade me abre a infinitas possibilidades. Quem quiser compartilhar do meu mundo poderá entrar Quem agregar amor e po

Um assombro remoto*

Na mitologia poética de Fernando Pessoa, o que caracteriza o discípulo _ me lembra George Steiner em um memorável ensaio, "Chuva de fogo" _ é "a capacidade de ser hipnotizado". Na linhagem de seus célebres heterônimos, tanto Ricardo Reis como Alvaro de Campos se definem como discípulos de Alberto Caeiro. Ao ouvir a primeira lição de Caeiro, lembra Steiner, Campos experimentou "um choque sísmico". A sentença proferida pelo mestre é, de fato, perturbadora: "Tudo difere de nós e é por isso que existe". Quando conversava com Caeiro, lembra ainda Steiner, Alvaro de Campos tinha a sensação física de "estar a discutir não com um outro homem, mas com um outro universo". O paganismo de Caeiro, sua maneira direta e sem filtros de observar o mundo, é, sim, muito particular. Mas, em vez de fugir, Campos _ relatava Pessoa _ dele se aproximava mais ainda. A partir do contato com Alberto Caeiro, o discípulo chegou a uma conclusão difícil e um

Esse papo seu tá qualquer coisa. Buscar no outro o sentido da própria existência é algo pra lá de Marrakesh*

"O amor imaturo diz: eu te amo porque preciso de ti. O amor maduro diz: eu preciso de ti porque te amo. – Erich Fromm"   Não sabe brincar sozinho e critica o seu “amor” por não realizá-lo. Mania boba as pessoas têm de pensar que sabem o que o parceiro vai querer, vai gostar, vai gozar. Que petulância, nem ao menos prestar atenção no que o parceiro sinaliza. Nos gemidos, nos suspiros, nas negativas. Perguntar então, tá fora de questão. Investir um tempinho a mais, olhar, ouvir, sentir. Não, basta ler nas revistas, ver nos filmes pornográficos, ouvir na roda de amigos, aplicar e pronto. E se no sexo é assim, imaginem então no contexto do que chamamos de amor. Às vezes me pego com uma vontade de ser daquelas mães antigas, que davam chineladas e beliscões na turminha que insistia em não entender a ordem do dia. Vontade de sacudir as cabecinhas, abri-las ao meio e colocar lá dentro a seguinte ordem. Vá trabalhar em favor da sua felicidade. Vá se fazer bonita

Tecendo a Manhã*

Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. *João Cabral de Melo Neto

Ditirambos*

Existe uma lógica superlativa em meio às façanhas usuais. Não fora seu ser extraordinário a desalojar cotidianos, poderia acessar, com mais facilidade, a epistemologia das coisas ao seu redor. Sua encenação de caráter imperfeito escolhe a vertigem para antecipar amanhãs. Um inusitado cio criativo, de essência exploratória, realiza festejos para representar mesclas de exclusão_integração. Sua perspectiva Dionisíaca sugere achados onde o para sempre vira a página. Um jogo de cena inventa linguagens para redesenhar a vida acontecendo. Essa dança de consciência alterada ensaia rupturas ao padrão existencial. Pode ser realizada nas ruas, praças, teatros ou diante do espelho. Acontecer de noite ou de dia, acordada em sua tribo ou nos esconderijos da solidão. Seu êxtase menciona um lugar quase esquecido, recém chegando pela expressividade fora de si. Num estado diferenciado a existência se encontra com sua irrealidade, rascunha novas proposições. Ao surgir numa retórica dançarina, o f

O crepúsculo da noite*

O dia acaba. Uma grande paz surge nos pobres espíritos fatigados pelo trabalho da jornada e seus pensamentos tomam agora as cores ternas e indecisas do crepúsculo. Entretanto, do alto da montanha chega à minha sacada, através das nuvens transparentes da tarde, um grande uivo, composto por uma multidão de gritos discordantes que o espaço transforma em lúgubre harmonia, como a da maré que sobe ou a ameaça de uma tempestade. Quem são os desditosos que a tarde no acalma e que tomam, como as corujas, a chegada da noite como um sinal do sabá? Esta sinistra ululação nos chega do negro hospício empoleirado sobre a montanha; e à tarde, fumando e contemplando o repouso do imenso vale, arrepiado de casas onde cada janela diz: “A paz agora está aqui, está aqui a alegria da família”, eu posso, quando o vento sopra do alto, embalar meus pensamentos assombrados por essa imitação das harmonias do inferno. O crepúsculo excita os loucos. Lembro-me que tinha dois amigos que o crepúsculo

Pote Rachado*

Querido leitor, paz!  Havia na Índia um carregador de água que transportava esse líquido nas duas pontas de uma vara que levava atravessada no pescoço. Levava um pote de barro de cada lado, mas não eram potes normais, pois um deles tinha uma rachadura bem no meio e o outro era perfeito. O pote que ainda estava intacto, é óbvio, chegava sempre cheio ao seu destino ao final do longo caminho que ia do poço até à casa do patrão. O pote rachado chegava apenas com metade da água. Assim, durante dois anos ininterruptos, o carregador entregou, diariamente, um pote e meio de água em casa do seu senhor. Conta a lenda que o pote perfeito, é claro, estava orgulhoso do seu trabalho. O pote rachado, porém, estava envergonhado da sua imperfeição. Sentia-se miserável por apenas ser capaz de realizar metade da tarefa a que estava destinado. Depois de perceber que, ao longo de dois anos, não tinha passado de uma amarga desilusão, um dia o pote disse ao homem, à beira do poço: -

Lua Quadrada*

Como assim? É uma Lua assim Astuta e resoluta E traz com ela um Sim. Neste quadrado há poder Pois ele reúne condições essenciais O momento em si é para tecer E resolver, por fim, questões vitais. Aproveitemos para demarcar O que dali em diante receberá muita ação Mas de um tipo que já obteve âncora E, por isso, garantia de sustentação. Sejamos resolutos e éticos Diante deste poder propício e perfeito Já que limites precisam ser dados Para que assim reconstituam nossos direitos. *Renata Bastos Filósofa, mestre em filosofia, astróloga, filósofa clínica São Paulo/SP

Cantos de Sesmaria*

O leito do rio           é minha estrada verdadeira. Vou e não volto. Salto fora das margens          e viro paisagem          de pampa          e memória de vento. Sou o mesmo          e meu canto é meu alarde,          sono a esmo          no clamor da tarde. Me sei invento         do que fui         rio abaixo         e do que sou         mar adentro. *Luiz de Miranda

Antes do nome*

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o 'de', o 'aliás', o 'o', o 'porém' e o 'que', esta incompreensível muleta que me apóia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão, Puro susto e terror. *Adélia Prado

Recomeçar*

Recomeçar nem sempre é fácil. Muitos fazem planos e se desanimam nos primeiros desafios. A vida exige o empenho e a determinação. Contudo nem sempre é fácil encontrar estes sentimentos na alma, principalmente quando os desafios parecem ser maiores que as vitórias. Há dias nublados e dias de sol na alma. Nem sempre acordamos dispostos a olhar para a vida com as exigências que outros nos propõem. No ritmo da vida vamos descobrindo a velocidade dos nossos próprios passos. Impossível será caminhar na velocidade que as pessoas insistem em nos impor. Talvez um dos segredos da vida seja descobrir no tempo de nossa alma o ritmo que não nos atropela e que não nos machuque. O recomeço só será frutífero se primeiro nos conhecermos a nós próprios. Quem descobriu quem é conseguirá encontrar em si mesmo a força para o novo. Não há recomeço enquanto continuarmos perdidos em nosso próprio coração. *Padre Flávio Sobreiro Poeta, escritor, estudante de filosofia clínica Cambuí/MG

Dos retratos existenciais*

Certamente você conhece alguma pessoa com quem não tem contato há 2 meses, 2 anos ou 2 décadas. É um familiar que mudou de cidade porque constituiu família, ou um amigo que foi promovido no emprego e teve que mudar também de cidade, uma amiga que foi para o exterior fazer um intercâmbio de estudos. Na hipótese de um reencontro, você conversa com a pessoa, percebe algumas mudanças e logo passa à sua cabeça "nossa, como o fulano mudou!". Isso pode ser um indicativo de que você fez um retrato existencial da pessoa e que ainda a enxerga como ela era tempos atrás. Teu amigo era viciado em refrigerante e agora só toma água sem gás. Era o primeiro a sentar na mesa para apreciar um suculento churrasco e agora aderiu ao vegetarianismo. Sempre falou em ter um número de filhos que desse para montar um time de futebol e agora expressa a vontade de ter apenas mais um, para fazer companhia ao Júnior, o único filho até então. Tinha asco ao som de guitarras pesadas, pois só ouvia MP

Pensar é transgredir*

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!" O problema é que quando menos se espera e

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