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O Homem e as Coisas*










 



As coisas não se submetem
 à nossa vestidura;
 na máscara que somos
 as coisas nos conjuram. 
 
 Por que não escutá-las,
 tão sáfaras e puras,
 como flores ou larvas,
 estranhas criaturas? 
 
 Por que desprezá-las
 no sopro que as transmuda
 com os olhos de favas,
 fechados na espessura? 
 
 Por que não escutá-las
 na linguagem mais dura,
 comprimidas as asas
 na testa que as vincula? 
 
 Despimos a armadura
 e a viseira diurna;
 a linguagem resvala
 onde as coisas se apuram. 
 
 Recônditas e escravas
 na cava da palavra,
 são fiandeiras escuras
 ou áspides sequiosas. 
 
 As coisas não se submetem
 à nossa vestidura.
 
* Carlos Nejar

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