Querido leitor, que
você esteja bem. Nosso tema de hoje é imaginação.
O filósofo Blaise
Pascal em sua obra mais conhecida, "Pensamentos", discutia a
imaginação, com poucos fundamentos, apenas preocupado em anotar pensamentos
sobre o tema. E olha que sua especialidade era matemática. Na visão de Pascal,
a imaginação é a força mais poderosa nos seres humanos e também uma de nossas
principais fontes de equívoco.
Para o matemático, a
imaginação pode ultrapassar nossa razão, pois é ela que nos leva a confiar nas
pessoas, apesar do que nos diz a razão. Um exemplo: médicos e advogados
vestem-se com distinção, tendemos a confiar neles. Ao contrário, dedicamos
menos atenção a quem parece desmazelado, mesmo que suas palavras sejam sensatas
e seus exemplos coerentes. Lembrando que isso era assim para Pascal. Ele
continua: Embora a imaginação leve a falsidade, por vezes também conduz a
verdade, pois se fosse apenas falsa, então poderíamos usá-la como fonte de
certeza ao aceitar sua negação.
Blaise Pascal escreve
que a imaginação dispõe de tudo. Ela produz beleza, justiça e felicidade, mas
como a imaginação, em geral, leva ao equívoco, então a beleza, a justiça e a
felicidade que ela produz normalmente são falsas.
Um de seus objetivos
era mostrar aos Libertins que a vida de prazer que haviam escolhido não era o
que eles imaginavam. Embora acreditassem que tinham eleito o caminho pela
razão, eles teriam sido, de fato, iludidos pelo poder da imaginação.
Para os Libertins
retornarem à igreja, Pascal criou um argumento conhecido como aposta de Pascal.
Aqui ele admitia que não era possível dar bons fundamentos racionais para a
crença religiosa, mas tentou oferecer bons fundamentos racionais para se querer
ter tais crenças. Consistia em comparar os possíveis ganhos e perdas ao se
fazer uma aposta na existência de Deus.
O filósofo argumentou
ainda que, ao apostar se Deus não existe, há a possibilidade de perder muito -
a felicidade infinita no céu - ou ganhar pouco - um sentido finito de
independência nesse mundo. Já a aposta de que Deus existe traz o risco de
perder pouco ou a chance de ganhar muito. Assim, seria mais racional, sob esse
aspecto, acreditar em Deus.
Ao longo da história,
alguns pensadores escreveram sobre a imaginação. Aristóteles, por exemplo,
disse que a alma nunca pensa sem uma imagem mental. Já René Descartes afirmou
que o filósofo deve treinar sua imaginação para a aquisição do conhecimento.
David Hume argumenta que nada que imaginamos é absolutamente impossível.
Imanuel Kant defende que sintetizamos as mensagens incoerentes dos nossos
sentidos em imagens e depois em conceito usando a imaginação. Dentre todos, a
frase de Einstein talvez seja uma das mais simples e profundas: “A imaginação é
mais importante que a inteligência”.
É assim como o mundo me
parece hoje. E você, o que pensa sobre imaginação?
*Beto Colombo
Administrador de empresas, Escritor, Filósofo Clínico. Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma/SC
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