Conheceis o francês,
sabeis dividir,
multiplicar,
declinar com perfeição.
Pois, declinai!
Mas sabeis por acaso
cantar em dueto com os
edifícios?
Entendeis por acaso
a linguagem dos bondes?
O pintainho humano
mal abandona a casca
atraca-se aos livros
e a resmas de cadernos.
Eu aprendi o alfabeto
nos letreiros
folheando páginas de
estanho e ferro.
Os professores tomam a
terra
e a descarnam
e a descascam
para afinal ensinar:
“Toda ela não passa dum
globinho!”
Eu com os costados
aprendi geografia.
Não foi à toa que tanto
dormi no chão.
Os historiadores
levantam
a angustiante questão:
- Era ou não roxa a
barba de Barba Roxa?
Que me importa!
Não costumo remexer o
pó dessas velharias!
Mas das ruas de Moscou
conheço todas as
histórias.
Uma vez instruídos,
há os que propõem
a agradar às damas,
fazendo soar no crânio
suas poucas idéias,
como pobres moedas numa
caixa de pau.
Eu, somente com os
edifícios, conversava.
Somente os canos dágua
me respondiam.
Os tetos como orelhas
espichando
suas lucarnas atentas
aguardavam as palavras
que eu lhes deitaria.
Depois
noite a dentro
uns com os outros
palravam
girando suas línguas de
catavento.
Comentários
Postar um comentário