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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Contagem regressiva para 2015*

Uau! Diria ou dirá meu querido professor e amigo Hélio. Um dia depois de outro minha filha, diria ou dirá minha mãe. Dieta, parar de fumar, fazer exercício físico, estudar algo novo, meditar mais, estudar mais... Pois, Sou dessas que faz de tudo o que ouve para ter um ano de luz e paz e digo; tem dado certo! Se na praia estou, pulo sete ondas, subo em cima da cadeira na contagem regressiva, uso roupas brancas, fitas coloridas na roupa íntima, uma cor para cada significado, flores para Yemanjá, para minha cigana rosa vermelha e paz peço a Deus meu pai! Sempre fui assim, desde bem novinha. Antes tinha uma fé quase fanática, hoje faço algumas coisas por puro hábito, mas o ritual é importante. Penso que já vivi, vi, sorri, sofri tanto... O simples me toca o coração. O sorriso das crianças me faz lembrar a minha própria infância. Ah! Saudades da minha infância. Quanta inocência! Menina sonhadora, cria num futuro mais que feliz, colorido. Sem dor ou desamor! Ilusão

2015*

Em 2015 continuarei habitando minha casinha de livros. Feita com paredes de livros... para sustentar. Com portas de livros.... para acolher. Com janelas de livros... para espiar esperanças e utopias... e alegrias. E com teto de livros.... para proteger. Farei-me uma pandorga em forma de livro. Com livros "voantes". Puxada por um gurizinho moleque.... serelepe. Por um fiozinho em forma de "S". Farei-me uma prece... Farei-me um sofá de livros. Para algum descanso. E farei-me um balanço. Enganchando letrinhas... corrente... Para embalar vidas. Para cá e para lá. Para lá e para cá.... Em todos os dias do ano vindouro... Aos amigos: Um 2015 embalado por boas leituras. E poesias.... *José Mayer Filósofo, Livreiro, Poeta, Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Olhar para trás*

(...) Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente... (...) *Guimarães Rosa

Queijo ou mortadela ? Depoimento de um historiador sobre filosofia clínica no café da manhã*

             Subindo a Rua General Câmara, aos 40 o no verão de Porto Alegre, não penso em mais nada a não ser uma Coca-Cola gelada, mas algo se destaca no meio do caminho. Olho a minha esquerda e vejo uma edificação antiga rabiscada pelos pichadores, é a Biblioteca Pública do Estado. Sei por que somente neste momento em particular este prédio me chamou a atenção, eu estava orientado a olhar o passado, não importa o que seja... estava com os olhos no ontem. Eu estava embriagado, por aquilo que a maiorias das pessoas esquecem.             Não existe país, continente, povo ou pessoa sem sua história. A realidade que conhecemos está formada com base na sua história, conhecendo-a conhecemos a sua formação, suas dores, suas vitórias, suas derrotas; falo isso por um determinado ângulo de visão, pois o conceito de heróis e vilões são conceitos políticos e não nos compete discutir se queremos queijo ou mortadela, sim observar Clio, a antiga musa da história, escrever com sua pena.

Ser Livre*

Eu não nasci com fome de ser livre. Eu nasci livre - livre em todos os aspectos que conhecia. Livre de correr pelos campos perto da palhota da minha mãe, livre de nadar num regato transparente que atravessava a minha aldeia, livre de assar maçarocas sob as estrelas e montar os largos dorsos de bois vagarosos.  Contanto que obedecesse ao meu pai e observasse os costumes da minha tribo, eu não era incomodado pelas leis do homem nem de Deus. (...) Só quando comecei a aprender que a minha liberdade de menino era uma ilusão, quando descobri, em jovem, que a minha liberdade já me fora roubada, é que comecei a sentir fome dela. (...) Calcorreei esse longo caminho para a liberdade. Tentei não vacilar; dei maus passos durante o percurso.  Mas descobri o segredo: depois de subir uma alta montanha apenas se encontram outras montanhas para subir. Parei aqui um momento para descansar, para gozar a vista da gloriosa paisagem que me rodeia, para voltar os olhos para a distância percorrid

A morada do ser*

“Impossível escrever a história do inconsciente humano sem escrever uma história da casa.” Gaston Bachelard  Pelas ruas, Extensos bairros, Estradas de chão. A morada que abriga, Os devaneios íntimos, A imaterialidade, A estrutura que fala. As vivências, isolamentos, Segredos e liberdade, Daquela morada... A morada do Ser.   *Fernanda Sena Filósofa Clínica Barbacena/MG

O apanhador de desperdícios*

Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. *Manoel de Barros

Arquétipo*

Sou a ruiva linda de cabelos de mousse. Estou na Idade Média e tenho cavaleiro que me procura de manto e tudo. A mulher no sótão é a perfeição ideal platônica. Eis que presa sim, pois que recebe, fértil e tem que se resguardar. E essa história das musas nas estrelas da princesa presa na torre é uma inventio masculina para suavizar o posto estado em que ele a coloca sempre por baixo Mas se mulher é frescura e subordinação não o sou. Vê, você fala com um anjo: na busca do ser integral não há lugar para preconceitos. *Vânia Dantas Filósofa Clínica Brasília/DF

Certas Palavras*

Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança. Entretanto são palavras simples: definem  partes do corpo, movimentos, actos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos. E tudo é proibido. Então, falamos. *Carlos Drummond de Andrade

A palavra ressonância*

Escrever sobre as repercussões de um encontro clínico, reivindica deslocar-se em estado de redução fenomenológica. Se trata de tentar visualizar eventos em sua matriz de desencadeamento compartilhado, por onde acessos inesperados se descortinam, sugerem uma dialética nem sempre traduzível.     As poéticas da terapia esboçam seus inéditos e os ampliam pela interseção bem sucedida. Esses enredos seriam inimagináveis não fora a alquimia da atuação subjuntiva, a qual, iniciada na hora_sessão, se multiplica no cotidiano por vir. Dos múltiplos aspectos sobre seu alcance, sentido, direção, se destaca a alteração dos pontos de vista. Reinvenção pela aptidão dos procedimentos a se tornar transformação pessoal pela via da introspecção.    A cooperação da categoria tempo é fundamental, nesse momento irrepetível, onde uma chave encontra sua porta. Ao acolher compreensivamente o que ressoa, é possível modificar representações, redescobrir-se em meio ao ir e vir das conexões.     Os m

Não me Peçam Razões...*

Não me peçam razões, que não as tenho, Ou darei quantas queiram: bem sabemos Que razões são palavras, todas nascem Da mansa hipocrisia que aprendemos. Não me peçam razões por que se entenda A força de maré que me enche o peito, Este estar mal no mundo e nesta lei: Não fiz a lei e o mundo não aceito. Não me peçam razões, ou que as desculpe, Deste modo de amar e destruir: Quando a noite é de mais é que amanhece A cor de primavera que há-de vir. José Saramago

Perspectivas de uma racionalidade*

O indivíduo, ao fazer filosofia, necessita criticar as perspectivas de sua racionalidade e não apenas sua ideologia. Urge desconstruir a ingenuidade, pois não são apenas alguns argumentos, prova de verdades irrefutáveis. Existe a necessidade premente de romper com uma cultura onde impere a racionalidade, através de dois princípios capitais: o primeiro, que simboliza serenidade, claridade, medida. O segundo, que representa força impulsiva, afirmação da vida, asseveração da existência e dos impulsos, cotidianamente submetidos ao constrangimento da razão. Percebemos na cultura ocidental, marcada pela repressão dos instintos vitais e indeferimento ao prazer, um entrave em aceitar e compreender o indivíduo em sua totalidade. Aqui podemos citar o Cristianismo, que representou um dos últimos estágios de decomposição da cultura grega e dos impulsos vitais, inerentes e indispensáveis à condição humana sadia. A filosofia de Nietzsche abalizou uma densa ruptura da cultura ocident

Aviso*

Se me quiseres amar, terá de ser agora: depois estarei cansada. Minha vida foi feita de parceria com a morte: pertenço um pouco a cada uma, pra mim sobrou quase nada. Ponho a máscara do dia, um rosto cômodo e simples, e assim garanto a minha sobrevida. Se me quiseres amar, terá de ser hoje: amanhã estarei mudada. Lya Luft

Quando é que a vida começa afinal?*

Tum tum tum - olha que legal! Tenho um coração! Tenho duas pernas, e dois braços também! Nossa, que bacana... mas quando será que a vida começa heim? Deve ser quando eu sair desse lugar apertado e molhado e acolchoado e vermelho aqui que eu moro. Lá fora deve ser tão legal. Olha, uma luz, pronto, finalmente vou começar a viver... unhéeeeee, unhéeee.  Ah, achei que ia começar a viver agora, mas antes eles precisam tirar esse fio preso na minha barriga que me liga à minha mãe. Ih, tiraram, mas tá faltando alguma coisa. Devo começar a viver só depois que minha mamãe me der leite... e carinho... e banho... ah, que nada, já to bem grandinho, a vida deve começar depois que a gente aprende a andar.  Olha, dei meus primeiros passos, acho que finalmente ela começa depois que eu falar... gugu dada. Hum... tá ficando complicado isso. Depois que eu tomar todas minhas vacinas, é isso! Não, não é. Mas tenho certeza que depois que eu ganhar aquela Barbie que todo mundo tem a vida finalme

Momentos possíveis do imaginário*

“O esquecimento do esquecimento não dá oportunidade apenas às encenações realistas, ele é essencial a qualquer metafísica: ao esforçar-se por apresentar a própria coisa, fundamento último, Deus, ser, a metafísica esquece-se de que a presença é ausente. Ter tudo presente é a bulimia do pensamento ocidental.” Jean-François Lyotard A escritura é o fortalecimento e também poder ser o que se esquece durante o passar do tempo. O tempo aqui como conceito diante do que é visto, do que tem diante dos olhos. Tanto faz olharmos por através da vidraça ou mesmo diante de um real supostamente dito, dentro do mesmo espaço, porque o imaginário criado nisso tudo é como o fogo que une o todo. O que estava separado, o que estava distante acaba se unindo nas chamas. A escritura tem um pouco disso, mas se diferencia por sua unidade de ser, por sua fonte longe do imortalizado, é como Lyotard falou de Beckett que fez a “assinatura sofrer”, e ao longe – tudo tem a clareza e distância, dependend

A palavra diante de si*

                "Sonhar é acordar-se para dentro."                                  Mário Quintana A palavra diante de si, ao ser a mesma, já é outra. Uma realidade ofuscada pela proximidade excessiva atesta as irreconhecíveis intimidades. É comum não perceber-se no próprio espelho embaçado. Os movimentos dos quais é refém parece desdobrar vestígios de imensidão.   Na trama dos termos agendados, a contradição entre elogio e crítica, reflete a maquiagem por onde os dicionários tentam defini-la. A imaginação, mesmo aprisionada pelo vocabulário conhecido, deixa-se rastros de algo mais. Sua anterioridade se move em projetos de verdade.  Por essas franjas inconclusas um teor discursivo, ao desviar convicções, emancipa raridades. Nesse momento de possível tradução, aprecia o refúgio em poéticas de não-ser. A incerteza pluralizada nas afirmações, desveste o texto novo, se permite aparecer nas fissuras do próprio fundamento. Os rastros dessa invisibilidade qualificam a

A Biblioteca*

Chegada a noite, volto a casa e entro no meu escritório; e, na porta, dispo a roupa quotidiana, cheia de lama e de lodo, e visto trajes reais e solenes; e, vestido assim decentemente, entro nas antigas cortes dos homens antigos, onde, recebido amavelmente por eles, me alimento da comida que é só minha, e para a qual nasci; onde eu não me envergonho de falar com eles e de perguntar-lhes as razões das suas ações. E eles com a sua bondade respondem-me; e, durante quatro horas, não sinto tédio nenhum, esqueço-me de toda a ansiedade, não temo a pobreza, nem a morte me assusta: transfiro para eles todo o meu ser. *Maquiavel in "Carta a Francesco Vettori"

Eu Vim*

De lá pra cá eu vim Caminhante, errante, pedante. Cansado cheguei, mas não deixei De lutar e correr e espreitar e esperar De lá pra cá vi de tudo: Caminho, erro, pedantismo, Luta, correria, espreita, espera; Outrora, fosse eu mais sábio, Não teria feito o caminho. Mas de lá pra cá aprendi. De lá pra cá busquei entender Qual meu verdadeiro significado. Como ainda não cheguei, Continuo no caminho, errante, pedante, “lutante”, corrente, “espreitante”, “esperante”. Assim como meus neologismos Sou eu no neologismo da minha vida. Não busco mais saber pra estou indo. Se cá cheguei foi porque de lá eu vim. E se tivesse pensado no caminho, Chegaria aonde cheguei? Ou estaria ainda no caminho? Mas posso me outorgar o direito da chegada? Se uma chegada é uma parada e eu continuo vindo de lá pra cá, Será que ainda não cheguei? Por que esse caminho não me leva a lugar algum? Já estou em algum lugar? Quando de lá vim, não fazia ideia Que cá c

Saudade*

Saudade é solidão acompanhada,   é quando o amor ainda não foi embora,   mas o amado já...    Saudade é amar um passado que ainda não passou,  é recusar um presente que nos machuca,  é não ver o futuro que nos convida...   Saudade é sentir que existe o que não existe mais...    Saudade é o inferno dos que perderam,  é a dor dos que ficaram para trás,  é o gosto de morte na boca dos que continuam...    Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:  aquela que nunca amou.    E esse é o maior dos sofrimentos:  não ter por quem sentir saudades,  passar pela vida e não viver.   O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido. *Pablo Neruda

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