Eu não nasci com fome
de ser livre. Eu nasci livre - livre em todos os aspectos que conhecia. Livre
de correr pelos campos perto da palhota da minha mãe, livre de nadar num regato
transparente que atravessava a minha aldeia, livre de assar maçarocas sob as
estrelas e montar os largos dorsos de bois vagarosos.
Contanto que obedecesse
ao meu pai e observasse os costumes da minha tribo, eu não era incomodado pelas
leis do homem nem de Deus. (...) Só quando comecei a aprender que a minha
liberdade de menino era uma ilusão, quando descobri, em jovem, que a minha
liberdade já me fora roubada, é que comecei a sentir fome dela. (...)
Calcorreei esse longo caminho para a liberdade. Tentei não vacilar; dei maus
passos durante o percurso.
Mas descobri o segredo: depois de subir uma alta
montanha apenas se encontram outras montanhas para subir. Parei aqui um momento
para descansar, para gozar a vista da gloriosa paisagem que me rodeia, para
voltar os olhos para a distância percorrida. Mas só posso descansar um momento,
porque, com a liberdade, vem a responsabilidade, e não me atrevo a demorar,
pois a minha caminhada ainda não terminou.
(...) Ser livre não é apenas
livrar-se das próprias grilhetas, mas viver de uma forma que respeite e promova
a liberdade dos outros. (...) Eu não tinha a menor dúvida de que o opressor
tinha de ser libertado tanto quanto o oprimido.
Um homem que tira a liberdade
de outro homem está prisioneiro do ódio, está fechado atrás das grades do
preconceito e da estreiteza de vistas. Não sou verdadeiramente livre se estou a
tirar a liberdade a alguém, tão certamente quanto não sou livre quando me é
roubada a minha humanidade. Tanto o oprimido quanto o opressor são espoliados
da sua humanidade.
*Nelson Mandela
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