Durante a Feira do
Livro vem, de repente, aquela necessidade de escrever. Ou de reescrever o que
já foi....
Lembro-me. Sentávamos
no banquinho da praça. Um em cada cantinho. Quase de costas um para o outro.
Habitava-nos a ingenuidade. A inocência fazia os corações se darem as mãos.
Assim era o primeiro
amor...
O primeiro amor é
muitas vezes aquele que não aconteceu. Ao mesmo tempo é aquele que, de maneira
nenhuma, não deveria não ter acontecido.Mas não aconteceu, é fato. E por isso
continua. Continua pela sua ausência. O primeiro amor é o da eternidade.
Este primeiro é o amor
que não deveria ter declinado, Mas ele se perdeu por aí. Se perdeu ficando.
Esqueceu-se de si e curou-se, momentaneamente.
E agora...?
Vive-se a ilusão de que
não é mais o mesmo amor. Não faria mais o que teria feito outrora.
Ou será que faria
melhor?
Aquele primeiro amor
não teria conhecido limites, perigos ou vergonhas. Se precipitaria em
penhascos. Subiria ao cume das mais altas montanhas. Desejaria abraçar o mundo
todo. Inundaria a metade da terra e a outra metade incendiaria.
Mas poderia também ter
criado espaços para ausências e silêncios para não se perder.
Pensando bem...
Cada amor sendo puro e
verdadeiro, é na verdade, sempre um primeiro amor. E o último, certamente,
poderá também ainda ser o primeiro. E o atual, por uma graça maior,
renovando-se cada dia, poderá ser, por que não, o primeiro amor, por
inteiro...
*José Mayer
Filósofo, Livreiro, Poeta, estuda na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS
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