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Mostrando postagens de 2015

*Buscas

Que em 2016 sobre tempo... Pra encontrar os amigos Pro ócio criativo Pra navegar através dos livros Pra escrever mais livremente Pra brincar e dançar Pois, afinal a vida é poesia Pra quem sabe tudo desfrutar *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora Juiz de Fora/MG

Acho tão Natural que não se Pense*

     Acho tão natural que não se pense      Que me ponho a rir às vezes, sozinho,      Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa      Que tem que ver com haver gente que pensa ...      Que pensará o meu muro da minha sombra?        Pergunto-me às vezes isto até dar por mim       A perguntar-me cousas. . .      E então desagrado-me, e incomodo-me      Como se desse por mim com um pé dormente. . .      Que pensará isto de aquilo?      Nada pensa nada.      Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?      Se ela a tiver, que a tenha...      Que me importa isso a mim?      Se eu pensasse nessas cousas,      Deixaria de ver as árvores e as plantas      E deixava de ver a Terra,      Para ver só os meus pensamentos ...      Entristecia e ficava às escuras.      E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.     *Fernando Pessoas

Acordar*

Dormir é uma necessidade fisiológica. A cada 16 horas o corpo exige uma pausa para descanso. Neste período ocorrem liberação de hormônios, sonhos e recuperação do cansaço e fadiga. O sono é um poderoso revigorante físico e emocional, diminuindo o estresse, melhorando a memória, o raciocínio, rejuvenescendo a pele, controlando o apetite. Acordar é diferente. Acordar é uma benção, um presente. Normalmente, depois de seis a oito horas adormecidas, as pessoas acordam. No entanto, as mais diversas religiões afirmam que durante o sono um pedaço da alma, ou sua totalidade, se desprende do corpo e, conforme a vontade divina, retorna ou não para que o individuo possa acordar. Por isso, fiéis rezam antes de dormir, pedindo que sejam protegidos pelo altíssimo durante o sono e abençoados com o acordar. Como as certezas podem mudar de lugar, para os insones a regra é outra, dormir é considerado uma benção e ficar acordado, uma maldição.   Dormir sob efeito de uma anestesia já é out

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Aliás, uma intuição não se prova, se vivencia." "(...) o tempo é uma realidade encerrada no instante e suspensa entre dois nadas." "Veremos então que a vida não pode ser compreendida numa contemplação passiva; compreendê-la é mais que vivê-la, é efetivamente impulsioná-la." "O que pode haver de permanente no ser é a expressão não de uma causa imóvel e constante, mas de uma justaposição de resultados fugidios e incessantes, (...)" "Roupnel, como historiador minucioso, não podia ignorar que cada ação, por simples que seja, rompe necessariamente a continuidade do devir vital." "(...) ela leva em conta não apenas os fatos, mas também, e sobretudo, as ilusões - o que, psicologicamente falando, é de uma importância decisiva, porque a vida do espírito é ilusão antes de ser pensamento."  "No fundo, o indivíduo já não é mais que uma soma de acidentes - mas, além disso, essa soma é, ela própria, acident

Compreensão*

“O que seria a vida sem esquecimento.” Hans-Georg Gadamer Que bom envelhecer e esquecer, e que não devemos esquecer de viver, e que todo esquecimento é viver mais um pouco, é lembrar viver mais um tanto outro muito de vida. Porque viver é esquecer um pouco de tudo, é viver um tudo de nada dos poucos instantes vividos.  Viver e não deixar de sentir as imagens, de não deixar de provar o vento como se o olfato fosse um som a cruzar um eterno campo de vida, e nosso voltar para o tempo é cheirar mais um pouco do esquecido, do ar que passa sobre a cabeça. E um vasto oceano e todo movimento a desaguar na vida. E morder a vida com aquilo que o esquecer nos deixou sentir: Viver os últimos dias como se vivesse os primeiro anos de vida, viver por viver sem deixar de cuidar da vida. Viver sem as certezas da exatidão, das verdades, e sentir todas as verdades vividas nesse caminho de vida intensa. *Dr. Luis Antônio Paim Gomes Filósofo. Editor. Professor. Livre pensador. Po

Dá-me a tua mão*

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta.   De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia.   Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio. *Clarice Lispector

Sobre diminutivos*

Falo: -Vamos fazer um chimarrão? -Vamos.. -Só se você me pedir. - "Josezinho', vamos fazer um chimarrão...? Nunca pegou um apelido em mim... Já me chamaram de "Zezinho". Parece pequeno demais. Eu já me sinto no diminutivo. Zezinho me reduz a quase nada. Abraço a minha fumaça. Desenho sobre o meu nevoeiro. Toco-me para ver se ainda existo... Já me chamaram de "Zé". Zé é todo mundo e cada um. Parece uma bolinha de pingue-pongue na boca do povo. Sinto-me em praça publica... Já me chamaram de "José". Percebo-me duro e áspero. Me carrega ao mundo dos compromissos e responsabilidades. Lembra-me São José, Virgem Maria e Jesus... desculpa... é muito peso para carregar.... Já me chamaram de "Josezinho". Gosto. Me sinto um pouco mais comprido. Consigo olhar por cima do muro. Para espiar as flores do outro lado. E ela brincando no meio delas. Me espicho e consigo ver o horizonte, e além dele. E vejo ela retornando b

Antes do nome*

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apoia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror. Adélia Prado*

Fronteiras do pensar!*

O que penso? É certo? Ou será errado? O que será que penso? E porque penso? Ou melhor, será que penso? Quantas vezes penso em um dia? Penso com razão? Fico a pensar! Sofro por pensar? Penso e me lembro do que penso? E será certo pensar? Pensei hoje? Pensarei amanhã? Será que pensei ontem? Serei um falso pensante? Seria possível pensar em etapas? Início, meio e fim! Que de alguma forma: seria o ontem, o hoje e o amanhã! Indiferente do que pensar só você manda nos seus pensamentos e mais ninguém! E acima de tudo! Você pensa o quê! Quando! E o quanto quiser pensar! *Marcelo Ávila Franco Psicólogo. Especialista em Educação. Estudante na Casa da Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Receita de ano novo *

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto

Te convido*

À ouvir as ondas, Ouvir seu coração, ouvir o meu, ouvir o que o vento nos diz. Te convido: Aquietar os pensamentos, perceber o aqui e agora, respirar profundamente, depois suavemente. Te convido: sentir-se vivo, perceber-se como integrante desta cena, como natureza que és. Apenas, te convido... *Adriana Miranda Filósofa. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Seiscentos e Sessenta e Seis*

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª-feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio seguia sempre, sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. *Mário Quintana

A palavra inesperada*

                                                      Uma suspeita de imensidão aprecia os deslizes da palavra refugiada na palavra. Ponto de fuga em subterfúgios de especulação, ao exibir renúncias de ser previsível, amplia o mundo das possibilidades.      A admissão compreensiva desses desvãos se oferece no acolhimento de um talvez. Uma de suas características é o descompromisso em sustentar verdades a qualquer preço. Seu estado de espírito sobressaltado qualifica deslocamentos pela arquitetura subjetiva de um mundo fatiado. Aqui o vislumbre repentino das pequenas coisas permite o acesso às zonas de exclusão.    Por esses episódios a perder de vista, um teor extemporâneo pode desconstruir as fronteiras conhecidas. Seu saber ameaça os fundamentos conhecidos daquilo que se tinha definitivo. Nesse viés de aparência deslocada anuncia novos horizontes, esparrama indícios de originalidade para se fazer ciência.  O discurso imprevisível onde ela se esboça, procura inseri-la

Philip Roth no cartório*

          Algumas palavras, difíceis palavras, do escritor americano Philip Roth, que li em  um post de Guilherme Freitas no "Prosa On Line", não cessam de me incomodar. Elas foram transcritas de uma entrevista que o escritor concedeu à revista francesa "Les  Inrockuptibles", em outubro passado, quando anunciou o fim de sua carreira literária. Diz Roth, de 79 anos: "Escrever é estar sempre errado. Todos os nossos rabiscos contam a  história de nossos fracassos".           Sábias, preciosas palavras para um mundo em que não apenas muitos escritores, mas intelectuais, políticos, gurus, doutores, cientistas, especialistas de todas as  áreas, agitam enfaticamente suas verdades. Não é qualquer um que consegue, como Roth, admitir (aceitar) a insuficiência dos próprios pensamentos. Não é qualquer um que sustenta, com coragem, os próprios (e estreitos) limites. No entanto, as duras palavras de Roth, ao delimitarem a potência humana, tornam a vida mais ace

Papéis Existenciais*

Perguntaram-me:- Você é assim mesmo? Ri e respondi: - Sou em processo! Imperfeita! Mulher, mãe... Amante dos livros, do cuidar da casa, do Ser Terapeuta, dos múltiplos lugares do mundo, da quietude da noite, do aconchego amigo. Cada dia um milagre, por isto sou gratidão. Faxineira, cozinheira, costureira, escritora... Múltipla na vastidão de ser eu mesma, singular. Angustiadamente feliz. Triste com o caos do mundo. Feliz em ser como sou, parte deste universo infinito. - O que me falta? - Ainda desapegar de muitas coisas! "Difícil é ser simples!" Vou Zen...do! E basta! *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"(...) o conteúdo que designamos como o 'agora' nada mais é do que a fronteira eternamente fluida que separa o passado do futuro." "A concepção mítica da linguagem, que em toda parte precede a filosófica, caracteriza-se sempre por esta diferença entre a palavra e coisa. Para ela, a essência de cada coisa está contida no seu nome. Efeitos mágicos se vinculam de maneira imediata à palavra e à sua posse." "(...) mesmo a ambiguidade inerente à palavra não constitui uma mera deficiência da linguagem, e sim um momento essencial e positivo da força expressiva que nela reside. Porque nesta ambiguidade se evidencia que os limites da palavra, tais como os do próprio ser, não são rígidos, e sim fluidos." "Toda realidade - tanto a espiritual quanto a física - é, de acordo com a sua essência, uma realidade concreta, individualmente determinada. Por isso, a fim de apreendê-la, é preciso que nos libertemos da universalidade falsa, enganosa e &

Imagens do Pensar*

“O imaginário e o real tornam-se indiscerníveis” Gilles Deleuze “Quando tudo foi dito, quando a cena maior parece terminada, há o que vem depois.” Michelangelo Antonioni Minha, a letra que vem do pensamento, A roupa, visto – a música, sinto na pele. Transfiguro em tua boca, triste é viver neste buraco, A solidão é o começo da liberdade, me faz cantarolar, Acordar noturno é o começo do tempo que se despede. A narrativa em filigranas discorre no tempo, Folhas perdem a força, sequência do pensar disperso, O presente está depois da imagem, em signos, na nuvem. O movimento é de Antonioni, reúne os tempos, O vazio mescla com o tempo morto. O que está aí, feito está. O que foi dito está aqui. Presa do tempo, o homem, inventa o que vem depois, O Imaginário e o Real é o café da manhã à linguagem da vida. O mundo é feito não mais de heróis,  os excessos perderam  para os subjetivos obsedantes das Redes. * Luis Antônio Paim Gomes Professor. E

Fragmentos filosóficos, poéticos, delirantes*

"Assim, como disse, tenho apenas minhas perplexidades a lhes oferecer. Estou perto dos setenta. Dediquei a maior parte de minha vida à literatura, e só posso lhes oferecer dúvidas." "E a vida, tenho certeza, é feita de poesia. A poesia não é alheia - a poesia, como vemos, está logo ali, à espreita. Pode saltar sobre nós a qualquer instante."  "Creio que Emerson escreveu em algum lugar que uma biblioteca é um tipo de caverna mágica cheia de mortos. E aqueles mortos podem ser ressuscitados, podem ser trazidos de volta à vida quando se abrem as suas páginas." "(...) Berkeley escreveu que o gosto da maçã não estava nem na própria maçã - a maçã não pode ter gosto por si mesma - nem na boca de quem come. É preciso um contato entre elas." "(...) gostaria de dizer que cometemos um erro bastante comum ao pensar que ignoramos algo por sermos incapazes de defini-lo." "Os homens buscaram parentesco com os derrotados tr

Entre a Vida, o Amor e a Morte*

Trigêmeas que andam de mãos dadas. Como falar de uma sem falar das outras... Tarde de bate papo informal sobre a morte, em Canoas. Francisco de Assis referia-se a morte como "minha irmã morte", em seus cânticos. Não me foi dado a liberdade de escolher viver. Outros fizeram esta escolha. Se esta liberdade tivesse me sido dada, poderia ainda escolher por não viver. Isto, porém, não me foi concedido. Minha existência, todavia, me foi dado fazê-la. Sou, de certa forma, o resultado daquilo que fizeram de mim, e o que eu fiz daquilo que fizeram de mim (parafraseando Sartre). Neste palco da vida, entre o meu nascimento e a minha morte, sou o meu ator insubstituível. A morte é, parece-me, a única certeza da qual não consigo me esquivar. Espreita-me, sorrateiramente, sem hora marcada para uma visita. Diante da morte nosso olhar volta-se sobre o passado (ou para o futuro? Talvez). Que ainda assim possa ser um olhar benevolente para reafirmar que a vida valeu a p

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