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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Categoria Tempo*

Não te iluda, isto não é um texto. São tão somente anotações Devaneios, divagações Sobre o tempo interno Aquele que cada um tem o seu Mas o tempo depende do momento Aquele que cada um tem o seu Momento e tempo tomam uma só forma Aquela que cada um tem a sua Mas o tempo depende também da forma E a forma depende dos sentidos Os seis, além dos cinco Tempo momento formam um sentido! Quero que o tempo demore quando vejo beleza Quero que o tempo pare quando estou na natureza O tempo e o momento do brilho no olhar A forma que os sentidos te esclarecem O exato momento da plenitude Acorde da guitarra espanhola Acordando todos teus sentidos… Este é o tempo que quero só meu Momento que de forma alguma divido! Divido com quem tem o mesmo tempo Divido com quem tem a mesma forma De sentir todos os sentidos ao meu tempo Hoje resolvi brincar com as palavras Porque preciso que o tempo se apresse Que o tempo encontre alguma forma De apress

Ser Poeta*

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma e sangue e vida em mim E dizê-lo cantando a toda gente! *Florbela Espanca

Reflexões, apontamentos, poéticas*

Quando julgamos o outro a partir das nossas próprias fragilidades, nos afastamos muito de quem a pessoa é realmente e passamos a crer em mais um preconceito. Pode surgir desse fenômeno hábitos traduzidos em sofisticadas formas de mentir para nós mesmos e quanto mais mentiras construímos e acumulamos mais nos enganamos, nos iludimos e adiamos ou anulamos conquistas capazes de nos tornar realmente felizes. É mais fácil perceber e se encantar com a estética das formas ou da retórica do que captar as verdades, a essência dos conteúdos, das intimidades das coisas e da vida. Porventura, esse talvez seja o grande desafio e desafeto da linguagem, da poética e de toda a arte. O poeta e todo artista pode até dominar a estética, mas no fundo, visa mesmo é tocar a essência da sua arte na essência do outro, na essência da vida. É surpreendente como em tempos de cólera se torna cada vez mais difícil captar as verdades presentes nas essências dos discursos e dos gestos até mesmo por quem já nasc

Apontamentos de Estética Helênica II*

Toda arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer – falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projeções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é a literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama. (...) A palavra é, numa só unidade, três coisas distintas – o sentido que tem, os sentidos que evoca, e o ritmo que envolve esse sentido e estes sentidos. (...) É por isto que o mais claro dostextos começa, quando é aprofundado ou meditado por este ou aquele, a abrir-se em divergência de íntimo sentido de um para outro; é que, havendo acordo, em geral, quanto ao sentido direto ou primário da palavra, começa a o não haver quanto aos sentidos indiretos ou secundários. (...) A arte que vive primordialmente do sentido direto da palavra chamar-se-á propriamente prosa, sem mais nada; a que vive primordialmente dos sentidos indiretos da palavra – do

Infância*

Passa lento o tempo da escola e a sua angústia com esperas, com infinitas e monótonas matérias. Oh solidão, oh perda de tempo tão pesada... E então, à saída, as ruas cintilam e ressoam e nas praças as fontes jorram, e nos jardins é tão vasto o mundo —. E atravessar tudo isto em calções, diferente de como os outros vão e foram —: Oh tempo estranho, oh perda de tempo, oh solidão. E olhar tudo isto à distância: homens e mulheres; homens, homens, mulheres e crianças, tão diferentes e coloridas —; e então uma casa, e de vez em quando um cão e o medo surdo trocando-se pela confiança: Oh tristeza sem sentido, oh sonho, oh medo, Oh infindável abismo. E então jogar: à bola e ao arco, num jardim que manso se desvanece e por vezes tropeçar nos crescidos, cego e embrutecido na pressa de correr e agarrar, mas ao entardecer, com pequenos passos tímidos, voltar silencioso a casa, a mão agarrada com força —: Oh compreensão cada vez mais fugaz, O

São Brás: protetor da garganta*

Conheça a história de São Brás, o protetor da garganta.  São Brás protetor da garganta. Brás, bispo de Sebate (Sibus, na Turquia), foi uma das últimas vítimas das perseguições romanas. Sua popularidade deve-se a um milagre atribuído a ele, quando retirou com as mãos uma espinha de peixe que sufocava uma criança, quase causando-lhe a morte. Tal milagre fez de São Brás o protetor das doenças da garganta. Pouco sabemos da história deste santo. As informações que chegaram até nossos dias, relatam que foi capturado pelos romanos e martirizado no ano 316. Celebrar a memória litúrgica facultativa de São Brás, bispo e mártir, nos leva a pedir a Deus, pela intercessão deste santo, a proteção contra todos os males da garganta. Mas também nos compromete a levarmos sempre uma boa palavra a nossos irmãos e irmãs. No dia de hoje, muitos acorrem as Igrejas para receberem a benção da garganta. O Diretório da Liturgia traz a seguinte proposta de benção para a garganta: “Por interce

Apontamentos de Estética Helênica I*

Pela própria natureza do seu ideal, é a civilização helênica essencialmente a civilização artística. Fazer arte é querer tornar o mundo mais belo, porque a obra de arte, uma vez feita, constitui beleza objetiva, beleza acrescentada à que há no mundo. (...) Há, porém, uma outra razão, esta mais emotiva e profunda, para que o ideal helênico seja, de todos, o que mais diretamente conduz à criação artística. O cristão é metafisicamente feliz. Tem os olhos da alma postos naquela perfeição divina em que não há mudança nem cessação. Pesa-lhe pouco a vileza do mundo: viver e ver são para ele um mal-estar transitório. Ao índio nada dói o haver mundo; volta para o lado o rosto, e contempla em êxtase o Todo a que nem o nada falta. É metafisicamente feliz também. Outra é a vida espiritual do homem de ideal helênico. Este vê que a vida é imperfeita, porque é imperfeita; porém não rejeita a vida, porque é na mesma vida que tem postos os olhos. Mesmo que veja no mundo dos deuses naqu

Coisas que eu não sei*

Anunciam-se relâmpagos e trovões. Vai chover.... Alegra-me esperar a chuva Que a chuva lave o mundo!!!! Que bom!!! Andarei na chuva O dia inteiro Contarei os pingos da chuva Farei coisas que eu não sei.... Não são os dedos que escrevem versos Não é o pensamento que constrói poesias É alguma coisa da alma Que eu não sei bem o que é.... José Mayer Filósofo, Livreiro, Poeta na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Síntese do Vagar*

 “Nada mais fácil do que dizer o eu é multiplicidade ou que é unidade ou que é a síntese de ambas.” Henri Bergson Nada mais fácil do que viver em meu espaço, nele consigo refazer a casa do pensar. Digo que é um espaço livre, absoluto, de todas as imposições de ordem moral... por que da moral, se não estou aqui me refazendo do mundo totalitário das coisas? Apenas aqui, é o espaço do pensar. Estou a dedilhar o acontecimento, o mundo dentro do mundo, o fora do mundo, o mito de viver bem, o mito da solidão etc. No meu espaço, convivo com os sonhos, as maquinações desse pensar, as tentativas de inventar o menor espaço possível para escapar com a palavra, atravessar a imaginação de mundos possíveis. É óbvio, a razão diria, isso é um monstro. Não quero meus sonhos em companhia da sensatez, prefiro a música, o pensamento, o livro que invade o tempo dos contrários.  A contramão das ideias pode tudo mas não corrompe as pontas do pensar nesse meu espaço que bifurca em ruas do

Era uma vez...*

“Às vezes, eu acredito em seis coisas impossíveis antes do café da manhã” (Alice no País das Maravilhas, Tim Burton, 2010) As singularidades adentram os espaços terapêuticos das mais improváveis formas. Alguns chegam indecisos sobre o porquê de estarem ali, afinal nem sempre existe obviedade; outros talvez não saibam que seja uma porta para descobertas tão incômodas quanto difíceis. Existe a probabilidade de que um turbilhão os perpasse, podendo arremessá-los até a mais insana possibilidade de ser. Na verdade, percorrer caminhos de encontros pode ser tão inusitado quanto permanecer inerte no estado catatônico em que a normalidade desavisada costuma nos mergulhar. Cada um tem sua estrada, suas histórias na bagagem, que muitas vezes arrastam melancólicos ou sem vontade, desgostosos do que mais desejam. Na verdade, as histórias se misturam em potes, cujo fundo nem sempre é visível. Falas entrecortadas de peculiaridades trazem à tona que um dia fui assim... há muito tempo

Cantiga de Malazarte*

Eu sou o olhar que penetra nas camadas do mundo, ando debaixo da pele e sacudo os sonhos. Não desprezo nada que tenha visto, todas as coisas se gravam pra sempre na minha cachola.  Toco nas flores, nas almas, nos sons, nos movimentos, destelho as casas penduradas na terra, tiro os cheiros dos corpos das meninas sonhando.  Desloco as consciências, a rua estala com os meus passos, e ando nos quatro cantos da vida.  Consolo o herói vagabundo, glorifico o soldado vencido, não posso amar ninguém porque sou o amor, tenho me surpreendido a cumprimentar os gatos e a pedir desculpas ao mendigo.  Sou o espírito que assiste à Criação e que bole em todas as almas que encontra. Múltiplo, desarticulado, longe como o diabo. Nada me fixa nos caminhos do mundo. *Murilo Mendes

Tempo do sem fim*

Noite a dentro silêncio no entorno os deuses me povoam Hermes me possui entre Dioniso e Apolo poemas de Gullar e Pessoa suspiro estrelas navego pela escuridão guiada por pirilampos driblo o sono na vastidão de mim multidões plurais benzem meus devaneios ancoro-me nesta fresta a deleitar-me na relva imaginal porque sou não ser dissolvida no espaço no tempo do sem fim *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filósofa Clínica, Escritora Juiz de Fora/MG

Canção do dia de sempre*

Tão bom viver dia a dia... A vida assim, jamais cansa... Viver tão só de momentos Como estas nuvens no céu... E só ganhar, toda a vida, Inexperiência... esperança... E a rosa louca dos ventos Presa à copa do chapéu. Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas, Atiro a rosa do sonho Nas tuas mãos distraídas... *Mario Quintana

A palavra número*

As possibilidades contidas na estrutura de pensamento, encontram, na palavra número, um viés especulativo sobre sua equação matriz. Um lugar para visualizar e descrever os diálogos, as fronteiras e transgressões da subjetividade.       Os referenciais indicativos de quantidade, ao multiplicar, subtrair, dividir ingredientes estruturais, numa ordem descabida, recoloca a leitura singular como imprescindível. Assim a contagem histórica, ao conceder o padrão, o dado atual, a literalidade dessas variáveis, ensina a dialética de uma intimidade, em que pese seu aspecto de refém das lógicas do improviso.     Ao tentar desvendar essas indicações, em cada página descrita, surgem novas questões, problemáticas. A partir daí, pela via da nova semiose: o número, menciona aquilo sem palavras para se dizer. As verdades surgem em conjecturas, cálculos, simbologias, tentam mensurar a natureza do transbordamento pessoal.  Talvez se encontre, nessa questão, um modelo para compreender a plur

Ideais Insanos*

Um homem louco é aquele cuja maneira de pensar e agir não se coaduna com a maioria dos seus contemporâneos. A sanidade mental é uma questão de estatística. Aquilo que a maioria dos Homens faz em qualquer dado lugar e período é a coisa ajuizada e normal a fazer. Esta é a definição de sanidade mental na qual baseamos a nossa prática social.  Para nós, aqui e agora, são muitos os de mentalidade sã e poucos os loucos. Mas os julgamentos, aqui e agora, são por sua natureza provisórios e relativos. O que nos parece sanidade mental, a nós, porque é o comportamento de muitos, pode parecer, sub specie oeternitalis, uma loucura. Nem é preciso invocar a eternidade como testemunho. A História é suficiente.  A maioria auto-intitulada de mentalmente sã, em qualquer dado momento, pode parecer ao historiador, que estudou os pensamentos e ações de inumeráveis mortos, uma escassa mão-cheia de lunáticos. Considerando o assunto de outro ponto de vista, o psicólogo pode chegar à mesma conclusã

Nem todo mundo gosta de sexo*

Então você não gosta de sexo? E de você, você gosta? Há ainda muita controvérsia sobre o sexo ser ou não uma necessidade básica fisiológica, estar inserido no mundo do homem como algo sem o qual ele não pode viver ou algo como uma alternativa que o homem inventa para reproduzir a espécie ou justificar a união com outro ser ou ainda, sobre o sexo ser fonte de alegria, paz, saúde e coisas desse tipo. Você está vivendo o seu tempo ou está em algum lugar do passado ou do futuro? Você escolhe o que, como fazer para sua vida ser mais tranquila, sorridente, pacífica e integrada aos outros seres humanos? O que você escolhe como fonte de equilíbrio para você? Há quem possa não gostar de sexo? Claro que sim, contudo antes há de se pensar se esta é mesmo uma primeira verdade para o indivíduo que afirma que o sexo não é necessário ou algo do qual se deva gostar. Pessoas que não gostam de si mesmas, do próprio corpo, com auto estima muito rebaixada, costumam arranjar descul

Antes de vivermos, a vida é coisa nenhuma*

O homem começa por existir, isto é, o homem é de início o que se lança para um futuro e o que é consciente de se projetar no futuro. O homem é primeiro um projeto que se vive subjetivamente, em vez de ser musgo, podridão ou couve-flor; nada existe previamente a esse projeto; nada existe no céu ininteligível, e o homem será em primeiro lugar o que tiver projetado ser.  Não o que tiver querido ser. Porque o que nós entendemos ordinariamente por querer é uma decisão consciente, e para a generalidade das pessoas posterior ao que se elaborou nelas. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me: tudo isto é manifestação de uma escolha mais original mais espontânea do que se denomina por vontade. (...) Escreveu Dostoievsky: «Se Deus não existisse, tudo seria permitido.» É esse o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem encontra-se abandonado, porque não encontra em si, nem fora de si, a que a

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