Quais são os escritores
que nos enriquecem? Penso que isso é diferente para todos. Penso que lemos
muito subjetivamente. Lemos aquilo de que precisamos. Há quase uma força
obscura que nos guia para determinado livro numa determinada altura; depois
criamos problemas quando tentamos racionalizar isso e dizemos que este escritor
é bom e aquele escritor é mau. Nunca fui capaz de dizer isso.
Compreende, não
posso dizer que Simone de Beauvoir seja má escritora, mas posso dizer que não
me enriquece. O que é uma afirmação totalmente diferente. E penso que isso
varia muito. Elaborei uma lista de escritoras e dos seus livros que me
enriqueceram. Mas não é uma seleção literária. É uma seleção puramente
subjectiva e a sua podia ser totalmente diferente.
Perguntam-me muitas
vezes o que penso acerca de Simone de Beauvoir, o que penso acerca de The
Golden Notebook, e é-me sempre difícil responder. Não os considero livros
enriquecedores, porque me repetem incessantemente como as coisas estão, mas
nunca me mostram como posso mudá-las.
Logo, quando Simone de Beauvoir escreve
um livro acerca do envelhecimento, ela está a curvar-se à idade cronológica e a
dizer que em determinada altura ficamos velhos. Mas nós às vezes ficamos velhos
aos vinte anos. A idade é outra coisa que temos de transcender e de encarar com
outra atitude. Não é cronológica.
E penso o mesmo em relação à descrição de
coisas tal como elas são, sem uma abertura que nos diga para onde podemos ir a
partir dali ou como podemos transcendê-las, que encontro naqueles que chamo os
escritores enriquecedores. É por isso que, quando não estou apaixonada por
escritores, digo sempre que posso respeitar as suas ideias, mas que não me dão
o sentimento que me empurra para a vida.
Anais Nin
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