“Tom é palavra que
presta serviços a mais de uma arte.”
Herbert Read
Eu sou antigo, muito
antigo, quase uma pintura paleolítica,
Uma imagem na pedra,
bosquímane da África do Sul,
Eu sou muito antigo, só
não envelheci o suficiente,
Eu sou tão antigo,
existo antes do indivíduo, sou parte do coletivo.
Atravessei os tempos,
sou milenar, sou o risco da arte pagã,
Vim de longe, sou de
todos os lugares eu hoje só a memória pode falar.
Vim do retrato, escalei
o adorno da história, morri muitas vezes,
Sou um traço tão
antigo, as rugas não conseguem mostrar os tempos existentes em minha carcaça de
bronze.
Sou mais antigo que o
sentido das coisas, dentro de mim existe o tempo, existe uma máquina de som
cromático.
O Outro, a curva do
olhar que se perde na abstração da forma, sou mais antigo do que isso, o pólen
das estações.
O Outro, o que existe é
único – do primitivo não vivi mais do que vivo hoje,
Envelheço nos
conceitos, nas cores e nos dias.
Sou muito antigo.
Prof. Dr. Luis Antônio
Gomes
Escritor, Poeta, Editor
Sulina
Porto Alegre/RS
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