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O que sente o elefante?*

                                       











Verdades sociais estabelecem ligações entre as pessoas e os animais. João é forte como um touro! Covarde como um rato! Perigoso como uma cobra!

Na observação contemporânea, fugaz e exterior pode ocorrer a tradução nesse sentido e bem qualificar a virtude ou vicissitude. O elemento temporal é importante para se perceber perdurar ou outro roteiro é traçado nas andanças existenciais do ser.

Ao poderoso elefante se concebe a lembrança, a memória, o sentimento de que o tempo transcorrido guarda qualidades. Talvez a observação de que o animal elefante percorra longas caminhadas na sua trajetória de vida, perseguindo condições alimentares adequadas e sempre retornando ao mesmo local originário, mesmo diante dos obstáculos que se oponham, em uma vivência desafiadora, perfilou cemitérios para que seus iguais, naturalmente o próprio, venha a observar seus últimos dias, desta feita longe da manada, em vivência isolada e concebendo o final de suas forças e a falência de sua própria memória.

É um compromisso com seus iguais, pois os mais velhos podem atrasar o caminho dos demais, em seus desafios.

E o que sentem tais animais feitos pessoas? Ou pessoas feitas animais? Sentem-se verdadeiras, vestem-se e transvestem-se de tais qualidades? Sem percorrer muito das informações que pululam ao nosso derredor é interessante perceber o quanto os signos do horóscopo, ainda que afirmativamente não soframos a influência de tais astros ou de seus movimentos e conjunções, são aceitos e afetados por uma gama relevante de seres humanos, que se transvestem de qualidades de touro, leão, carneiro e outros mitológicos.

Ora em força, beleza, dedicação e amor.

Vivem, e vivemos para tantos, como se desejam que estes, ou outros mais fortes símbolos e signos, nos envolvam e convivam, em constante escambo, em interação significativa ou meramente informativa.

O que realmente sentem os comparativos, suas vidas, vivências, papéis existenciais, o que acham de si mesmos, não parecem merecer despertar a atenção e o conhecimento de outros membros do grupo. Faltou o escutar dedicado para estabelecer uma recíproca de inversão com a realeza de uma mutualidade convivencial.

Há mais ...!!! E entre os elefantes pode ser diferente. Fortes, desafiadores, sobreviventes de outras épocas, em algo de seu ser existe muito mais do que as impressões que temos, das verdades que cunhamos e aplicamos a outros seres.

Ao menos um mínimo do outro pretendemos conhecer, que se realize na sua memória, na sua essência, na sua sabedoria.

*Dr. Marcelo Nassar
Professor, Advogado. Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS

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