“(...) Serei todos ou ninguém. Serei o outro
Quem sabe sem saber eu sou, o que fitou
Esse outro, minha vigília. E a julga,
Resignado e sorridente.”
Jorge Luis Borges - Sonho
Depois de dormir um
sono errante,
Vaguear pelo
inconsciente, correr o mundo,
Entrar por todos os
cantos da memória.
Explorar o passado, o
vivido, o insignificante,
Em todos os lados, ser
personagem e autor,
Depois escrever tudo de
forma mais absurda:
O nexo da noite está no
acordar vivo.
Ver que o tempo mudou,
o sonho é um trem,
Desloca ao passado, se
perde, o túnel é o caminho,
Sem temer a censura, o
outro lado é a viagem do autor,
O maquinista da noite
não teme o fim,
Tem o controle da luz
na escuridão,
Seus personagens, um
vasto complexo de Outros,
Todos, sujeitos, uns,
obra do autor a viver na onírica viagem, prova do recorte da vida que sonha,
O dia, mais cedo ou mais
tarde, luz dos olhos,
Acenderá os filamentos
da linguagem do noctívago.
“... e essa regressão
precisa deixar pelo caminho toda nova aquisição ocorrida no percurso que vai
das imagens mnemônicas até os pensamentos.”
(Freud – “O trabalho do
sonho”, p. 244 ‒ Freud – Conferências introdutórias à psicanálise, Obras
Completas, vol. 13 , Companhias das Letras, 2014.)
*Prof. Dr. Luis Antônio
Paim Gomes
Editor Sulina. Escritor.
Poeta.
Porto Alegre/RS
Comentários
Postar um comentário