“Também sabemos que de
início praticamente todas as obras-primas foram rejeitadas e vilipendiadas. É
quase uma regra. Toda obra realmente forte tem que incomodar. Na verdade, isso
é um sinal da sua força.”
“O fenômeno da
identificação – a joia do cinema, a transferência mágica, a passagem secreta de
um coração a outro – provavelmente está além da explicação racional. Ele mexe
em demasia com parâmetros parcamente conhecidos.”
“Somos tocados apenas
por uma realidade secundária, uma realidade de outra ordem, fácil de sentir,
difícil de descrever.”
“Coincidências, eventos
improváveis – a verdade não é sempre convincente. Sempre soubemos disso. O
cinema, que tão frequentemente se aventura pelo irreal, constantemente renuncia
a uma realidade que considera difícil demais de ser engolida.”
“O indefinível era
melhor do que o específico, ainda que exótico. Buñuel, além disso, sonhava em
introduzir sorrateiramente algumas informações falsas em todos os seus filmes,
como que para minar e desviar ligeiramente o rumo da história e da geografia; a
verdade fiel o aborrecia tanto quanto um espartilho apertado.”
“De fato, todo o filme
parece dizer que não há diferença, que a vida imaginária é tão real quanto a
outra, e que a vida que tomamos por real pode a qualquer momento se tornar
inverossímil, absurda, anormal, perversa, levada a extremos por nossos desejos
ocultos.”
“Lembro-me de Milos
Forman na varanda de um café, observando o ir-e-vir de transeuntes e
prostitutas num cruzamento de Pigalle e resmungando desconsoladamente: - Só
Deus poderia ter dirigido isso!”
“O essencial é nunca
abandonar o contato com a vida real, em favor da elaboração intelectual. É
preciso começar explorando e dominando o que está à nossa volta, antes de
conferir à realidade os necessários desvios e reviravoltas.”
*Jean-Claude Carrière.
‘A linguagem secreta do
cinema’. Ed. Nova Fronteira. RJ. 2006
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