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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Como Bleuler tampouco descobriu qualquer doença nova nem desenvolveu qualquer novo tratamento, sua fama assenta, em minha opinião, no fato de ter inventado uma nova doença - e, através dela, uma nova justificativa para se considerar o psiquiatra um médico, o esquizofrênico um paciente e a prisão em que aquele confina este, um hospital"

"Antes de 1900, os psiquiatras acreditavam que a paralisia geral era devida à má hereditariedade, alcoolismo, fumo e masturbação."

"(...) ao descrever um paciente esquizofrênico, está descrevendo meramente alguém que fala de modo bizarro ou diferente dele, ou quem ele, Bleuler, está em desacordo."

"A essência da minha argumentação é que homens como Kraepelin, Bleuler e Freud não eram o que afirmavam ou pareciam ser, notadamente, médicos ou investigadores médicos; eles eram, de fato, líderes e conquistadores político-religiosos."

"Szasz citando Laing: 'O homem futuro verá que aquilo a que chamamos "esquizofrenia" foi uma das formas em que, frequentemente através de pessoas comuns, a luz começou a penetrar através das brechas de nossas mentes excessivamente fechadas.'"

"A esquizofrenia é definida de modo tão vago que, na realidade, trata-se de um termo frequentemente aplicado a quase toda e qualquer espécie de comportamento reprovado pelo locutor."

"(...) a esquizofrenia é um símbolo sagrado da Psiquiatria, da mesma forma que, digamos, o Cristo crucificado é um símbolo sagrado do cristianismo."

"(...) em nosso mundo medicamente intoxicado, acredita-se geralmente que, numa discordância entre duas partes, se uma puder provar que a outra é 'doente' - especialmente 'esquizofrenica' - isso estabelecerá de maneira irrefutável a superioridade, ao mesmo tempo científica e moral, da primeira sobre a segunda."

"(...) na proporção em que o matrimônio passou a ser considerado sagrado e indissolúvel, a Psiquiatria involuntária foi considerada indispensável, uma verdadeira benção."

"(...) o contexto real e a maneira precisa em que surgem tipicamente os fenômenos que Kraepelin chamou de dementia praecox e Bleuler denominou 'esquizofrenia'. O contexto é a família (...)"

"O que desejo enfatizar aqui, logo de início, é que a afirmação de que algumas pessoas têm uma doença chamada esquizofrenia (e de que algumas, presumivelmente, não a tem) baseia-se unicamente na autoridade médica e não em qualquer descoberta da Medicina; de que isso foi, em outras palavras, o resultado de uma tomada de decisão ética e política, e não de um trabalho científico empírico."

*Thomas S. Szasz in "Esquizofrenia - o símbolo sagrado da psiquiatria". Zahar Editores. RJ. 1978

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