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O texto novo*

                                          

Aprecia acontecer na interseção da singularidade consigo mesma, ao espantar-se com o esboço deste agora fugaz. Num vislumbre diante do espelho acordando, multiplica-se em fenômenos ainda sem nome. O mundo refém de cada pessoa para seguir existindo.    

Por esse viés de delírio criativo se anuncia o devir das incompletudes. Nessa fonte de inspiração desigual, emancipa perspectivas por inteiro, numa mescla de ser ideal e sensorial. Sua intencionalidade, ao desejar vontades desconhecidas, reivindica um estado de poesia nascente. Por essa transgressão de suas fronteiras, uma vertigem denuncia margens inscientes.   

Inicialmente na forma de apontamentos, esses traços costumam surgir inesperados. Sua sintaxe fora de foco, por linhas tortas, acena outras verdades. Ao conceder alguma visibilidade a esses instantâneos, o escritor se aproxima do obstetra, por dar à luz algo que não lhe pertence por inteiro.

Inexistem técnicas ou fórmulas seguras para redigir os inéditos da subjetividade singular. Não se ensina como, porque ou para quem se escreve. Talvez o encontro das fontes de inspiração com seu autor ideal, consiga algo mais, numa realidade que jamais desveste todos os seus véus.  
      
A redação dessa parcela de infinito, presente no texto novo, costuma reivindicar uma lógica superlativa. Nesse sentido a autoria, ao compor os novos enredos, desdobra-se para encontrar suas margens. Aqui se trata de acréscimos essenciais, um transbordamento a emancipar diários de viagem.

Uma hermenêutica compreensiva se qualifica nos relatos compartilhados. Parece escolher as vertentes e derivações dessa conjugação entre autor e leitor para se expressar. Nesse encontro da página com a luz do dia, um cotidiano se amplia para transcrever raridades. Assim, essa coautoria, ao reescrever a obra inicial, emancipa os limites do seu território.

*Hélio Strassburger

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