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Fragmentos Filosóficos, Poéticos, Delirantes*



"Desejo apenas, querida, peregrinar por tua alma, percorrê-la até o âmago, até o lugar onde ela se torna um templo. E lá quero erguer a minha nostalgia como uma custódia, que há de se elevar até a tua magnificência. Este é o meu desejo."

"Nestes dias de criatividade, sinto como os invólucros abandonam as coisas, como tudo se envolve numa atmosfera de confiança, sem quaisquer disfarces. Os momentos criativos são como crepúsculos vespertinos após carregados dias de verão."

"E agora, em meio ao perfume desta imensidão azul, aproveito os dois ou três dias que ainda passarei antevendo em sonhos o reencontro contigo, para continuar a relatar-te o esplendor destes dias que estou vivendo aqui, em um país estrangeiro. Cada vez mais estou convencido de que não me refiro às coisas, e sim àquilo que elas fizeram de mim."

"(...) Ele permanece pobre, porque é incapaz de revelar a um confidente a existência dos seus tesouros, e segue solitário por não conseguir edificar uma ponte que conduza do seu íntimo para o meio exterior que o circunda."

"(...) A senhora precisa adquirir confiança em tudo e encontrar o lugar onde haja espaço para a sua riqueza. Caso contrário a senhora desperdiçará a sua vida e não levará em consideração a sua própria pessoa. (...) Em ambos há tesouros de ouro puro."

"Não sei como outros mundos, distantes, amadurecerão a ponto de se tornarem divindades. Mas para nós o caminho está traçado pela arte. Porque, entre nós, os artistas são os sedentos que tudo absorvem, tanto os imodestos que jamais constroem uma cabana em algum lugar, como os eternos que transcendem os telhados dos séculos. Eles recebem pedaços da vida, e dão a vida. Mas, uma vez que receberam a vida e trazem dentro de si o mundo como todo o seu poder e todas as suas possibilidades, eles oferecerão algo que ultrapassará aquilo que receberam..."

*Rainer Maria Rilke in "O diário de Florença". Ed. Nova Alexandria. SP. 2002. 

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