“A interpretação se
funda existencialmente na compreensão e não vice-versa.”
Martin
Heidegger
Estamos num momento
histórico do Brasil que precisamos compreender bem os acontecimentos, pois o
ato de interpretar passa pela compreensão de todos os acontecimentos do cenário
político do país e que servem de prato para os esfomeados que mais regurgitam suas
interpretações, ou menos conseguem compreender o momento histórico devido à
fome de interpretar.
Não é só a política. O
Brasil não consegue mais se compreender. Está longe de ter a consciência do que
está realmente acontecendo. O velado de verdades autoritárias surge como
explicações para legitimar e consolidar uma ordenação de ideias irrefutáveis.
Uma boa parte da mídia
sabe interpretar aquilo que não consegue compreender, ou melhor, se tem a
capacidade de compreensão se ilude com suas próprias intenções ideologizadas de
compreender o que está diante de si. Consegue apenas interpretar o que está no
fundo das coisas.
Se soubesse ver que o
que está na superfície é parte do todo, certamente não se valeria da linguagem
mais rasteira de apontar o caminho ideal, de nomear sua linguagem como cura e
verdade, abdicando o essencial, o que está para sempre ser pensado e construído
a partir da compreensão de um problema, neste caso, de fatos arrolados na vida
política e social do país. A mídia tem esse lado, um lado de outras partes
existentes, de atribuir verdade em suas interpretações, sem mesmo saber o que
está por todos os lados do ato de compreender.
Para Heidegger
interpretar não é simplesmente se valer do conhecimento do que se compreendeu,
é, isto sim, preparar as vias possíveis que estão na base da compreensão. A
melhor maneira de compreender, por exemplo, os acontecimentos, é estar no
mundo, no cotidiano, é estar inteirado do melhor é do pior dos mundos, mas,
simplesmente estar em consonância com o “mundo da vida”. Os exemplos de
interpretar os acontecimentos podem passar por princípios filosóficos que
diferem da tradição hermenêutica lançada sob os olhos do século XX, mas que
ainda hoje não desabitou o pensar sobre o mundo.
*Parte I - continua...
**Prof. Dr. Luis Antônio
Paim Gomes
Filósofo. Editor. Escritor.
Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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