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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta. A consciência de maravilhamento diante desse mundo criado pelo poeta abre-se com toda ingenuidade."

"(...) como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?"

"(...) o devaneio nos dá o mundo de uma alma, que uma imagem poética testemunha uma alma que descobre o seu mundo, o mundo onde ela gostaria de viver, onde ela é digna de viver."

"Que benefícios nos proporcionam os novos livros! Gostaria que cada dia me caíssem do céu, a cântaros, os livros que exprimem a juventude das imagens. Esse desejo é natural. Esse prodígio, fácil. Pois lá em cima, no céu, não será o paraíso uma imensa biblioteca ?"

"Em seu ser atual, as palavras, acumulando sonhos, fazem-se realidades."

"(...) ouvindo certas palavras, como a criança ouve o mar numa concha, um sonhador de palavras escuta os rumores de um mundo de sonhos."

"O cientista continua. O alquimista recomeça. Assim, referências objetivas a purificações da matéria nada nos podem ensinar a respeito dos devaneios de pureza que dão ao alquimista a paciência de recomeçar."

"O metafísico não é o alquimista das ideias grandes demais para serem realizadas ?"

"O devaneio vai nascer naturalmente, numa tomada de consciência sem tensão, num cogito fácil, proporcionando certezas de ser por ocasião de uma imagem aprazível - uma imagem que nos deleita porque acabamos de criá-la fora de qualquer responsabilidade, na absoluta liberdade do devaneio."

"As cosmogonias antigas não organizam pensamentos, são audácias de devaneios, e para devolver-lhes a vida é necessário reaprender a sonhar."

*Gaston Bachelard in "A poética do devaneio". Ed. Martins Fontes. SP. 2001   

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