"(...) a escritura começa onde a fala se torna impossível (...)"
"Há no amor por um país estrangeiro uma espécie de racismo às avessas: encantamo-nos com a diferença, aborrecemo-nos com o Mesmo, exaltamos o Outro."
"Certas linguagens são como o champanha: desenvolvem uma significação posterior à sua primeira escuta, e é nesse recuo do sentido que nasce a literatura."
"Um livro vem lembrar-nos de que (...) existe um prazer da linguagem, de mesmo estofo, da mesma seda que o prazer erótico, e de que esse prazer da linguagem é a sua verdade. (...)"
"Repetir o exercício (ler várias vezes o texto) é liberar pouco a pouco os seus 'suplementos'"
"Ora, os desvios (com relação a um código, a uma gramática, a uma norma) são sempre manifestações de escritura: onde se transgride a norma, aparece a escritura como excesso, já que assume uma linguagem que não estava prevista."
"(...) Já a escritura, esta é integralmente 'o que está por inventar', a ruptura vertiginosa com o antigo sistema simbólico, a mutação de todo um flanco da linguagem."
"Fico imaginando hoje, um pouco à moda do grego antigo, tal como o descreve Hegel: interrogava, diz ele, com paixão, sem esmorecimento, o rumor das folhagens, das fontes, dos ventos, enfim, o estremecer da Natureza, para ali captar o desenho de uma inteligência. E eu, é o estremecer do sentido que interrogo escutando o rumor da linguagem - dessa linguagem que é a minha Natureza (...)"
Roland Barthes in "O rumor da língua". Ed. Martins Fontes. SP. 2004
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