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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Meu pensamento não poderia dar um passo se o horizonte de sentido que ele abre não se tornasse, pela palavra, aquilo que no teatro se chama um praticável."

"Diz-se que há um muro entre nós e os outros, mas é um muro que fazemos juntos: cada qual coloca a sua pedra no vão deixado pelo outro."

"Coisa alguma, lado algum da coisa não se mostra senão ocultando ativamente as outras, denunciando-as no ato de encobri-las."

"(...) a cultura nunca nos oferece significações absolutamente transparentes, a gênese do sentido nunca está terminada. Aquilo a que chamamos com razão nossa verdade, sempre o contemplamos apenas num contexto de signos que datam o nosso saber."

"(...) Enfim, temos de considerar a palavra antes de ser pronunciada, o fundo de silêncio que não cessa de rodeá-la, sem o qual ela nada diria, ou ainda pôr a nu os fios de silêncio que nela se entremeiam."

"(...) a linguagem diz, e as vozes da pintura são as vozes do silêncio."

"O filósofo carrega a sua sombra, que não é simples ausência de fato da futura luz. Já é, diz Husserl, uma dificuldade muito 'excepcional' não só 'apreender', mas 'compreender pelo interior', a relação entre o 'mundo da Natureza' e o 'mundo do espírito'".

"Deixa de haver filosofia se olhamos primeiro as conclusões; o filósofo não procura os atalhos, percorre todo o caminho."

"Lembrando Bergson: 'Se o cientista, o artista, o filósofo aferram-se à busca da fama, é por faltar-lhes a absoluta segurança de haver criado algo viável. Deem-lhes esta segurança, e vocês os verão imediatamente fazer pouco-caso do rumor que cerca seu nome.'"  

*Maurice Merleau-Ponty in "Signos". Ed. Martins Fontes. SP. 1991

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